"Como na física, num sistema de forças no qual o seu conjunto converge para uma tendência resultante ascendente e de maior potência, assim tem sido o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste final de ano. Os vários fatores e circunstâncias resultam numa condição muito positiva para o desempenho do seu governo.
A liderança de Lula adquire um papel histórico proeminente, pela dimensão do prestígio alcançado no plano nacional e internacional. O Brasil se destaca como potência proeminente nas Conferências internacionais, nas parcerias estratégicas, na integração regional. O papel de Lula é alçado à personalidade do ano por dois influentes jornais europeus, o espanhol El País e o diário francês Le Monde. Albert Fishlow, renomado professor, escolhe a China como o ¨país do ano¨, mas afirma que o Brasil ¨chegou bem perto¨ deste título.
O governo Lula, apesar da sua dualidade original, conseguiu esboçar e iniciar um novo projeto nacional de desenvolvimento, que permitiu um crescimento mais acelerado desde 2007, superando rapidamente a grande crise capitalista 2008-2009 que atingiu todo o mundo. Mesmo o Banco Central já prevê um crescimento de quase 6% para 2010. A descoberta de petróleo na extensa área do Pré-sal, resultante do nível tecnológico alcançado pela maior estatal brasileira, as conquistas para a realização dos maiores eventos desportivos mundiais no Brasil, denotando o prestigio internacional atingido pelo país, abrem novas perspectivas de volumosos investimentos, além dos ¨PACs¨ e incrementos sociais, podendo sustentar um desenvolvimento acelerado, contínuo e por longo tempo. Para atingir esse elevado nível de desenvolvimento temos insistido na necessidade de redirecionar a política macroeconômica no sentido expansivo, permitindo taxas de investimento imediatas de 21% do PIB, podendo alcançar 28% ou mais.
A tendência é que o nível de emprego e renda se eleve, o salário mínimo mantenha ganhos reais sucessivamente e os planos de construção de milhões de moradias populares se concretizem. Apesar de passos importantes, ainda os desafios sociais mais significativos estão na saúde e educação, que requerem maiores investimentos e maior qualificação universal. E para uma mais justa distribuição de renda é impostergável uma reforma tributaria progressiva, que onere as altas rendas e desonere os produtos do consumo básico e de massa.
No terreno político a marca principal são os êxitos do governo e a ofensiva em todos os planos políticos liderada por Lula. As sucessivas pesquisas de opinião demonstram essa afirmativa. A oposição está desarvorada, sem discurso, sem projeto alternativo, sem encontrar uma forma unitária de candidatura presidencial. A oposição se vê impelida, diante do prestigio do governo atual, a afirmar com a maior cara de pau, que Lula é uma ¨continuidade¨ do último governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, que foi um governo de crise, déficits, apagão, desemprego, subordinação ao FMI e alinhamento aos EUA.
No contexto da política externa, de forma simples em recente entrevista, o Ministro Celso Amorim sintetizou a nossa orientação externa: ¨incomoda o Brasil agir sem pedir licença¨. Numa questão estratégica ao sistema de poder mundial, o presidente Lula deu apoio público ao programa nuclear iraniano e reafirmou sua posição critica
em relação ao monopólio nuclear. Ou como afirma o Ministro Amorim, ¨se as potências atômicas não estão dispostas a se desarmar, não têm moral para cobrar dos outros¨.
Na recente Conferência Mundial de Copenhague o Brasil ocupou uma posição de vanguarda, chegando a propor metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, sem paralelo, da ordem de 36% a 39% até 2020, agindo na redução drástica do desmatamento na região amazônica e na dos cerrados. Mas, a questão central, por trás de toda essa discussão sobre o clima, está em saber: quais as fontes de energia para o desenvolvimento? E o Brasil é quem tem as principais fontes energéticas limpas (hidroelétricas) e projetos mais desenvolvidos de matrizes de energia renovável (biomassa).
Mas o aspecto mais importante dessa Conferencia de Copenhague, não ressaltado pela grande mídia, que, ao contrario, procurou diversionar, está no embate travado, em última instância, entre o imperialismo norte-americano e países ricos de um lado e, de outro, os demais países do mundo, refletindo aí um quadro de um mundo em transição, na luta que se agudiza contra a hegemonia unipolar e a ascensão de novos pólos dinâmicos de poder como os Brics, que são expressão desse jogo de poder mundial na atualidade. Em Copenhague surgiu o grupo de países denominado Basic (Brasil, Índia, China e África do Sul), com a África do Sul substituindo a Rússia, ocupando o Brasil um papel de liderança nessa aliança especifica que visa definir as formas de energia para o desenvolvimento sustentável nos países ¨emergentes¨. Essa aliança foi fundamental para enfrentar os Estados Unidos, derrotando-o no seu propósito de isolar a China e impor arrogantemente meios de controle sobre os países “periféricos¨.
Por fim, o panorama na America Latina demonstra o desenvolvimento do curso ascendente democrático e antiimperialista com a reeleição de Evo Morales na Bolívia e a eleição de José (Pepe) Mujica, no Uruguai. Isso tudo, apesar da contra-tendência hegemonista, imperialista, para fazer frente a essa tendência por soberania dos países latino-americanos, como a reativação de IV Frota Naval dos Estados Unidos e a instalação de bases militares desta potência na Colômbia."
FONTE: escrito por Renato Rabelo e publicado no portal "Vermelho"
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