segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

BLOG x GLOBO - TOSTÃO x MILHÃO




ROSÁRIO X KAMEL É TOSTÃO CONTRA O MILHÃO

"Para o jornalista Paulo Nogueira, do "Diário do Centro do Mundo (DCM), apesar da disputa, há uma evidente luta desigual na Justiça entre o blogueiro Miguel do Rosário, do site "O Cafezinho", e o poderoso diretor de telejornalismo da "Globo", Ali Kamel. Para Nogueira, apesar de ter sido condenado a pagar indenização por chamar Kamel de "sacripanta", Rosário fez mais que Kamel com todo o poder que a "Globo" lhe dá. "A revelação, pelo 'Cafezinho', da sonegação da 'Globo' na Copa de 2002 vale mais que tudo que Kamel tenha escrito ou editado em toda a sua carreira", disse.

Do "Brasil 247"


O jornalista Paulo Nogueira, editor do "Diário do Centro do Mundo", criticou no sábado, 21, a disputa judicial provocada pelo diretor de telejornalismo da "Globo", Ali Kamel, contra o blogueiro Miguel do Rosário, editor do site "O Cafezinho".

"É o milhão contra o tostão", resumiu Nogueira. Segundo o jornalista do DCM, é muito mais fácil um juiz decidir pelo homem da "Globo", a despeito do mérito do caso. "Quem quer desagradar a Globo? Que juiz não tem receio de retaliações? E para quem é mais fácil contratar o melhor advogado da praça?", questionou.

Miguel do Rosário foi condenado a pagar R$ 20 mil de indenização a Ali Kamel, por tê-lo chamado de "sacripanta".

"Mesmo com toda a modéstia dos recursos do seu blog, Rosário fez mais que Kamel com todo o poder que a 'Globo' lhe dá. A revelação, pelo 'Cafezinho' da sonegação da 'Globo' na Copa de 2002 vale mais que tudo que Kamel tenha escrito ou editado em toda a sua carreira", disse Nogueira".

Leia na íntegra o post do Paulo Nogueira, do DCM:

A disputa desigual entre Ali Kamel e Miguel do Rosário

"Há uma injustiça básica numa batalha legal que envolve o diretor de telejornalismo da 'Globo' e um blogueiro.

É o milhão contra o tostão.

Todas as circunstâncias estão a favor do grandalhão. É muito mais fácil um juiz decidir pelo homem da "Globo", a despeito do mérito do caso.

Quem quer desagradar a "Globo"? Que juiz não tem receio de retaliações? E para quem é mais fácil contratar o melhor advogado da praça?

É uma situação extraordinariamente desigual.

Tudo isso posto, toda a minha simpatia vai, naturalmente, para Miguel do Rosário, do "Cafezinho", no embate jurídico ao qual foi forçado por Ali Kamel, da "Globo".

Claro que Kamel tem o direito de se defender caso se sinta ofendido na honra. Mas “sacripanta”, como Rosário chamou Kamel, é tão ofensivo assim?

O melhor sinônimo para sacripanta é hipócrita. Isso justifica a ira de Kamel?

Há um problema na Justiça brasileira que é o comportamento diante de casos de mídia. Reina uma completa incoerência nas sentenças.

Rosário foi condenado a pagar 20 000 reais – coloque aí mais 10.000 em despesas legais – pelo “sacripanta”. (Rosário foi obrigado a fazer uma vaquinha para pagar a conta. Quem quiser contribuir, clique aqui.)

Augusto Nunes, da "Veja", foi absolvido depois de chamar Collor de "bandido", "chefe de bando" e coisas do gênero.

Não adiantou Collor haver colocado, na ação que moveu, que fora absolvido pelo mesmo STF que Nunes e outros colunistas conservadores tanto adularam no "Mensalão".

Por que Rosário foi condenado e Nunes absolvido? Será simples coincidência que os dois processos tenham sido vencidos por altos funcionários das grandes companhias de mídia?

Num mundo menos imperfeito, todos seriam iguais perante a lei. Mas, no Brasil, lamentavelmente, Ali Kamel é mais igual que Miguel do Rosário.

No terreno puramente jornalístico, há uma situação curiosa.

Mesmo com toda a modéstia dos recursos do seu blog, Rosário fez mais que Kamel com todo o poder que a "Globo" lhe dá.

A revelação, pelo "Cafezinho", da sonegação da "Globo" na Copa de 2002 [apropriação de cerca de R$ 1 bilhão em impostos não pagos] vale mais que tudo que Kamel tenha escrito ou editado em toda a sua carreira.

O furo do "Cafezinho" mostrou a alma “sacripanta” – para usar o adjetivo de Rosário – não apenas da "Globo" como da mídia brasileira.

À delinquência da "Globo" se somou a abjeta covardia de jornais, revistas e colunistas.

A "Folha", sem dar nenhuma explicação, fugiu do assunto depois de dar uma nota. Jamais sua ombudsman tocou no assunto, o que mostra também os estreitos limites da crítica interna.

Tenho para mim que, no futuro, quando Kamel e Rosário forem avaliados, o veredito será o seguinte:

Rosário ajudou a sociedade a entender o espírito da mídia. E Kamel foi aquele que escreveu um livro para provar que o Brasil não é racista."


FONTE: do "Brasil 247"   (http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/170815/DCM-Rosario-X-Kamel-%C3%A9-tost%C3%A3o-contra-o-milh%C3%A3o.htm).[Trecho entre colchetes acrescentado por este blog 'democracia&política'].

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