segunda-feira, 12 de abril de 2010

COMENTÁRIOS DIDÁTICOS SOBRE OS 4 CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA

Sergio Telles, em seu blog

Comentários didáticos sobre os 4 pré-candidatos a presidente em 2010

"O Serra foi eleito várias vezes, mas não cumpre nenhum mandato até o fim desde 94.

A Dilma estudou o segundo grau, então chamado de "Clássico" em Ciências Sociais, numa escola pública de Belo Horizonte. Ao que consta, a família dela era tão de classe média quanto à do Serra.

De fato, o Ciro fez o caminho inverso do Serra. Serra foi presidente da UNE, fugiu do Brasil (sequer chegou a ser extraditado) quando entrou a ditadura. Já Ciro sempre foi de direita, chegou a participar do governo FHC e atualmente está no PSB e é um dos mais ferrenhos defensores do governo Lula fora do PT (apesar de eu não confiar nele, uma vez que, assim como ex-viado não existe, acredito que ex-tucano também não exista).

Serra participava, paralelamente a atividades na UNE, de reuniões "entreguistas" e por isso foi perseguido pela ditadura. Os militares eram contra os comunistas, mas especialmente contra os não-nacionalistas, tal como FHC, Serra, Covas e a turma que depois fundou o PSDB.

A Dilma atualmente mora sozinha e possui um labrador preto e um Fiat Tipo ano 1995...

O Serra de fato não possui diploma reconhecido no Brasil. Porém, como foi bancado pelos EUA, permitiram que fizesse carreira acadêmica assim mesmo. A tal graduação listada era uma espécie de 'pós', um curso rápido.

A Dilma além da graduação, tem mestrado parcialmente feito e vários outros cursos. Não seguiu carreira acadêmica.

A Marina Silva foi analfabeta até sei lá qual idade, e se ouvir o discurso dela de vez em quando parece que ainda não aprendeu algumas coisas básicas. Ela pensa muito parecido com o Serra, mas com outro motivo. Um é entreguista, o outro ambientalista. Não por acaso, o Gabeira pelo PV está em aliança com o PSDB e o DEM (Cesar Maia) aqui no Rio, o que mostra a vocação de direita dos verdes. Os verdes no Brasil acham que podemos viver como índios, são completamente contra qualquer grande obra especialmente no setor de energia elétrica. Fatalmente, qualquer um dos dois é péssimo para o Sistema Eletrobras.

E com relação ao currículo eleitoral, de fato a Dilma nunca foi candidata a nada. Ela era do PDT gaúcho e participou como secretária de energia do governo do PT. Em 2003 foi chamada para ser Ministra de Minas e Energia, quando criou o marco regulatório do setor elétrico, um dos mais sofisticados do mundo e que está sendo replicado em outros setores, e resolveu o entrave na construção de novas unidades de geração de energia, com os leilões pré-programados de energia nova para 1, 3 ou 5 anos (o leilão contrata energia de unidades ainda não existentes, que com esse dinheiro garantido se financiam e são construídas). A matriz energética no Brasil tornou-se mais confiável e planejada, o que não ocorria antes quando teve déficit de energia no Brasil por 8 meses seguidos, que teve aquele apagão de 2001 quando todo mundo teve que desligar a casa toda senão eles sobretaxavam a energia.

Depois disso, pelo seu destaque, Dilma acabou entrando no lugar do Zé Dirceu na Casa Civil, que na prática é o ministro que coordena as atividades centrais de execução do governo e os projetos mais importantes, em especial o PAC, mas não apenas ele.

Na prática, a Dilma é co-presidente, já desde 2005, uma vez que atua diretamente na cobrança dos demais ministérios e no andamento das atividades da gestão. Seu nome naturalmente ganhou força dentro do PT, apesar de não ser fundadora do partido (e ter pertencido inclusive ao PDT até o início da década), superando nomes bastante consagrados na sigla tal como Tarso Genro, Patrus Ananias, Eduardo Suplicy e Jacques Wagner, entre outros, que poderiam ser os sucessores de Lula. Tudo pela competência (defendi o nome dela para essa eleição ainda em 2006, quando sequer o Lula tinha sido reeleito).

Já o Serra tem uma trajetória de interrupções desde 1994, como falei. Foi eleito senador, mas virou ministro do Planejamento de FHC, onde ajudou a sucatear as instituições e colocar para privatizar diversas empresas, entre elas a Vale do Rio Doce.

Apesar de "economista" [sic], virou Ministro da Saúde onde se destacou por mandar embora milhares de técnicos que combatiam a dengue por todo o Brasil, resultando na maior epidemia de dengue de todos os tempos em 2002. Ainda se envolveu em um enorme escândalo de ambulâncias que ficou conhecido como Sanguessuga. O governo federal pagava por ambulâncias-padrão, estilo as do SAMU, e recebia pick-ups totalmente desestruturadas, um enorme desvio de dinheiro.

Depois de perder em 2002 para presidente, elegeu-se prefeito de São Paulo em 2004 prometendo ficar no cargo até o fim, mas saiu no ano seguinte para ser candidato e eleito governador em 2006, quando também prometeu ficar até o fim.

Nesse tempo, ficou notabilizado pela expansão enorme de praças de pedágios por todo o Estado de São Paulo (o Paulo Henrique Amorim o chama de "Zé Pedágio"). Depois, prometeu uma obra bilionária de calha do Tietê que conseguiu resultar no alagamento permanente do bairro do Jardim Romano, pois o Tietê parou de ser dragado desde 2006 e assoreou, então reduziu drasticamente a capacidade de escoamento da água da chuva (daí, então, o Paulo Henrique Amorim passou a chamá-lo de "Zé Alagão").

Além disso, existe uma obra de metrô que já deveria estar pronta há anos, e que, além do atraso, teve aquele desabamento famoso por estar sendo feita sem o devido controle do governo do estado (diferentemente do PAC, essas obras do metrô foram concedidas por "porteira fechada", quando a construtora é também responsável por fiscalizar-se, por isso o descaso e a utilização de materiais de qualidade duvidosa).

Outra obra que se arrasta há décadas é a construção do Rodoanel, que nunca fica pronta e outro dia ainda desabou uma ponte; um trecho foi inaugurado às pressas antes do Serra sair do governo sem nenhuma sinalização, o que tem resultado em vários acidentes graves desde então.

Ainda sobre o metrô, corre um escândalo internacional da francesa ALSTOM, empresa fornecedora dos trens de metrô de São Paulo, a qual não possui outra licitação desde os anos 80, mas vão renovando um contrato já caduco e muito suspeito [problemas que são encobertos pela nossa imprensa].

Sobre a Marina, foi uma ministra que fazia oposição ao governo dentro dele até ser substituída pelo Minc, que deu um banho e ninguém nem sente mais falta. Magoada, deixou o PT e foi fazer oposição no PV. Um caso parecido com o do Cristóvam Buarque em 2006, deve resultar mais ou menos no mesmo percentual.

E o Ciro, fora os cargos dentro do Ceará, e de ter sido Ministro da Fazenda no início do Plano Real, saindo por discordar na persistência do então governo na âncora cambial, que depois foi comprovada ser lesiva ao país, foi ministro da Integração Nacional no primeiro governo Lula, por ter se aliado na vitória de 2002.

Lutou pela implantação do projeto de integração das bacias do São Francisco com as do Nordeste Setentrional, o que é chamado de "Transposição do Rio São Francisco", que terá sua primeira etapa inaugurada agora em 2010.

Em 2006, saiu para ser deputado federal. Ainda não é certo que seja mesmo candidato, pois seu partido, o PSB, prefere estrategicamente ser aliado de Dilma pois possui dois governos importantes no NE (Ceará, onde o irmão de Ciro, Cid Gomes, é candidato a reeleição, e em Pernambuco, Eduardo Campos, que também é presidente do PSB). Caso Ciro saia como candidato a presidente, o PT lançará outros nomes nesses estados apoiados por Dilma e Lula e, como Dilma já disparou por lá, compromete a reeleição desses governadores."

FONTE: escrito por Sergio Telles e postado em seu blog (consta da nossa lista "recomendamos")

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