quarta-feira, 26 de setembro de 2012

BRASIL ATINGIU NOS ÚLTIMOS 10 ANOS O MENOR NÍVEL DE DESIGUALDADE SOCIAL JÁ VERIFICADO

O Brasil atingiu em 2011 o menor nível de desigualdade social já verificado desde o início das séries históricas, em 1960.


Mesmo assim, a desigualdade brasileira está entre as 12 mais altas do mundo. Os dados foram divulgados na terça-feira (25) pelo “Instituto de Política Econômica Aplicada” (IPEA).

O estudo "A década inclusiva" [2002-2012], apresentado pelo presidente do IPEA, Marcelo Neri, usou dados da “Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios” (PNAD), do “Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística” (IBGE).

"Não há, na história brasileira estatisticamente documentada desde 1960, nada similar à redução da desigualdade de renda observada desde 2001", disse Neri. "Assim como a China está para o crescimento econômico, o Brasil está para o crescimento social."

A diminuição da desigualdade é medida pelo coeficiente de GINI, que passou de 0,594 em 2001 para 0,527 em 2011. No índice, quanto mais perto de zero menor a desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres do país. "O Brasil está no ponto mais baixo da desigualdade, embora ela ainda seja muito alta", ressaltou o presidente do IPEA.

O salário dos 10% mais pobres da população brasileira cresceu 91,2% entre 2001 e 2011. O movimento engloba cerca de 23,4 milhões de pessoas saindo da pobreza. Já a renda dos 10% mais ricos aumentou 16,6% no período, de forma que a renda dos mais pobres cresceu 550% sobre o rendimento dos mais ricos.

CRESCIMENTO DOS SALÁRIOS E PESO DO BOLSA FAMÍLIA

O crescimento dos salários é o principal indicador para a melhoria, aponta o estudo. É o que responde por 58% da diminuição da desigualdade. Em segundo lugar, vêm os rendimentos previdenciários, com 19% de contribuição, seguido pelo “Bolsa Família”, com 13%. Os 10% restantes são benefícios de prestação continuada e outras rendas.

Neri ressaltou que, dentre todos os vetores para a diminuição da desigualdade, o “Bolsa Família” é o mais eficaz, do ponto de vista fiscal.

"Se todos os recursos pudessem ser canalizados à mesma taxa para o “Bolsa Família”, ao invés da previdência, a desigualdade teria caído mais 362,7%", exemplificou Neri no estudo.

A disparidade de renda entre brancos e negros também se alterou. Segundo os dados apurados pelo IPEA, a parcela da população que se declara como negra teve crescimento da renda de 66,3% nos 10 anos. Maior variação foi apurada entre os pardos (85,5%). Entre os brancos, o crescimento foi de 47,6%.

O recorte por regiões mostra que, no Nordeste, a renda subiu 72,8%, enquanto no Sudeste cresceu 45,8%, sempre no mesmo período de comparação. O estudo conclui que houve queda de 3,2% no coeficiente de GINI entre junho de 2011 e o mesmo mês de 2012, tendo como base dados da “Pesquisa Mensal de Emprego” (PME) do IBGE.

IMAGEM DE BELÍNDIA CONTINUA

"A imagem da Belíndia continua exata", disse Neri, referindo-se ao termo cunhado por Edmar Bacha. O neologismo tentava demonstrar que os ricos brasileiros viviam em um país semelhante à Bélgica, enquanto os mais miseráveis estavam em situação semelhante à população pobre da Índia.

"A diferença é que agora os pobres brasileiros crescem a taxas indianas, enquanto os ricos crescem como os países europeus."

FONTE: portal UOL com informações do jornal “Valor Econômico”  (http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2012/09/25/apesar-de-avanco-brasil-continua-entre-os-12-paises-mais-desiguais-segundo-ipea.jhtm) [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

COMPLEMENTAÇÃO

QUEDA DA DESIGUALDADE É “ESPETACULAR” ! SÓ A GOLPE !

Tem que ter muito Supremo para derrubar a Dilma ! Só a Golpe brasiguaio !
Saiu no JB:
NERI ANUNCIA “QUEDA ESPETACULAR” DAS DESIGUALDADES
ESPECIALISTAS ATRIBUEM QUADRO A CAUSAS COMO EXPANSÃO DO MERCADO DE TRABALHO


Por Carolina Mazzi, no “Jornal do Brasil”

“A queda “espetacular” na desigualdade social do Brasil, anunciada ontem, terça-feira (25), pelo economista Marcelo Neri, presidente do “Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas” (IPEA), foi determinada, principalmente, pela expansão do mercado de trabalho, as políticas de transferência de renda e a ampliação no acesso à educação. Além destes, o crescimento de renda acima do Produto Interno Bruto (PIB) também foi um componente importante que reduziu a desigualdade a níveis inéditos no país. Estas são as conclusões de alguns especialistas ouvidos pelo Jornal do Brasil.
Os números da pesquisa apontam queda consecutiva na desigualdade, “sem interrupções”, segundo Neri, nos últimos dez anos, o que possibilitou que o índice GINI (usado para medir a distribuição de renda em todo o mundo), fosse reduzido de 0,594 em 2001 para 0,527 dez anos depois. Nesse tipo de medição, quanto mais perto do zero, melhor é a distribuição. “O Brasil está hoje no menor nível de desigualdade da história documentada”, disse o economista.
Segundo ele, apesar de ainda ser um dos países mais desiguais do planeta, um movimento como este nunca tinha acontecido. “Desde que a pesquisa começou, as mudanças eram quase nulas, o índice permanecia estável, com exceção da década de 60, quando a desigualdade aumentou”, analisou Neri.
Para o pesquisador do IPEA, Sergei Suarez Dillon Soares, que também participou da divulgação, as pesquisas foram positivas em todos os aspectos e mostram sustentabilidade na queda da desigualdade social do país, já que ela está sustentada no mercado de trabalho.
“Se essa queda estivesse baseada apenas nas transferências, como “bolsa família”, esses números seriam inferiores, mas a desigualdade diminuiu baseada na entrada de mais pessoas no mercado, além de melhora considerável na renda das famílias, que tem tido crescimento bem acima do PIB”, comentou.


PROBLEMAS

 
A economista Maria Beatriz Albuquerque David, professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), concorda que os dados são positivos, principalmente para a massa assalariada nacional. “Esta queda se deve à expansão do trabalho e ao aumento da renda, e claro, do “Bolsa Família” e outras políticas de transferência de renda”, analisa. Porém, ela alerta que a metodologia do IPEA acaba escondendo alguns tipos de rendimento, que caso fossem usados, iriam interferir no resultado final.
“Os números são bons, mostram melhora indiscutível na renda dos assalariados, a diminuição da pobreza. Mas ela está ligada apenas às pessoas que trabalham. O rendimento do capital, ou seja, a renda sob patrimônio, os mais ricos, não foi contemplada”, afirma.
Segundo a especialista, “os níveis de desigualdade seriam muito maiores, caso se utilizassem os dados da renda”. Soares concorda com a professora, mas explica que avaliar os níveis de rendimento do capital “é muito difícil”, pois os dados são de acesso restrito. Ele ainda observa que, mesmo se o GINI piorasse na medição, a tendência de queda da desigualdade poderia se mostrar ainda mais acentuada. “Nós não estamos trabalhando apenas com os números frios, mas com uma tendência. O que vemos é que se o mercado de trabalho está ganhando espaço, provavelmente o rendimento de capital está perdendo terreno”, opina.
Ele esclarece que a metodologia do IPEA é baseada nos dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), coletados pelo IBGE, e que apesar de falhos, ainda conseguem registrar pequena parte desse capital. “Cerca de 20% dos números são de registros fora dos assalariados. Então, apesar de não medir bem, ainda sim, coleta alguma coisa”, opinou.
Maria Beatriz ainda questiona a sustentabilidade dessa queda a longo prazo. “A economia está crescendo, mas à base de expansão de crédito e renúncia fiscal. Essas medidas vão atingir seu teto, com o endividamento das famílias, dos bancos. A construção civil já começou a demitir”, explicou.

EDUCAÇÃO É “FUNDAMENTAL”

Sem “sombra de dúvida”, a ampliação no acesso à educação foi uma das principais razões para que a desigualdade diminuísse no Brasil, afirma com convicção o economista Fernando de Hollanda Barbosa Filho, professor do “Instituto Brasileiro de Economia” da “Fundação Getúlio Vargas” (IBRE/FGV-RJ). Segundo ele, a maior escolaridade do brasileiro foi fundamental para que sua renda aumentasse consecutivamente.
“A educação incorporou pessoas que antes não tinham acesso ao mercado de trabalho. Claro que essa ampliação do mercado, o aumento do salário mínimo foram aspectos importantes, mas a escola garantiu aumento na renda”, analisou. O especialista acredita que, por esse motivo, a diminuição da desigualdade é sustentável e a longo prazo. “É preciso investir ainda mais na qualidade e garantir que os alunos completem o ciclo de ensino”, argumenta.
Sergei Suarez Dillon Soares também apontou, brevemente, o problema na educação do país como um dos entraves para a melhora ainda mais significativa do índice. “Não dá para comentar muito, pois não temos dados suficientes, mas posso dizer que é o único aspecto com notícias menos positivas”, afirmou.

BOLSA FAMÍLIA


Os economistas foram unânimes ao elogiar os programas de transferência de renda, como o “Bolsa Família”. Para eles, esse foi um dos aspectos diferenciados da última década no combate à desigualdade social. “É um instrumento muito eficaz, pois encontra, a custo muito baixo, as pessoas que estão vivendo na extrema pobreza. Eu diria que é, atualmente, até mais importante que o salário mínimo”, acredita Barbosa Filho.”

FONTE: postado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim em seu portal “Conversa Afiada” (http://www.conversaafiada.com.br/economia/2012/09/26/queda-da-desigualdade-e-espetacular-so-a-golpe/).

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