quinta-feira, 25 de agosto de 2011

ESTUDANTES E OPERÁRIOS JUNTOS NO CHILE: 1ª GREVE GERAL DESDE A DITADURA PINOCHET


“Barricadas nas ruas, pneus em chamas e protestos em vários pontos do país marcam a greve geral de 48 horas, a primeira mobilização desse porte desde a ditadura Pinochet, convocada conjuntamente pela CUT chilena e por estudantes.

Embora o presidente Sebástian Piñera assegure que nada parou, fontes de seu próprio governo estimam em US$ 400 milhões os prejuízos com a greve. Mineiros do cobre, o maior contingente operário do mundo nesse segmento, apóiam a greve. Aeroviários do aeroporto internacional de Santiago também se mobilizam em solidariedade.

A pressão popular por reformas -educacional, econômica e política- atingiu seu ápice no último fim de semana quando milhares de famílias de classe média marcharam com os estudantes em vários pontos do país em apoio à luta por um sistema de ensino público, gratuito, de qualidade.

O Chile tem a maior renda per capita da America Latina, cerca de US$ 14 mil. Mas é uma sociedade fraturada por iníqua desigualdade -a 4ª pior da AL- herdada da política neoliberal “avant la lettre” implantada em 11 de setembro de 1973 pela ditadura Pinochet. Os 20% mais ricos têm renda 14 vezes maior que a média dos 20% mais pobres. A educação é paga; praticamente não existe universidade pública [as que existem não são gratuitas, também são caras].

O Chile levou a sério o projeto do “Estado mínimo” com isenções fiscais máximas aos ricos, receita que esfarela em todo o mundo nesta crise. A carga fiscal das empresas é de 17% contra 35% no Brasil. Em vez de serviços públicos, negócios privados.

As mobilizações estudantis que contagiaram a classe media e, agora, os trabalhadores, simbolizam acerto de contas com esse modelo. O milionário Piñera, 'a direita moderna', é parte dele. Foi eleito em 2010 com ampla abstenção de uma juventude tida até então como uma das mais apáticas da AL. A ala mais dura do seu ministério, com integrantes egressos diretamente do pinochetismo, defendeu a aplicação da Lei de Segurança contra os grevistas.

O temor é que a evolução dos protestos possa desembocar no próximo dia 11/09, aniversário do golpe, em contestação aberta ao governo e ao legado de Pinochet que ele protege.”

FONTE: cabeçalho do site “Carta Maior”  (http://www.cartamaior.com.br/templates/index.cfm).

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