“Estudo da FGV revela que os de menor poder aquisitivo tiveram ganhos de 3,15% no ano passado, e os ricos, 1,09%.
Segundo economista da FGV, o PNAD mostra que a classe C atingiu 50% da população do país; em 1992, eram somente 32,5% .
A renda dos brasileiros mais pobres avançou em ritmo quase três vezes superior ao da dos mais ricos em 2009.
Segundo estudo do economista Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas, os 40% mais pobres tiveram ganho de 3,15% em 2009, e os 10% mais ricos, de 1,09%.
Os cálculos são baseados na PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O economista destaca que a renda dos brasileiros tem crescido mais que o PIB.
Enquanto o PIB avançou 3,78% ao ano de 2003 a 2008, a renda se expandiu em 5,26% a cada período, em termos per capita (descontado o crescimento populacional).
No ano passado, quando a crise internacional freou a economia brasileira, o PIB per capita caiu 1,5%, mas a renda subiu 2,04%.
O especialista argumenta que a PNAD recém-divulgada pelo IBGE revelou um "fato histórico": a classe C atingiu 50% da população do país.
No ano passado, esse estrato econômico representava 49,2% dos brasileiros, e, em 1992, 32,5%.
Neri enquadra na classe C as famílias com renda mensal entre R$ 1.116 e R$ 4.854. Essa nova classe média abarca 94,9 milhões de pessoas, segundo a FGV.
"A classe C agora é dominante em poder de compra. É ela que vai comandar o país não só economicamente, mas também em termos políticos", diz o economista.
DESIGUALDADE CAI
Neri diz que o Brasil vive um crescimento comparável ao registrado pela China, mas que o avanço econômico brasileiro tem qualidade superior ao do país asiático.
"O boom brasileiro recente vem acompanhado de maior equidade, enquanto a China vive uma crescente desigualdade, similar à que vivemos durante o milagre econômico brasileiro", diz.
O economista Claudio Dedecca, da Unicamp, acrescenta que, nos últimos anos, houve melhora da desigualdade porque todos os estratos sociais tiveram ganhos.
Segundo ele, até 2006, a desigualdade caía porque havia melhora para a baixa renda e estabilidade ou queda na renda dos estratos sociais mais ricos. "A desigualdade se reduziu devido à convergência dos rendimentos mais elevados em direção ao dos estratos inferiores."
FONTE: Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me1409201006.htm).
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