quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

LULA QUER TURNO EXTRA PARA ACELERAR AS OBRAS DO PAC

O jornal Folha de São Paulo ontem publicou a seguinte reportagem de Sheila D'Amorim, Simone Iglesias, Ney Hayashi da Cruz e Fernanda Odila:

GOVERNO VOLTA A FALAR EM ACELERAR GASTOS CONTRA CRISE

“Os ministros deverão exigir turnos adicionais de trabalho para garantir que as obras com a marca do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) não atrasem o cronograma e gerem mais empregos. A recomendação foi feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião ontem na Granja do Torto, para tentar combater os efeitos da crise internacional sobre a economia.

Acelerar as construções prometidas há dois anos pelo governo -quando lançou conjunto de obras estimadas em R$ 504 bilhões, como base do segundo mandato petista- é a principal medida anticíclica de que o governo dispõe. Segundo relato à Folha de ministros que estiveram na reunião, Lula destacou que o governo fez muito para colocar o país na condição atual e que é hora de mostrar que, também na adversidade, a equipe tem soluções.

De acordo com o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura), Lula disse que todos os ministérios, especialmente os da área de infraestrutura, devem acompanhar com precisão o cumprimento do cronograma de obras do PAC.

"O presidente colocou com clareza que, se precisar aumentar um turno de trabalho para acelerar as obras do PAC e empregar mais, isso deve ser feito", disse Stephanes à Folha. Segundo outro ministro que estava na reunião, Lula chegou a exemplificar: se uma obra emprega 20 pessoas, por que não contratar mais 20 em outro turno para impedir atrasos e garantir emprego? Nas palavras do presidente, todos podem "fazer mais e melhor".

"SPREAD"

Escalado para falar após a reunião, que durou quase dez horas, o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que o governo também estuda medidas para reduzir o "spread" bancário e o custo dos financiamentos, mas não disse o que será feito. "Spread" é a diferença entre o custo de captação dos recursos e aquele cobrado pelos bancos nos empréstimos.

Mantega disse que o "spread" bancário no país está em níveis muito elevados. "Ainda não conseguimos reconstituir o crédito a um nível adequado. E temos que achar uma solução para reduzir o custo do crédito, que hoje é proibitivo no Brasil."

Ele voltou a repetir que a crise financeira deve afetar o Brasil de maneira menos intensa do que a maior parte dos países. "O presidente falou em ousadia. Não é hora para uma reação tímida. Todos os ministros foram orientados a sustentar os programas prioritários de suas áreas." Mantega minimizou o bloqueio provisório de R$ 37 bilhões do Orçamento da União, anunciado na semana passada e que pode ser revisto.

A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) fez um balanço detalhado do PAC e apresentou uma série de projetos de investimento que serão incluídos no programa. Ela deixou a reunião no meio da tarde para levar ao Congresso a mensagem do presidente Lula no início dos trabalhos legislativos, destacando que o país tem condições de enfrentar a crise, e citou o PAC.”

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