sábado, 20 de agosto de 2011

ESCALADA PARA A III GUERRA MUNDIAL: UMA "GUERRA HUMANITÁRIA" À SÍRIA

A próxima etapa [desencadeada pelos EUA-OTAN] da "guerra do Oriente" será contra a Síria

UMA PROLONGADA GUERRA NO MÉDIO ORIENTE E ÁSIA CENTRAL TEM ESTADO NOS PLANOS DO PENTÁGONO DESDE MEADOS DA DÉCADA DE 1980.

Como parte desse cenário de guerra prolongada, a aliança EUA-OTAN (NATO) [há muito tempo] planeja travar campanha militar contra a Síria sob um "mandato humanitário" patrocinado pela ONU.

Por Michel Chossudovsky, no site “Resistir”, de Portugal

"Quando retornei ao Pentágono em Novembro de 2001, um dos oficiais militares superiores teve tempo para uma conversa. ‘Sim, ainda estamos em vias de ir contra o Iraque’, disse ele. Mas havia mais. ‘Isso estava a ser discutido como parte de um plano de campanha de cinco anos’, disse ele, e havia um total de sete países, a principiar pelo Iraque e então a Síria, Líbano, Líbia, Irão, Somália e Sudão" (por General Wesley Clark) .

A “escalada” [da crise] é parte integral da agenda militar. A desestabilização de estados soberanos através da "mudança de regime" está estreitamente coordenada com o planejamento militar.

Há um roteiro militar [preconcebido] caracterizado por uma sequência de teatros de guerra EUA-OTAN.

Os preparativos de guerra para atacar a Síria e o Irã têm estado num "estado avançado de prontidão" durante vários anos. O "Syria Accountability and Lebanese Sovereignty Restoration Act", de 2003, classifica a Síria como "estado vilão", como país que "apoia o terrorismo".

Uma guerra à Síria é encarada pelo Pentágono como parte da guerra mais vasta dirigida contra o Irã. O presidente George W. Bush confirmou, nas suas ‘Memórias’ que havia "ordenado ao Pentágono planejar um ataque a instalações nucleares do Irã e [havia] considerado um ataque encoberto à Síria" (George Bush's memoirs reveal how he considered attacks on Iran and Syria , ‘The Guardian’, November 8, 2010)

Essa agenda militar mais vasta está intimamente relacionada com reservas estratégicas de petróleo e rotas de ‘pipelines’. Ela é apoiada pelos gigantes petrolíferos anglo-americanos.

O bombardeio do Líbano em julho de 2006 fez parte de "roteiro militar" cuidadosamente planejado. A extensão da "Guerra de Julho" ao Líbano também à Síria foi contemplada pelos planos militares estadunidenses e israelenses. Ela foi abandonada após a derrota das forças terrestres israelenses pelo Hezbollah.

A guerra de julho de 2006 de Israel contra o Líbano também pretendia estabelecer controle israelense sobre a linha costeira a Nordeste do Mediterrâneo, incluindo reservas offshore de petróleo e gás em águas territoriais libanesas e palestinas.

Os planos para invadir tanto o Líbano como a Síria têm permanecido nas mesas de planejamento do Pentágono apesar da derrota de Israel na guerra de julho de 2006. "Em novembro de 2008, cerca de um mês antes de Tel Aviv ter começado o seu massacre na Faixa de Gaza, os militares israelenses efetuaram exercícios para uma guerra em duas frentes, contra o Líbano e a Síria, chamada “Shiluv Zro'ot III” (Crossing Arms III). O exercício militar incluiu maciça invasão simulada, tanto da Síria como do Líbano" (Ver Mahdi Darius Nazemoraya, “Israel's Next War: Today the Gaza Strip, Tomorrow Lebanon?” , Global Research, January 17, 2009)

A estrada para Teerã passa por Damasco. Uma guerra promovida pelos EUA-OTAN contra o Irã envolveria, como primeiro passo, uma campanha de desestabilização ("mudança de regime") incluindo operações de inteligência encoberta em apoio de forças rebeldes dirigida contra o governo sírio.

Uma "guerra humanitária" sob o lema de "Responsabilidade para proteger" ("Responsibility to Protect", R2P) dirigida contra a Síria também contribuiria para a desestabilização em curso do Líbano.

Se se desenvolvesse uma campanha militar contra a Síria, Israel seria direta ou indiretamente envolvido nas operações militares e de inteligência.

Uma guerra à Síria levaria à escalada militar.

Há, atualmente, quatro diferentes teatros de guerra: Afeganistão-Paquistão, Iraque, Palestina e Líbia.

Um ataque à Síria levaria à integração desses teatros de guerra separados, conduzindo, eventualmente, a uma guerra mais vasta no Oriente Médio e na Ásia Central, abarcando toda a região desde o Norte de África e o Mediterrâneo até o Afeganistão e o Paquistão.

O movimento de protesto agora em curso destina-se a servir de pretexto e justificação para uma intervenção militar contra a Síria.

A existência de uma insurreição armada é negada. Os “media” ocidentais em coro descreveram os acontecimentos recentes na Síria como um "movimento de protesto pacífico" dirigido contra o governo de Bashar Al Assad, quando a evidência confirma a existência de insurgência armada integrada por grupos paramilitares islâmicos.

Desde o início do movimento de protesto em Daraa, em meados de março, tem havido troca de tiros entre a polícia e as forças armadas por um lado e pistoleiros armados por outro. Atos incendiários contra edifícios governamentais também foram cometidos. No fim de julho, em Hama, foi ateado fogo a edifícios públicos como o Tribunal e o Banco Agrícola. Notícias de fontes israelenses, se bem que descartando a existência de um conflito armado, reconhecem no entanto que "manifestantes [estavam] armados com metralhadoras pesadas" ( DEBKAfile , August 1, 2001. Relatório sobre Hama, ênfase acrescentada).

"TODAS AS OPÇÕES SOBRE A MESA"

Em junho, o senador estadunidense Lindsey Graham (que atuou no Comitê de Serviços Armados do Senado) sugeriu a possibilidade de intervenção militar "humanitária" contra a Síria tendo em vista "salvar as vidas de civis". Graham sugeriu que a "opção" aplicada à Líbia sob a resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU deveria ser considerada no caso da Síria.

"Se fez sentido proteger o povo líbio contra Kadafi, e fez porque estava em vias de ser massacrado não houvéssemos enviado a OTAN quando ele estava nos arredores de Bengazi, a questão para o mundo [é], chegamos a esse ponto na Síria, ...

Podemos ainda não estar aí, mas estamos a ficar muito próximos, de modo que se você realmente se importa acerca da proteção do povo sírio em relação à carnificina, agora é o momento de deixar Assad saber que todas as opções estão sobre a mesa
" (CBS "Face The Nation", June 12, 2011)

A seguir à adoção da Declaração do Conselho de Segurança da ONU referente à Síria (03/Agosto/2011), a Casa Branca apelou, em termos nada incertos, à "mudança de regime" na Síria e à derrubada do presidente Bashar Al Assad:

"Não queremos vê-lo permanecer na Síria a bem da estabilidade e, ao invés, nós o vemos como a causa da instabilidade na Síria", disse o porta-voz da Casa Branca Jay Carney aos repórteres na quarta-feira.

"E pensamos, francamente, ser seguro dizer que a Síria seria um lugar melhor sem o presidente Assad", (citado em “Syria: US Call Closer to Calling for Regime Change”, IPS, August 4, 2011)

Sanções econômicas amplas muitas vezes constituem sinal precursor da intervenção militar total. Uma lei patrocinada pelo senador Lieberman foi apresentada no Senado tendo em vista autorizar sanções econômicas gerais contra a Síria. Além disso, numa carta ao presidente Obama no princípio de agosto, um grupo de mais de sessenta senadores dos EUA apelava à "implementação de sanções adicionais... tornando claro para o regime sírio que ele pagará um custo cada vez maior pela sua repressão ultrajante".

Estas sanções exigiriam bloquear transações bancárias e financeiras bem como "acabar com compras de petróleo sírio e cortar investimentos no setor do petróleo e do gás da Síria". (Ver “Pressure on Obama to get tougher on Syria coming from all sides” , Foreign Policy, August 3, 2011).

Enquanto isso, o Departamento de Estado dos EUA também se encontra com membros da oposição síria no exílio. Também foi canalizado apoio encoberto aos grupos armados rebeldes.

ENCRUZILHADAS PERIGOSAS: GUERRA À SÍRIA. CABEÇA DE PONTE PARA UM ATAQUE AO IRÃ

A seguir à declaração de 3 de Agosto do presidente do Conselho de Segurança da ONU dirigida contra a Síria, o enviado de Moscou junto à OTAN, Dmitry Rogozin, advertiu dos perigos de escalada militar:

"A OTAN está a planejar uma campanha militar contra a Síria para ajudar a derrubada do regime do presidente Bashar al-Assad com o objetivo de longo alcance de preparar uma cabeça de ponte para um ataque ao Irã..."

"[Essa declaração] significa que o planejamento [da campanha militar] está a caminho. Ela poderia ser uma conclusão lógica daquelas operações militares e de propaganda, as quais têm sido executadas por certos países ocidentais contra a África do Norte", disse Rogozin numa entrevista ao jornal “Izvestia” ... O diplomata russo destacou o fato de que a aliança tem como objetivo interferir apenas com os regime "cujas visões não coincidem com aquelas do Ocidente".

Rogozin concordou com a opinião expressa por alguns peritos de que a Síria e depois o Iémen poderiam ser os últimos passos da OTAN no caminho para o lançamento de um ataque ao Irã.

"O nó corrediço em torno do Irã está a endurecer. O planejamento militar contra o Irã está em andamento. E nós, certamente, estamos preocupados acerca de uma escalada numa guerra em grande escala nesta enorme região", disse Rogozin.

Tendo aprendido a lição líbia, a Rússia "continuará a opor-se a uma resolução violenta da situação na Síria", disse ele, acrescentando que as consequências de um conflito de grande escala na África do Norte seriam devastadoras para todo o mundo. “Beachhead for an Attack on Iran: NATO is planning a Military Campaign against Syria”, Novosti, August 5, 2011)

PLANOS MILITARES PARA UM ATAQUE À SÍRIA

A advertência de Dimitry Rogozin foi baseada sobre informação concreta conhecida e documentada em círculos militares, de que a OTAN está, atualmente, a planejar uma campanha militar contra a Síria. Em relação a isso, um cenário de ataque à Síria atualmente está em estudo, envolvendo peritos militares franceses, britânicos e israelenses. De acordo com antigo comandante da Força Aérea Francesa (chef d'Etat-Major de l'Armée de l'air) General Jean Rannou, "um ataque da OTAN para incapacitar o exército sírio é tecnicamente factível".

"Países membros da OTAN começariam com a utilização de tecnologia de satélite para identificar defesas aéreas sírias. Poucos dias depois, aviões de guerra, em número maior do que na Líbia, decolariam da base do Reino Unido em Chipre e gastariam umas 48 horas destruindo mísseis terra-ar (SAMs) e jatos sírios. A aviação da Aliança começaria, então, um bombardeio ilimitado de tanques sírios e tropas terrestres".

O cenário é baseado em analistas militares franceses, na publicação especializada britânica “Jane's Defence Weekly” e na estação de TV Canal 10, de Israel.

Considera-se que a Força Aérea Síria represente uma ameaça pequena. Ela tem cerca de 60 MIG-20 de fabricação russa. Mas o resto –uns 160 MIG-21s, 80 MIG-23s, 60 MIG-23BNs, 50 Su-22 e 20 Su-24MKs– está ultrapassado.

"Não vejo quaisquer problemas puramente militares. A Síria não tem defesa contra sistemas ocidentais ... [Mas] seria mais arriscado do que a Líbia. Seria uma operação militar pesada", disse Jean Rannou, ex-chefe da Força Aérea Francesa, ao “EU Observer”. Acrescentou que a ação é altamente improvável porque a Rússia vetaria um mandato da ONU, os ativos da NATO estão tensionados no Afeganistão e na Líbia e os países da NATO estão em crise financeira. (Andrew Rettman, “Blueprint For NATO Attack On Syria Revealed”, Global Research, August 11, 2011)

UM ROTEIRO MILITAR MAIS VASTO

Se bem que a Líbia, a Síria e o Irã façam parte do roteiro militar, essa deslocação estratégica, se executada, ameaçaria também a China e a Rússia. Ambos os países têm investimento, comércio e acordos de cooperação militar com a Síria e o Irã. O Irã tem o estatuto de observador na “Organização de Cooperação de Shangai” (Shanghai Cooperation Organization, SCO).

A escalada é parte da agenda militar. Desde 2005, os EUA e seus aliados, incluindo os parceiros da América na OTAN e Israel, foram envolvidos na instalação extensa e na acumulação de sistema de armas avançadas. Os sistemas de defesa aérea dos EUA, países membros da OTAN e Israel estão plenamente integrados.

O PAPEL DE ISRAEL E DA TURQUIA

Tanto Ancara como Tel Aviv estão envolvidos no apoio à insurgência armada. Esses esforços são coordenados entre os dois governos e suas agências de inteligência.

O “Mossad” de Israel, segundo relatos, tem proporcionado apoio encoberto a grupos terroristas radicais Salafi, os quais se tornaram ativos no Sul da Síria no início do movimento de protesto em Daraa em meados de Março. Relatos sugerem que o financiamento para a insurgência Salafi está a vir da Arábia Saudita. (Ver “Syrian army closes in on Damascus suburbs”, The Irish Times, May 10, 2011)

O governo turco do primeiro-ministro Recep Tayyib Erdogan está a apoiar grupos de oposição sírios no exílio e ao mesmo tempo também a apoiar os rebeldes armados da “Fraternidade Muçulmana” no Norte da Síria.

Tanto a “Fraternidade Muçulmana” síria (cuja liderança está exilada no Reino Unido) como o proibido “Hizb ut-Tahrir” (o Partido da Libertação) estão por trás da insurreição. Ambas as organizações são apoiadas pelo MI6 britânico. O objetivo confessado tanto da “Fraternidade” como do “Hisb-ut Tahir” é essencialmente desestabilizar o Estado secular da Síria. (Ver Michel Chossudovsky, “SYRIA: Who is Behind the Protest Movement? Fabricating a Pretext for a US-NATO ‘Humanitarian Intervention’”, Global Research, May 3, 2011).

Em Junho, tropas turcas transpuseram a fronteira e entraram no Norte da Síria, oficialmente para resgatarem refugiados sírios. O governo de Bashar Al Assad acusou a Turquia de apoiar diretamente a incursão de forças rebeldes no Norte da Síria.

"Uma força rebelde de mais de 500 combatentes atacou uma posição do Exército sírio dia 4 de Junho no Norte da Síria. Eles disseram que o objetivo, uma guarnição da Inteligência militar, foi capturada num assalto de 36 horas no qual foram mortos 72 soldados em Jisr Al Shoughour, próximo à fronteira com a Turquia".

"Descobrimos que os criminosos [combatentes rebeldes] estavam a utilizar armas da Turquia e isto é muito preocupante", disse um oficial.

Isso assinalou a primeira vez que o regime Assad acusou a Turquia de ajudar a revolta. ... Oficiais disseram que os rebeldes pressionaram o Exército sírio desde Jisr Al Shoughour e então tomaram a cidade. Disseram que edifícios governamentais foram saqueados e queimados antes da chegada de outra força de Assad. ...

Um oficial sírio que conduziu a operação disse que os rebeldes em Jisr Al Shoughour consistiam de combatentes alinhados com a Al Qaida. Afirmou que os rebeldes empregaram um conjunto de armas e munições turcas mas não acusou o governo de Ancara de fornecer o equipamento". (“Syria's Assad accuses Turkey of arming rebels” , TR Defence, Jun 25 2011)

O ACORDO DE COOPERAÇÃO MILITAR TURQUIA-ISRAEL

A Turquia e Israel têm um acordo de cooperação militar o qual está ligado de um modo muito direto com a Síria bem como com a estratégica linha costeira sírio-libanesa do Mediterrâneo oriental (que inclui as reservas de gás no offshore da costa do Líbano e rotas de ‘pipelines’).

Já durante a administração Clinton, iniciou-se uma aliança militar triangular entre os EUA, Israel e Turquia. Essa "tripla aliança", a qual é dominada pela “US Joint Chiefs of Staff”, integra e coordena decisões de comando militar entre os três países relativas ao conjunto do Médio Oriente. É baseada nos estreitos laços militares respectivamente de Israel e Turquia com os EUA, a par de forte relacionamento bilateral entre Tel Aviv e Ancara.

A tripla aliança também é complementada pelo acordo de cooperação militar NATO-Israel de 2005, o qual inclui "muitas áreas de interesse comum, tal como o combate contra o terrorismo e exercícios militares conjuntos. Estes laços de cooperação militar com a NATO são encarados pelos militares israelenses como meios para "potenciar a capacidade de dissuasão de Israel em relação a potenciais ameaças inimigas, principalmente do Irão e da Síria". (Ver Michel Chossudovsky, "Triple Alliance: The US, Turkey, Israel and the War on Lebanon”, August 6, 2006)

Enquanto isso, o recente remanejamento de altas patentes da Turquia reforçou a facção pró-islâmica no interior das forças armadas. No fim de Julho, o Comandante em Chefe do Exército e chefe da “Joint Chiefs of Staff” da Turquia, general Isik Kosaner, resignou juntamente com os comandantes da Marinha e Força Aérea.

O general Kosaner representava posição amplamente laica dentro das Forças Armadas. Para substituí-lo, o general Necdet Ozel foi nomeado como comandante do Exército.

Esses desenvolvimentos são de importância crucial. Eles tendem a apoiar interesses dos EUA. Eles também apontam para mudança potencial dentro das forças armadas em favor da “Fraternidade Muçulmana”, incluindo a insurreição armada no Norte da Síria.

"Novas nomeações fortaleceram Erdogam e o partido dominante na Turquia... O poder militar é capaz de executar projetos mais ambiciosos na região. Prevê-se que, em caso de utilização do cenário líbio na Síria, seja possível que a Turquia peça intervenção militar". (“New appointments have strengthened Erdogan and the ruling party in Turkey: Public Radio of Armenia”, August 06, 2011, ênfase acrescentada)

A EXTENSA ALIANÇA MILITAR DA OTAN

O Egito, os estados do Golfo e a Arábia Saudita (dentro da aliança militar estendida) são parceiros da OTAN, cujas forças podiam ser deslocadas numa campanha dirigida contra a Síria.

Israel é um membro da OTAN de fato após o acordo assinado em 2005.

O processo de planejamento militar dentro da aliança extensa da OTAN envolve coordenação entre o Pentágono, a OTAN, as Forças Armadas de Israel (IDF), bem como o envolvimento militar ativo de estados árabes, incluindo Arábia Saudita, os estados do Golfo e o Egito: ao todo, dez países árabes mais Israel são membros do “The Mediterranean Dialogue” e da “Istanbul Cooperation Initiative”.

Estamos em encruzilhadas perigosas. As implicações geopolíticas são de extremo alcance.

A Síria tem fronteiras com a Jordânia, Israel, Líbano, Turquia e Iraque. Ela estende-se através do vale do Eufrates, está nos cruzamentos dos principais cursos de água e rotas de ‘pipelines’.

A Síria é uma aliada do Irã. A Rússia tem uma base naval no Noroeste da Síria.

O estabelecimento de uma base em Tartus e o avanço rápido da cooperação em tecnologia militar com Damasco torna a Síria cabeça de ponte instrumental da Rússia e um baluarte no Médio Oriente.

Damasco é um aliado importante do Irã e inimigo irreconciliável de Israel [que invadiu e se apropriou de parte do seu território, as Colinas de Golã]. Não é preciso dizer que o surgimento da base militar russa na região certamente introduzirá correções na correlação de forças existente.

A Rússia está a tomar o regime sírio sob sua proteção. Isso quase certamente azedará as relações de Moscou com Israel. Pode mesmo encorajar o vizinho regime iraniano e torná-lo menos manejável nas conversações do programa nuclear. (Ivan Safronov, “Russia to defend its principal Middle East ally: Moscow takes Syria under its protection” , Global Research July 28, 2006)

CENÁRIO III GUERRA MUNDIAL

Durante os últimos cinco anos, a região Médio Oriente-Ásia Central tem estado em pé de guerra. A Síria tem capacidade de defesa aérea significativa, assim como de forças terrestres.

A Síria tem estado a reforçar seu sistema de defesa aérea com a entrega de mísseis russos "Pantsir S1". Em 2010, a Rússia entregou à Síria o sistema míssil "Yakhont". Os Yakhont, a operarem na base naval Tartus, da Rússia, "são concebidos para combaterem navios do inimigo à distância de até 300 km". (“Bastion missile systems to protect Russian naval base in Syria”, Ria Novosti, September 21, 2010).

A estrutura das alianças militares dos lados EUA-OTAN e Síria-Irã-SCO, respectivamente, sem mencionar o envolvimento militar de Israel, o complexo relacionamento entre a Síria e o Líbano, as pressões exercidas pela Turquia na fronteira Norte da Síria, apontam iniludivelmente para perigoso processo de escalada.

Qualquer forma de intervenção militar patrocinada pelos EUA-OTAN contra a Síria desestabilizaria toda a região, conduzindo potencialmente à escalada numa vasta área geográfica, estendendo-se desde o Mediterrâneo Oriental até a fronteira Afeganistão-Paquistão com o Tajiquistão e a China.

No futuro próximo, com a guerra na Líbia, a aliança militar EUA-OTAN está excessivamente tensa em termos de capacidades. Apesar de não prevermos a implementação de uma operação militar EUA-OTAN no curto prazo, o processo de desestabilização política através do apoio encoberto a uma insurgência rebelde provavelmente continuará.”

FONTE: escrito por Michel Chossudovsky, no site “Resistir”, de Portugal. Transcrito no portal “Vermelho”  (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=161669&id_secao=9) .
Dados sobre o autor extraídos do Wikipedia: Michel Chossudovsky, born 1946 graduated at the University of Manchester, England, obtaining a Ph D at The University of North Carolina, U. S. A., he is professor of economics (emeritus) at the University of Ottawa.
Chossudovsky, the son of a distinguished academic, Russian born Evgeny Chossudovsky, (1914–2006), and a Northern Irishwoman, Rachel. He is Director of the Centre for Research on Globalization (CRG). He has taught as visiting professor at academic institutions in Western Europe, Latin America and Southeast Asia, has acted as economic adviser to governments of developing countries and has worked as a consultant for international organizations including the United Nations Development Programme (UNDP), the African Development Bank, the United Nations African Institute for Economic Development and Planning (AIEDEP), the United Nations Population Fund (UNFPA), the International Labour Organization (ILO), the World Health Organisation (WHO), the United Nations Economic Commission for Latin America and the Caribbean (ECLAC). In 1999, Chossudovsky joined the Transnational Foundation for Peace and Future Research as an adviser. Chossudovsky is past president of the Canadian Association of Latin American and Caribbean Studies. He is a member of research organisations that include the Committee on Monetary and Economic Reform (COMER), the Geopolitical Drug Watch (OGD) (Paris) and the International People's Health Council (IPHC). He is editor for the Centre for Research on Globalization, which operates a website at globalresearch.ca. The Centre for Research on Globalization is "committed to curbing the tide of globalisation and disarming the New world order".
[imagem do Google, título, dados do autor do artigo e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

2 comentários:

Probus disse...

19/08/2011: Rússia: Regime sírio deve ter tempo para realizar reformas

A Rússia defendeu hoje que deve ser dado tempo ao Presidente sírio para fazer reformas no país, discordando dos apelos dos Estados Unidos e da União Europeia para que Bashar al-Assad abandone o poder.
«Não apoiamos semelhantes apelos e consideramos que, precisamente agora, é preciso dar tempo ao regime do Presidente Assad para realizar todas as reformas que foram anunciadas», disse uma fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, citado pela agência Interfax.

Na quinta-feira, o Presidente norte-americano, Barack Obama, declarou que Assad deve abandonar o cargo de Presidente da Síria, prometendo aumentar as sanções caso continue a violência contra os civis. Essa posição recebeu o apoio da União Europeia.

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=527054

12/08/2011: Pepe Escobar - “Síria: Assad não cairá”

http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/08/pepe-escobar-siria-assad-nao-caira.html

Unknown disse...

Probus,
Ainda bem qua a Rússia, desta vez, diferentemente da posição fraca que assumiu na ONU no caso da Líbia e do Irã (assim como o Brasil), está freando a escalada contra a Síria desencadeada pelos EUA e União Europeia.
Maria Tereza