segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O SILÊNCIO DOS INDECENTES


“Ao constatar o silêncio sepulcral que se derramou sobre a grande mídia neste fim de semana, logo após a denúncia que a revista ‘Veja’ fez contra o ex-ministro José Dirceu e a que este fez contra a revista, fiquei imaginando quantos jornalistas sérios existem nesses grandes veículos que podem estar tendo a decência de se indignar com seus patrões por estarem impedindo que façam seu trabalho.

Para quem chegou agora ao noticiário político e não sabe sobre o que se refere esse caso, ou para você que, aí no futuro, está lendo o que escrevi no passado, explico que o ex-ministro José Dirceu, no fim de agosto de 2011, denunciou em seu blog que a revista ‘Veja’ mandou um repórter tentar invadir seu apartamento em um hotel de Brasília pouco antes de publicar matéria com a “revelação” de que ele se reunia, ali, com correligionários políticos.

Na matéria, a revista ‘Veja’ fez suposições sobre as razões que levaram aqueles políticos a se reunirem no hotel Naoum, em Brasília, baseando-se na premissa inverídica de que, por Dirceu estar sendo processado pelo Supremo Tribunal Federal pelo “escândalo do mensalão” e por ter tido cassado seu direito de disputar eleições, estaria impedido, de alguma forma, de fazer articulações políticas. As suposições, surpreendentemente, são tratadas como fatos pela matéria da ‘Veja’.

Uma das suposições da matéria é a de que, por ter se reunido com seus correligionários petistas em data próxima à queda do ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci, Dirceu teria tramado com eles a retirada de apoio do PT a ele, o que teria determinado a sua demissão pela presidente Dilma Rousseff. Não houve escuta ou indício maior para a ‘Veja’ fazer tal afirmação. A revista apenas supôs e publicou como se fosse fato.

Apesar de não haver matéria alguma nesse fato sobre os encontros de Dirceu em Brasília, isso não significa que esse caso, por inteiro, não contenha uma das mais saborosas e instigantes matérias jornalísticas sobre política dos últimos tempos.

Acontece que, apesar de a matéria da ‘Veja’ fazer parte de jogo político da imprensa aliada ao PSDB e, portanto, não precisar de fatos reais, pois tenta apenas impor à sociedade a percepção de que o governo Dilma e o PT estariam infestados de gangsters e, nesse processo, procura, na falta de qualidade das acusações, produzir quantidade, faltava um mínimo de verossimilhança à “denúncia” contra Dirceu.

Na tentativa de tornar a matéria menos pífia, a ‘Veja’ se valeu de método literalmente criminoso. Como é óbvio que o hotel que fez um ‘Boletim de Ocorrência’ contra a tentativa do repórter da revista de invadir o quarto de Dirceu não cederia imagens de seu circuito interno de TV àquele mesmo repórter, ele instalou câmeras nos corredores do estabelecimento para conseguir as imagens que a ‘Veja’ publicou.

O viés criminoso da revista, nesse caso, é uma bomba jornalística que reproduz, no Brasil, o escândalo de alcance planetário que se abateu sobre a imprensa britânica. É uma das maiores matérias jornalísticas que surgiram neste ano, no mínimo.

É verdadeira a acusação de José Dirceu? Que tal seria se a imprensa ouvisse as testemunhas? Por exemplo, a imprensa poderia entrevistar a camareira à qual o repórter da ‘Veja’ Gustavo Ribeiro teria pedido que abrisse o apartamento de Dirceu alegando que aquele era o seu apartamento (do repórter) e que teria esquecido a chave em algum lugar.

O pessoal da recepção poderia ser entrevistado para comprovar ou não que Ribeiro se hospedou no hotel e pediu para ser alojado no apartamento contiguo ao de Dirceu e que o repórter da ‘Veja’, ao ser denunciado pela camareira, fugiu do estabelecimento sem pagar a conta. Afinal, se Ribeiro se hospedou no hotel teve que fazer o ‘check-in’ e o ‘check-out’. Se pagou a conta, deve ter o recibo do pagamento. Se não tem, fugiu.

Por que um repórter fugiria de um hotel no qual se hospedou?

Seria uma bomba jornalística se essa matéria fosse parar no Jornal Nacional, por exemplo. E mesmo nos telejornais da Record, da Band ou do SBT, seria uma bomba. Menor, mas uma bomba. No entanto, até a manhã de domingo, dias após os fatos, somente saíram uma notinha escondida na Folha de São Paulo e outra em O Globo e uma matéria no telejornal da TV Cultura, em termos de grande mídia.

O silêncio desses indecentes pseudojornalistas que controlam as redações dos grandes meios de comunicação é a prova final, para quem dela tomar conhecimento, de que o que essa gente quer não é liberdade de imprensa, mas liberdade para decidir o que você, leitor, deve ou não saber, pois há coisas que não querem que você saiba e outras que querem que você pense. Mesmo não sendo verdade.

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CONHEÇA O IMPÉRIO DE COMUNICAÇÃO DA FAMÍLIA CIVITA

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Editora Abril S.A.
Tipo: Privada
Fundação: 1950
Sede: São Paulo, Brasil
Pessoa(s) chave: Roberto Civita – Presidente e Giancarlo Civita – Presidente executivo [ambos judeus]
Lucro: R$ 1,644 bilhão (2007)

A Editora Abril é editora brasileira, sediada na cidade de São Paulo, parte integrante do Grupo Abril. Fundado em 1950 por Victor Civita como Editora Abril, o Grupo Abril é, hoje, um dos maiores e mais influentes grupos de comunicação da América Latina. Ao longo de sua história, expandiu e diversificou suas operações, e hoje fornece conteúdo em multiplataformas.

Nos anos 40, os irmão Victor Civita e Cesar Civita fundaram a Editora Abril inicialmente na Argentina e lá conseguiram licença dos personagens Disney. Em 1945, em visita a Argentina, o jornalista Adolfo Aizen toma conhecimento da Editora Abril e resolve criar uma parceria para publicação de um título Disney no Brasil, “Seleções Coloridas”, que foi publicada em 1946 pela EBAL de Adolfo Aizen.

Em Maio de 1950, Victor Civita resolve fundar uma editora no Brasil. Surge a Editora Primavera e sua primeira publicação foi a revista ‘Raio Vermelho’. Em Julho de 1950, Civita passa a usar o mesmo nome da Editora argentina “Editora Abril”.

A Editora Abril começou com a publicação ‘O Pato Donald’ num escritório no centro de São Paulo, com seis funcionários. O nome da empresa é referência ao mês que dá início à primavera na Europa.

O crescimento experimentado pela empresa na década de 50 se intensifica nos anos 60, fruto combinado da publicação de obras de referência em fascículos, e do aumento de sua linha infanto-juvenil, incluindo o lançamento de ‘Zé Carioca’ em 1961, e de ‘Recreio’ em 1969, que circularia por 12 anos. Em 1968, passa a publicar ‘Veja’, revista jornalística de variedades que viria a ser a revista com mais circulação no Brasil.

Expandindo os segmentos, a Abril passa a publicar revistas sobre turismo e da indústria automobilística (Quatro Rodas, Guia Quatro Rodas e Viagem & Turismo), Futebol (Placar), masculinas (Playboy, Vip e Men’s Health). Cria também inúmeras publicações voltadas ao público feminino: Capricho (que começou com fotonovelas e em 1981 foi reformulada para temas relacionados às adolescentes), Manequim (a primeira revista de moda da Abril), Claudia (que quando surge em 1961 focalizava a dona-de-casa), além de Estilo (versão brasileira da americana InStyle), Nova (versão brasileira da americana Cosmopolitan) e Elle (versão brasileira da revista francesa homônima).

Em 1999 o grupo Abril adquire parte das Editoras Ática e Scipione e, em 2004, a totalidade das ações, ganhando importância no mercado brasileiro de livros escolares.

Em maio de 2006, Civita anunciou a sociedade com o ‘Naspers’, grupo de mídia sul-africano que esteve estreitamente vinculado ao Partido Nacional, a organização partidária de extrema-direita que legalizou o criminoso regime do apartheid no pós-Segunda Guerra Mundial. O grupo Naspers passou a deter 30% do capital do Grupo, incluindo a compra dos 13,8% que pertenciam aos fundos de investimento administrados pela Capital International, desde julho de 2004.

Segundo dados da própria empresa, hoje a Abril publica mais de 350 títulos, que chegam a 23 milhões de leitores. A Gráfica utiliza processos digitais e imprime cerca 350 milhões de revistas por ano. As editoras Ática e Scipione produziram mais de 4.300 títulos e venderam 37 milhões de livros em 2005.”

FONTE: publicado no blog “Cidadania.com, de Eduardo Guimarães  (http://www.blogcidadania.com.br/2011/08/o-silencio-dos-indecentes/)

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