segunda-feira, 22 de agosto de 2011

DEFESA SALVA DE CORTES PLANO DE AVIÃO CARGUEIRO DA EMBRAER


Novo jato de transporte pesado desenvolvido por FAB e Embraer, o KC-390 é um dos dez programas do ministério preservados de restrições no orçamento.

Roberto Godoy, no "O Estado de São Paulo"

O programa KC-390, para desenvolvimento de um jato cargueiro, transporte de tropas, tanque de reabastecimento em voo e remoção médica, está preservado dos cortes de recursos orçamentários reafirmados na semana passada pelo governo. O projeto é uma das dez prioridades na área de Defesa aprovadas há dois meses pela presidente Dilma Rousseff.

O Palácio do Planalto recebe relatórios mensais sobre o andamento de cada empreendimento listado pelos comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. O principal investidor no KC-390 é a aviação militar.

INVESTIMENTO

Há dois anos, foi definida a dotação de R$ 3,028 bilhões, visando à engenharia e à produção de duas unidades preliminares. A fabricação em série envolve 28 aeronaves para a FAB. Tomando como referência o preço médio de modelos da mesma classe, esse pacote de fabricação regular sairá por R$ 3 bilhões. Até o momento, a aplicação feita bate em R$ 300 milhões.

A turbulência dos mercados financeiros também não atingiu o KC-390. Segundo o fabricante, a Embraer Defesa e Segurança, cinco países mantêm a intenção de comprar a aeronave e, eventualmente, participar do processo industrial: Argentina, Chile, Portugal, Colômbia e República Checa. A França anunciou, em 2009, disposição de adquirir entre 10 e 15 unidades.

De acordo com Luiz Carlos Aguiar, presidente da Embraer Defesa, "a carteira de negócios acumula 60 declarações formais, sendo o maior lote o da Força Aérea Brasileira". No total, não estão contabilizadas as eventuais encomendas francesas, de resto, ainda indefinidas.

O grande birreator vai sair da fábrica de Gavião Peixoto, a 300 quilômetros de São Paulo, na região de Araraquara. A terraplenagem da área onde será construído o novo hangar está em andamento. Cerca de 500 pessoas trabalham no programa. Até 2016, serão 1.800. A entrega do primeiro avião está prevista para 2015. A Embraer já completou a seleção de todos os principais fornecedores, como dos motores e de sistemas eletrônicos de bordo.

O KC-390 vai disputar rico mercado. De acordo com Aguiar, há oportunidades para 700 aviões de transporte médio -na faixa de 25 toneladas e cerca de 2.700 quilômetros de alcance- a serem contratados até 2023.

Em 2007, a carga útil [prevista para o KC-390] era estimada em 19,5 toneladas. Em 2011, passou para 23,6 toneladas. O teste de volume, utilizando maquete industrial do compartimento interno, permitiu acesso de dois tipos de blindados, a carreta padrão do sistema Astros, lançador de foguetes da Avibrás, de 15 toneladas, e um veículo de comando sobre rodas, de 14 toneladas. O arranjo eletrônico adota tecnologia “Computed Air Release Point” (CARP), que permite o lançamento de cargas com precisão. Os pilotos contarão com visores digitais e sistema de visão noturna a partir de recursos óticos integrados aos capacetes. O KC-390 terá recursos específicos de autodefesa, como despistadores de mísseis e dispositivo de interferência eletrônica. O jato vai voar a 850 km/hora, com o ganho de seus motores de última geração, 15% mais eficientes. Em missão de reabastecimento no ar -de caças, helicópteros e de outros KC-390- o jato leva a bordo 37,4 toneladas de combustível.

ARGUMENTO

Na exposição que encaminhou para a presidente Dilma Rousseff em junho, detalhando os projetos prioritários da Defesa, o ex-ministro Nelson Jobim destacou o KC-390 como "fundamental dentro da reconfiguração das Forças de forma expedicionária, com capacidade de reação, mobilização e deslocamento rápidos". Na prática, significa que, depois de acionados, esquadrões de transportes da FAB e tropas do Exército terão de estar atuando, em qualquer ponto do território nacional, no prazo de oito horas. O novo jato pode usar pistas sem pavimentação, com buracos de até 40 centímetros de profundidade.

Tem capacidade, ainda, para levar soldados equipados -84 deles com material leve; ou 64 paraquedistas- da mesma forma como feridos removidos de áreas devastadas por catástrofes.”

FONTE: reportagem de Roberto Godoy, do “O Estado de São Paulo”. Transcrita no portal da FAB (http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?datan=21/08/2011&page=mostra_notimpol) [imagem do google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

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