“Nas primeiras pesquisas, Ciro vinha à frente de Dilma. A Ministra cresceu e, na penúltima pesquisa, alcançou Ciro. Na última, ambos mantiveram a mesma preocupação. O Estadão, mostrando a visível deterioração de sua qualidade editorial nos últimos meses, estampou a seguinte manchete: Serra segue à frente; Ciro já empata com Dilma em 2º.
ESQUERDAS SOMAM 43% DOS VOTOS
Num dos cenários da pesquisa divulgada ontem, Serra cai para 37%, Dilma fica em 16%, Ciro se mantém nos 15% e Heloísa chega de novo a 12%. No cenário com Marina, as esquerdas chegam a 46% dos votos.
O que fica claro na pesquisa é a tendência do eleitor manter a margem de 45%, mais ou menos, de preferência pelos candidatos de esquerda. A questão agora é saber quem carrearia mais votos num eventual segundo turno.
Vou dar uma opinião muito pessoal: Ciro Gomes. Por quê? Porque num outro cenário de pesquisa, sem Ciro, vê-se que boa parte dos votos dele vai para a Serra, mais do que aqueles que vão para Dilma.
È que Ciro não agrada somente às esquerdas. Uma direita progressista está com ele. Além disso é quase impossível que eleitores de Dilma (claramente ainda o eleitor do PT e de Lula) e Heloísa Helena deixariam de despejar seus votos em Ciro. isso por pura rejeição a Serra.
Mas o contrário, em favor de Dilma, não é verdadeiro. O eleitor de Ciro, como mostra a pesquisa, pode realmente ir a Serra, principalmente o eleitor antipático ao PT ou a Lula, ou ainda aquele eleitor que se afina com as direitas.
Dilma e Heloísa têm juntas uma margem considerável de votos: 28%. Se 80% desses votos forem para Ciro, a eleição está ganha. Como são eleitores antipáticos a Serra (de Dilma, porque são pró-Lula ou PT, de Heloísa, porque é um voto “ideológico”), isso não é difícil de acontecer.
Outra questão é em relação a Lula: o presidente não deixaria de subir ao palanque por Ciro. A identificação com ele no Nordeste seria natural, e claramente no Sudeste ele encontra trânsito.
Mas a principal questão que pesa a favor de Ciro é uma possível tendência do eleitor ter se saturado das opções PT-PSDB. O teto de Serra parece claro. O PSDB, com toda a mídia, com toda a escandalização, não consegue subir mais do que já tinha, por exemplo, nas eleições de 2002 e 2006. O patamar de Serra hoje é o mesmo do frágil Alckimin.
A aporia em que se meteu a oposição explica isso. O discurso ético está esgotado. O discurso econômico não encontra confirmação nos fatos. O apelo à “competência” esbarra em problemas como os do Sul.
Mas, ao mesmo tempo, a falta de fatos novos pró-governo (habitações populares, PACs, bolsa família já foram digeridos, e não há tempo de lançar novos “produtos” sociais) impedirá grandes reviravoltas.
A chance para Dilma fica por conta de uma campanha intensa contra Ciro no primeiro turno, caso ele volte a ganhar fôlego. Aí entre uma mudança incerta (por Serra) e um cenário econômico em recuperação e avanço, Dilma retomaria sua força.
E onde entraria o fator Marina? Se bem sucedida, só confirmaria o apelo a uma terceira via, ainda pela esquerda.
Os 16 anos de tensão monopólio PSDB-PT pode estar no fim”.
FONTE: matéria do site de Luis Nassif publicada no site “Vermelho” em 17/08/2009
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