Obama finge não ver que seus "rebeldes" são hoje um mero apêndice da Al-Qaeda (foto: Amanda Voisard/United Nations/AFP)
Otan e Rússia, em rota de colisão
O enfrentamento entre a aliança liderada pelos EUA e Moscou é cada vez mais sério, mas não é da mesma natureza da Guerra Fria
Por Antonio Luiz M. C. Costa, na revista "CartaCapital"
"Não posso deixar de perguntar àqueles que causaram a situação: vocês agora compreendem o que fizeram?”, dirigiu-se Vladimir Putin à aliança ocidental na Assembleia-Geral das Nações Unidas.
É cedo para tirar conclusões sobre os resultados da intervenção russa, mas duas semanas após o seu início, a impressão é de que o primeiro-ministro russo de fato age no Oriente Médio com mais bom senso e mais consciência de suas razões, métodos e propósitos do que o presidente dos Estados Unidos e seus aliados europeus e árabes.
Podemos até deixar de lado a parceria do Pentágono com os fundamentalistas sauditas que data da Segunda Guerra Mundial, a aliança da era Reagan com os jihadistas do Afeganistão, que deu origem ao Taleban e à Al-Qaeda, a absurda “Guerra ao Terror” dos neoconservadores de George W. Bush, sua malfadada invasão do Iraque e até a desastrada política do próprio Barack Obama no Egito, na Líbia e no Iêmen para nos concentrar apenas na Síria.
Ao se iniciar o levante, o governo Obama apegou-se à palavra de ordem “Bashar al-Assad tem de sair” por oprimir o próprio povo, como se Washington não apoiasse ao mesmo tempo a repressão brutal de protestos no Bahrein e Arábia Saudita.
Se não queria vê-lo substituído por grupos jihadistas, repetiu o erro de Reagan e Bush ao tentar usá-los. Fechou os olhos à predominância dos fanáticos no movimento rebelde, ao fato de receberem, pela mediação de seus amigos nas monarquias árabes, a maior parte das armas destinadas ao combate a Assad e implantarem a Lei Islâmica nos territórios “libertados”.
Os bombardeiros russos resgatam um regime sírio à beira do colapso nas mãos dos fundamentalistas / Alexander Kots/AFP
Quando um desses grupos se tornou o Estado Islâmico, menosprezou-o e julgou poder usá-lo para pressionar Damasco e Bagdá até Al-Baghdadi tomar grande parte dos arsenais fornecidos pelos EUA ao Iraque e ameaçar seus principais campos de petróleo.
A palavra de ordem “degradar e destruir o Estado Islâmico” foi acrescentada à agenda oficial e tentou-se canalizar as armas de forma mais discriminada. Mas a Al-Nusra, braço da Al-Qaeda na Síria, lidera as ações contra Assad, apodera-se a título de pedágio de um terço das armas fornecidas aos supostos “rebeldes moderados” e lhes dita o que fazer com o restante, reduzindo-os a uma ficção útil apenas para salvar aparências.
Os EUA hoje cooperam informalmente com o Irã contra o Estado Islâmico no Iraque e contrariaram Israel para fechar um acordo nuclear com a teocracia de Teerã, até recentemente ameaçada de ataque frontal, com a esperança aparente de neutralizar a influência russa e chinesa no país. Continua, porém, a armar os rebeldes sírios contra Assad e seus aliados iranianos, que nas últimas duas semanas perderam três generais na guerra civil.
O enfrentamento entre a aliança liderada pelos EUA e Moscou é cada vez mais sério, mas não é da mesma natureza da Guerra Fria
Por Antonio Luiz M. C. Costa, na revista "CartaCapital"
"Não posso deixar de perguntar àqueles que causaram a situação: vocês agora compreendem o que fizeram?”, dirigiu-se Vladimir Putin à aliança ocidental na Assembleia-Geral das Nações Unidas.
É cedo para tirar conclusões sobre os resultados da intervenção russa, mas duas semanas após o seu início, a impressão é de que o primeiro-ministro russo de fato age no Oriente Médio com mais bom senso e mais consciência de suas razões, métodos e propósitos do que o presidente dos Estados Unidos e seus aliados europeus e árabes.
Podemos até deixar de lado a parceria do Pentágono com os fundamentalistas sauditas que data da Segunda Guerra Mundial, a aliança da era Reagan com os jihadistas do Afeganistão, que deu origem ao Taleban e à Al-Qaeda, a absurda “Guerra ao Terror” dos neoconservadores de George W. Bush, sua malfadada invasão do Iraque e até a desastrada política do próprio Barack Obama no Egito, na Líbia e no Iêmen para nos concentrar apenas na Síria.
Ao se iniciar o levante, o governo Obama apegou-se à palavra de ordem “Bashar al-Assad tem de sair” por oprimir o próprio povo, como se Washington não apoiasse ao mesmo tempo a repressão brutal de protestos no Bahrein e Arábia Saudita.
Se não queria vê-lo substituído por grupos jihadistas, repetiu o erro de Reagan e Bush ao tentar usá-los. Fechou os olhos à predominância dos fanáticos no movimento rebelde, ao fato de receberem, pela mediação de seus amigos nas monarquias árabes, a maior parte das armas destinadas ao combate a Assad e implantarem a Lei Islâmica nos territórios “libertados”.
Os bombardeiros russos resgatam um regime sírio à beira do colapso nas mãos dos fundamentalistas / Alexander Kots/AFP
Quando um desses grupos se tornou o Estado Islâmico, menosprezou-o e julgou poder usá-lo para pressionar Damasco e Bagdá até Al-Baghdadi tomar grande parte dos arsenais fornecidos pelos EUA ao Iraque e ameaçar seus principais campos de petróleo.
A palavra de ordem “degradar e destruir o Estado Islâmico” foi acrescentada à agenda oficial e tentou-se canalizar as armas de forma mais discriminada. Mas a Al-Nusra, braço da Al-Qaeda na Síria, lidera as ações contra Assad, apodera-se a título de pedágio de um terço das armas fornecidas aos supostos “rebeldes moderados” e lhes dita o que fazer com o restante, reduzindo-os a uma ficção útil apenas para salvar aparências.
Os EUA hoje cooperam informalmente com o Irã contra o Estado Islâmico no Iraque e contrariaram Israel para fechar um acordo nuclear com a teocracia de Teerã, até recentemente ameaçada de ataque frontal, com a esperança aparente de neutralizar a influência russa e chinesa no país. Continua, porém, a armar os rebeldes sírios contra Assad e seus aliados iranianos, que nas últimas duas semanas perderam três generais na guerra civil.
A promessa de Obama de treinar um exército de “rebeldes moderados” sírios para combater o Estado Islâmico acabou em um fracasso vergonhoso. O programa de meio bilhão de dólares visava preparar 15 mil combatentes, mas a primeira turma, de 54 combatentes, foi trucidada pela Al-Nusra em junho e a segunda, de 75, desertou com homens e armas para esse grupo fundamentalista em setembro, também poucos dias após chegar a território sírio.
A guerrilha curda é a força local mais disposta a enfrentar o Estado Islâmico, mas a Turquia não admite / Delil Souleiman/AFP
Os curdos sim, são hostis ao fundamentalismo, mas armá-los enfurece a Turquia, um aliado vital para a qual o separatismo é uma ameaça maior que o fundamentalismo. Os EUA olham para o outro lado quando a Turquia usa sua participação simbólica na guerra ao Estado Islâmico como subterfúgio para bombardear os curdos.
Esses, por sua vez, usam a mesma luta como pretexto para perseguir e expulsar civis árabes e iniciar a “limpeza étnica” dos territórios onde querem criar seu Estado independente, conforme denuncia a Anistia Internacional. Washington, direta ou indiretamente, tanto arma quanto bombardeia o Estado Islâmico, a Al-Qaeda, os curdos e a Turquia à custa dos civis de todas as seitas e etnias, apanhados no fogo cruzado com Damasco ou impelidos a caminho da Europa como refugiados.
Washington alega defender "nobres ideais de democracia e direitos humanos", enquanto, na prática, os massacra, direta ou indiretamente. Não mais acredita em transformar a Síria em uma democracia liberal e satélite dócil, mas não sabe como reformular o discurso sem se desmoralizar.
Alimenta o desprezo pela hipocrisia dos líderes ocidentais e o ódio aos EUA e seus aliados, tanto entre as massas do Oriente Médio quanto entre as minorias muçulmanas do Ocidente e nem sequer conquista a confiança e o respeito das forças que tenta equipar.
Pois tenta usar a todas e jogar umas contra as outras sem ter objetivos nos quais qualquer delas possa acreditar além daquele de uma hegemonia confusa por meio de uma combinação de gestos promissores ou ameaçadores a aliados e lobbies incompatíveis entre si.
Obama ainda busca a fórmula mágica para lutar contra Assad, o Estado Islâmico e a Al-Qaeda ao mesmo tempo sem comprometer tropas dos EUA. Hillary Clinton defende que “a prioridade é derrubar Assad” (Al-Baghdadi não é tão ruim, leia-se) e insiste em repetir o fiasco líbio. Do lado republicano, John McCain quer invadir a Síria mesmo ao custo de um confronto direto com Moscou, enquanto Donald Trump parece querer abandoná-la de vez.
Em contraste, Putin tem objetivos definidos e verossímeis, em parte cínicos, mas menos hipócritas e contraditórios. A seu ver, o regime laico de Damasco não é mais autoritário que as tiranias apoiadas por Washington na Arábia e no Egito e é o governo legal da Síria, reconhecido pela maioria das nações e única barreira real à barbárie jihadista.
É legítimo ajudá-lo contra os avanços da Al-Qaeda e do Estado Islâmico, que em setembro o deixaram à beira do colapso. Unir-se para derrotar os fundamentalistas, ao estilo da luta contra o Eixo na Segunda Guerra Mundial, deveria ser a prioridade dos países civilizados, para depois negociar um acordo entre as forças sírias aceitáveis, possivelmente na forma de uma federação de regiões na qual os baathistas teriam um papel, mesmo se a família Assad fosse afastada do poder.
O chanceler Sergei Lavrov e seu par estadunidense John Kerry trocaram ideias a respeito e Putin tentou convencer Obama na ONU, mas em vão. Obviamente, essa é também a solução capaz de manter a influência e credibilidade de Moscou na região, além de conservar a base naval russa no litoral alauíta, certamente controlada pelos baathistas em um acordo desse tipo.
É uma meta mais defensável que a pretensão ilimitada dos EUA e o fato de ser limitada e coerente atrai as forças do arco xiita. Até o governo imposto por Washington a Bagdá compartilha inteligência militar com Moscou, Teerã e Damasco (logo, com o Hezbollah) e pede a ajuda da aviação russa contra o Estado Islâmico.
Questões ideológicas à parte, essa é a diferença fundamental entre o confronto atual entre a Casa Branca e o Kremlin e aqueles da Guerra Fria. Naqueles tempos, tratava-se de uma disputa global relativamente equilibrada. As superpotências eram comparáveis em poderio militar, população e (até certo ponto) potencial econômico.
Hoje a Rússia não está mais no mesmo plano, embora ainda tenha armas nucleares suficientes para impor respeito. Enquanto Washington quer um império mundial, Moscou limita-se a defender a independência e uma esfera de influência própria. Tanto na Síria quanto na Ucrânia, é o fato de concentrar-se em metas limitadas que lhe possibilita equilibrar o jogo geopolítico contra um poder superior.
A propaganda russa insiste em descrever todos os seus ataques como dirigidos ao Estado Islâmico, e não é verdade. Este atua no leste da Síria e muitos dos bombardeios, talvez a maioria, são no oeste, onde a ameaça a Assad é mais imediata. Mas a propaganda ocidental também mente ao dizer que são dirigidos aos “rebeldes moderados”.
Esses tornaram-se linha auxiliar da Al-Nusra e dos fundamentalistas pró-sauditas da Ahrar al-Sham. Ao criticar a Rússia por “atacar a oposição síria” a OTAN na prática alia-se às forças responsáveis pelo atentado de 11 de setembro que ainda combate no Afeganistão.
Foi curiosa a manifestação conjunta de Obama e de seus aliados no Reino Unido, França, Alemanha, Catar, Arábia Saudita e Turquia no início dos bombardeios.
“Essas ações constituem uma escalada e vão apenas alimentar mais extremismo e radicalização. Uma tentativa de solução militar vai apenas atolar Rússia e Irã em um pântano e não vai funcionar.” Falou a voz da experiência, sem dúvida, mas para dizer “faça o que eu digo, não o que eu (ainda) faço”.
Mas os aviões e helicópteros russos são mais avançados que os da Força Aérea síria e têm metas mais sensatas que seus pares dos EUA. As perdas infligidas aos rebeldes parecem ser reais e restringem sua capacidade de movimentar-se e abastecer-se. Os dois lados reconhecem que essa cobertura aérea ajudou o exército sírio e seus aliados iranianos a recuperar território e a atuação russa ainda não atingiu todo o seu potencial.
Devem chegar tropas terrestres, formadas por “voluntários” veteranos da Ucrânia. De quebra, a presença dos aviões russos, acompanhados de armamento antiaéreo de última geração, obviamente, voltado contra a OTAN, obriga Washington a arquivar por ora as propostas de “zona de exclusão aérea”, ocupação de “zona tampão” e ataque direto às forças de Assad."
FONTE: escrito por Antonio Luiz M. C. Costa, na revista "CartaCapital". Reportagem publicada originalmente na edição 872 de CartaCapital, com o título "Em rota de colisão" (http://www.cartacapital.com.br/revista/872/em-rota-de-colisao-6909.html)
A guerrilha curda é a força local mais disposta a enfrentar o Estado Islâmico, mas a Turquia não admite / Delil Souleiman/AFP
Os curdos sim, são hostis ao fundamentalismo, mas armá-los enfurece a Turquia, um aliado vital para a qual o separatismo é uma ameaça maior que o fundamentalismo. Os EUA olham para o outro lado quando a Turquia usa sua participação simbólica na guerra ao Estado Islâmico como subterfúgio para bombardear os curdos.
Esses, por sua vez, usam a mesma luta como pretexto para perseguir e expulsar civis árabes e iniciar a “limpeza étnica” dos territórios onde querem criar seu Estado independente, conforme denuncia a Anistia Internacional. Washington, direta ou indiretamente, tanto arma quanto bombardeia o Estado Islâmico, a Al-Qaeda, os curdos e a Turquia à custa dos civis de todas as seitas e etnias, apanhados no fogo cruzado com Damasco ou impelidos a caminho da Europa como refugiados.
Washington alega defender "nobres ideais de democracia e direitos humanos", enquanto, na prática, os massacra, direta ou indiretamente. Não mais acredita em transformar a Síria em uma democracia liberal e satélite dócil, mas não sabe como reformular o discurso sem se desmoralizar.
Alimenta o desprezo pela hipocrisia dos líderes ocidentais e o ódio aos EUA e seus aliados, tanto entre as massas do Oriente Médio quanto entre as minorias muçulmanas do Ocidente e nem sequer conquista a confiança e o respeito das forças que tenta equipar.
Pois tenta usar a todas e jogar umas contra as outras sem ter objetivos nos quais qualquer delas possa acreditar além daquele de uma hegemonia confusa por meio de uma combinação de gestos promissores ou ameaçadores a aliados e lobbies incompatíveis entre si.
Obama ainda busca a fórmula mágica para lutar contra Assad, o Estado Islâmico e a Al-Qaeda ao mesmo tempo sem comprometer tropas dos EUA. Hillary Clinton defende que “a prioridade é derrubar Assad” (Al-Baghdadi não é tão ruim, leia-se) e insiste em repetir o fiasco líbio. Do lado republicano, John McCain quer invadir a Síria mesmo ao custo de um confronto direto com Moscou, enquanto Donald Trump parece querer abandoná-la de vez.
Em contraste, Putin tem objetivos definidos e verossímeis, em parte cínicos, mas menos hipócritas e contraditórios. A seu ver, o regime laico de Damasco não é mais autoritário que as tiranias apoiadas por Washington na Arábia e no Egito e é o governo legal da Síria, reconhecido pela maioria das nações e única barreira real à barbárie jihadista.
É legítimo ajudá-lo contra os avanços da Al-Qaeda e do Estado Islâmico, que em setembro o deixaram à beira do colapso. Unir-se para derrotar os fundamentalistas, ao estilo da luta contra o Eixo na Segunda Guerra Mundial, deveria ser a prioridade dos países civilizados, para depois negociar um acordo entre as forças sírias aceitáveis, possivelmente na forma de uma federação de regiões na qual os baathistas teriam um papel, mesmo se a família Assad fosse afastada do poder.
O chanceler Sergei Lavrov e seu par estadunidense John Kerry trocaram ideias a respeito e Putin tentou convencer Obama na ONU, mas em vão. Obviamente, essa é também a solução capaz de manter a influência e credibilidade de Moscou na região, além de conservar a base naval russa no litoral alauíta, certamente controlada pelos baathistas em um acordo desse tipo.
É uma meta mais defensável que a pretensão ilimitada dos EUA e o fato de ser limitada e coerente atrai as forças do arco xiita. Até o governo imposto por Washington a Bagdá compartilha inteligência militar com Moscou, Teerã e Damasco (logo, com o Hezbollah) e pede a ajuda da aviação russa contra o Estado Islâmico.
Questões ideológicas à parte, essa é a diferença fundamental entre o confronto atual entre a Casa Branca e o Kremlin e aqueles da Guerra Fria. Naqueles tempos, tratava-se de uma disputa global relativamente equilibrada. As superpotências eram comparáveis em poderio militar, população e (até certo ponto) potencial econômico.
Hoje a Rússia não está mais no mesmo plano, embora ainda tenha armas nucleares suficientes para impor respeito. Enquanto Washington quer um império mundial, Moscou limita-se a defender a independência e uma esfera de influência própria. Tanto na Síria quanto na Ucrânia, é o fato de concentrar-se em metas limitadas que lhe possibilita equilibrar o jogo geopolítico contra um poder superior.
A propaganda russa insiste em descrever todos os seus ataques como dirigidos ao Estado Islâmico, e não é verdade. Este atua no leste da Síria e muitos dos bombardeios, talvez a maioria, são no oeste, onde a ameaça a Assad é mais imediata. Mas a propaganda ocidental também mente ao dizer que são dirigidos aos “rebeldes moderados”.
Esses tornaram-se linha auxiliar da Al-Nusra e dos fundamentalistas pró-sauditas da Ahrar al-Sham. Ao criticar a Rússia por “atacar a oposição síria” a OTAN na prática alia-se às forças responsáveis pelo atentado de 11 de setembro que ainda combate no Afeganistão.
Foi curiosa a manifestação conjunta de Obama e de seus aliados no Reino Unido, França, Alemanha, Catar, Arábia Saudita e Turquia no início dos bombardeios.
“Essas ações constituem uma escalada e vão apenas alimentar mais extremismo e radicalização. Uma tentativa de solução militar vai apenas atolar Rússia e Irã em um pântano e não vai funcionar.” Falou a voz da experiência, sem dúvida, mas para dizer “faça o que eu digo, não o que eu (ainda) faço”.
Mas os aviões e helicópteros russos são mais avançados que os da Força Aérea síria e têm metas mais sensatas que seus pares dos EUA. As perdas infligidas aos rebeldes parecem ser reais e restringem sua capacidade de movimentar-se e abastecer-se. Os dois lados reconhecem que essa cobertura aérea ajudou o exército sírio e seus aliados iranianos a recuperar território e a atuação russa ainda não atingiu todo o seu potencial.
Devem chegar tropas terrestres, formadas por “voluntários” veteranos da Ucrânia. De quebra, a presença dos aviões russos, acompanhados de armamento antiaéreo de última geração, obviamente, voltado contra a OTAN, obriga Washington a arquivar por ora as propostas de “zona de exclusão aérea”, ocupação de “zona tampão” e ataque direto às forças de Assad."
FONTE: escrito por Antonio Luiz M. C. Costa, na revista "CartaCapital". Reportagem publicada originalmente na edição 872 de CartaCapital, com o título "Em rota de colisão" (http://www.cartacapital.com.br/revista/872/em-rota-de-colisao-6909.html)
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