segunda-feira, 24 de junho de 2013

O LUGAR DA PRESIDENTA

“Observadores variados descobriram uma melodia única para avaliar o pronunciamento de Dilma Rousseff, sexta-feira, quando a presidente falou sobre os protestos e a baderna.

Por Paulo Moreira Leite, na revista “IstoÉ”

Eles cobram “novidades” – sem dizer quais – e reclamam “medidas espetaculares” – sem dizer o que teriam em mente.

Esse pessoal não entendeu nada. O pronunciamento de Dilma, um pouco demorado demais [10 min] [ver neste blog em  
http://www.democraciapolitica.blogspot.com.br/2013/06/dilma-fala-ao-pais-sobre-as.html], talvez, esteve a altura do momento em que o país se encontra depois que milhões de pessoas foram às ruas. Sua virtude é não trazer novidades nem anunciar medidas espetaculares. O país, em 2013, não precisa disso, vamos combinar. O grande espetáculo se encontra nas ruas.

Num ambiente de semi-insurreição, onde reivindicações justas e urgentes se misturam a proclamações autoritárias e atos contínuos de violência arruaceira, cabe à Presidenta da República mostrar que assume suas responsabilidades, lembrando que o país possui uma Constituição, que ela tem a obrigação de defender pelos meios de que dispõe.

São valores teoricamente velhos, tão antigos como o regime republicano, de 1889.

Na conjuntura atual, são afirmações atuais e indispensáveis. Não precisamos de lances “marketing”. Precisamos afirmar valores consistentes e fundamentais, como democracia, progresso social, Constituição.

A atitude de Dilma ajuda a recordar que os brasileiros usufruem do mais amplo regime de liberdades públicas de sua história e que essa conquista deve ser preservada. Lembra que seus poderes presidenciais emanam do povo. Foi um pronunciamento presidencial, de quem fala para o país inteiro – e não para os aliados do governo nem, exclusivamente, para os brasileiros que foram às ruas.

São referências importantes após quinze dias de baderna urbana – carros incendiados, vidros quebrados, roubos, ataques a edifícios públicos – e baderna ideológica, com perseguição e porrada em militantes de partidos políticos, faixas que pediam golpe militar e atitudes fascistas.

A presidenta não fez ameaças diretas, mas ficou implícito – felizmente – que se sente inteiramente a vontade para usar o monopólio da violência – que é um direito do Estado – quando for necessário. Num momento em que se multiplicam atos de puro banditismo, condenou a arruaça e a irracionalidade. Mostrou disposição muito maior para ouvir e negociar.

Para quem passou os dois últimos anos criticando a falta de diálogo do governo com a sociedade, Dilma anunciou que irá abrir as portas para dialogar com manifestantes, com entidades e sindicatos. Vai ouvir, considerar e ponderar. Se cumprir o que disse, seu governo assumirá um novo perfil político a partir de então.

Para quem imaginava que os protestos iriam paralisar o governo e transformar a presidente numa órfã política, Dilma avisou que está ativa. Mostrou disposição para ouvir a voz das ruas como nenhum antecessor jamais o fez. Mas sabe seu lugar e sabe muito bem para que foi eleita.

Essa é a mensagem real do pronunciamento.

O resto é crítica de cinema.”

FONTE: escrito por Paulo Moreira Leite, na revista “IstoÉ”. O autor é Diretor da ISTOÉ em Brasília. Dirigiu a revista “Época” e foi redator chefe da “Veja”, correspondente em Paris e em Washington. É autor dos livros “A Mulher que era o General da Casa” e “O Outro Lado do Mensalão”. Artigo transcrito no portal “Vermelho”   (
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=216797&id_secao=1). [Imagem obtida no Google e adicionada por este blog ‘democracia&política’].

COMPLEMENTAÇÃO

Do “Blog do Planalto”

NOTA À IMPRENSA: ESCLARECIMENTOS SOBRE INVESTIMENTOS DO GOVERNO FEDERAL PARA A COPA DO MUNDO


A matéria veiculada pelo Portal UOL na manhã de domingo (23), assinada por Rodrigo Mattos e Vinicius Konchinski, distorce informações, faz relações incorretas e induz o leitor a uma interpretação errada dos fatos. Cabe esclarecer o seguinte:

- Não há um centavo do Orçamento da União direcionado à construção ou reforma das arenas para a Copa.

-- Há uma linha de empréstimo, via BNDES, com juros e exigência de todas as garantias bancárias, como qualquer outra modalidade de crédito do banco. O teto do valor do empréstimo, para cada arena, é de R$ 400 milhões, estabelecido em 2009, valor que permanece o mesmo até hoje. O BNDES tem taxas de juros específicas para diversas modalidades de obras e projetos. O financiamento das arenas faz parte de uma dessas modalidades.

-- Não houve qualquer aporte de recursos do Orçamento da União nos últimos anos para a TERRACAP (Companhia Imobiliária de Brasília). Portanto, a matéria do UOL está errada. Não há recurso algum do Orçamento da União para a obra de nenhuma das arenas, o que inclui o Estádio Nacional Mané Garrincha.

-- Isenções fiscais não podem ser consideradas gastos, porque alavancam geração de empregos e desenvolvimento econômico e social, e são destinadas a diversos setores e projetos. Só as obras com as seis arenas concluídas até agora geraram 24.500 empregos diretos, além de milhares de outros indiretos, principalmente na área da construção civil.

-- É importante reforçar que todos os investimentos públicos do Governo Federal para a preparação da Copa 2014 são em obras estruturantes que vão melhorar em muito a vida dos moradores das cidades. São obras de mobilidade urbana, portos, aeroportos, segurança pública, energia, telecomunicações e infraestrutura turística.

-- A realização de megaeventos representa para o país uma oportunidade para acelerar investimentos em infraestrutura e serviços, melhorando as cidades e a qualidade de vida da população brasileira. Os investimentos fortalecem a imagem do Brasil, de seus produtos no exterior e incrementa o turismo no país, gerando mais empregos e negócios para o povo brasileiro.

Ministério do Esporte
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

FONTE DA COMPLEMENTAÇÃO: Blog do Planalto  (http://blog.planalto.gov.br/nota-a-imprensa-esclarecimentos-sobre-investimentos-do-governo-federal/).

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