"Um quadro das perplexidades tucanas
Luis Nassif:
Quem puder providenciar uma tecla SAP ou tradução simultânea, me ajude a entender essa análise do Merval Pereira.
Belo jornalista, com bom acesso às fontes tucanas, o artigo de Merval é retrato confuso da perplexidade que tomou conta dos defensores da candidatura Serra. Não é Merval que é confuso: confuso é o momento para o PSDB.
Afirmação 1 – considera que o fato de ter colocado o chapéu do Galo da Madrugada é o indicador definitivo de que Serra será candidato a presidente.
Depois do périplo carnavalesco pelo Nordeste, não há mais dúvidas de que o governador paulista José Serra será o candidato tucano à sucessão de Lula. Sua decisão pessoal já foi tomada; ele não colocaria aquele chapéu no Galo da Madrugada em Recife se não fosse por uma causa extrema.
Afirmação 2 – mas admite que setores do PSDB estão desanimados com a candidatura de Serra.
Embora não seja totalmente verdade, o fato é que ainda alguns setores do partido consideram que somente uma candidatura nova, como a do governador mineiro Aécio Neves, seria capaz de conter o ímpeto da candidatura oficial.
Esse retorno de uma disputa que parecia estar decidida começou a surgir depois da pesquisa CNT/Sensus, que mostrou uma redução da diferença entre Serra e Dilma.
Afirmação 3 – em todo caso, diz que esses grupos são minoritários dentro do PSDB e não levam em consideração que Serra continua à frente, com liderança folgada sobre Dilma
O interessante é que, para esse grupo minoritário dentro do PSDB, não é suficiente o governador paulista continuar à frente de todas as pesquisas eleitorais.
O que eles compram é a mesma interpretação que anima os petistas, a de que Serra estaria em trajetória decadente, ou estagnada na melhor das hipóteses, e que Dilma teria uma trajetória ascendente que a levará à vitória inexorável.
Na pesquisa de Lavareda, Serra está dez pontos percentuais à frente de Dilma (38% a 28%) com o cenário de quatro candidatos. A saída de Ciro Gomes de campo, hipótese cada vez mais provável, leva essa diferença a aumentar para doze pontos (43% Serra e 31% Dilma).
Afirmação 4 – mesmo assim, admite que – mesmo com a liderança folgada de Serra – Dilma se saiu muito bem no teste do carnaval.
O fato, porém, é que Dilma tem apoios organizados, já definidos, em todos os estados, e dificilmente essa aliança política que está sendo armada, com base no PMDB, será quebrada no início da corrida sucessória. E ela se saiu muito bem do teste do carnaval.
Afirmação 5 – depois de desqualificar os que não enxergam a diferença atual de Serra sobre Dilma, fala de boatos sobre nova pesquisa de Antonio Lavareda, na qual Dilma teria passado Serra. Aliás ontem, na saída de Poços, tomei um café com o deputado Carlos Mosconi. No meio da conversa Mosconi recebeu um torpedo com essa informação. Mas não pode confirmá-la.
Nos últimos dias surgiram boatos de que haveria uma pesquisa feita pelo instituto do cientista político Antonio Lavareda, ligado historicamente aos tucanos e ao DEM, que mostraria um cenário futuro desanimador para a candidatura Serra.
Afirmação 6 – finalmente, inclui entre aqueles que pensam como o grupo minoritário, os próprios majoritários do partido, o presidente Sérgio Guerra e o cardeal Tasso Jereissatti.
Além disso, o senador Tasso Jereissatti teme que Serra tenha chegado ao seu teto, e disse isso recentemente, em um encontro em Minas, para o presidente do partido, Sérgio Guerra, na presença do governador de Alagoas Teotonio Vilela.
Tasso acha que Dilma cresceu muito e que é perigoso fazer uma campanha que favorece o plebiscito que Lula tanto quer.
A conversa de Sérgio Guerra e Teotonio Vilela em Minas, que seria para tentar convencer o governador mineiro a ser vice na chapa de Serra, virou uma conversa sobre a possibilidade de a candidatura Aécio ser retomada.
Afirmação 7 – mas diz que, mesmo assim, Tasso fará campanha porque Serra passou no teste do Galo da Madrugada. Sou fã do Galo da Madrugada, mas não chego a tanto.
Assim também o senador Tasso Jereissatti, mesmo sendo favorável à candidatura de Aécio, deve fazer campanha para Serra, que passou no teste carnavalesco no Nordeste, na região onde Lula é mais forte eleitoralmente.
Afirmação 8 – finalmente, conclui que nada do que se disse até agora vale muita coisa, porque os próximos meses poderão trazer grandes surpresas.
Os dias que faltam até o prazo final de desincompatibilização, no início de abril, e os que levam até as convenções partidárias em final de junho, reservam grandes surpresas, numa eleição que ameaça ser das mais disputadas dos últimos tempos."
FONTE: publicado hoje (17/02) no blog do jornalista Luis Nassif.
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