quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

SUPER TUCANOS PARA A VENEZUELA: EUA RECONHECERAM QUE FOI SEM FUNDAMENTO A DESCULPA PARA BLOQUEAR A VENDA


Wikileaks: EUA RECONHECERAM QUE FOI ATO HOSTIL SEM FUNDAMENTO A DESCULPA PARA BLOQUEAR A VENDA DE SUPER TUCANOS À VENEZUELA

CONTRÁRIOS À VENDA DE AVIÕES A CHÁVEZ, AMERICANOS AVALIARAM EMPRESAS NACIONAIS

“Quatro anos depois de ter bloqueado a venda de aviões Super Tucano, da Embraer, para a Venezuela, o governo dos Estados Unidos concluiu que a transação com o grande desafeto do governo americano na América do Sul não significaria um apoio político do Brasil ao regime de Hugo Chávez.

"É provável que o desejo do Brasil de vender Super Tucanos foi motivado pelo fato de o fabricante, Embraer, ter colocado pressão sobre o governo brasileiro para aprovar a encomenda no sentido de proteger empregos industriais na época de eleições (reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva), e não baseado em qualquer política brasileira em relação à Venezuela", diz um telegrama enviado pelo então embaixador dos EUA em Brasília, Clifford Sobel, em junho de 2009.

Os comunicados referentes a esse tipo de negócios mostram, ainda, que o Brasil alertara os EUA de que, se Washington proibisse a venda - como aconteceu -, Chávez compraria o mesmo tipo de aeronaves, ou modelos ainda mais avançados, da Rússia (como de fato acabou acontecendo). E advertiu que isso provocaria um desequilíbrio entre as forças aéreas da região.

O Brasil chegou a argumentar, ainda, que a venda dos aviões da Embraer à Venezuela ajudaria o governo brasileiro a ter ainda mais influência sobre Chávez - algo de interesse dos EUA. Além disso, lembrou que, se houvesse algum problema, tanto o Brasil quanto os EUA poderiam manter no chão a frota venezuelana, negando apoio e peças de reposição, assim como os EUA tinham feito no caso dos F-16 venezuelanos.

A transação havia sido concluída em 28 de outubro de 2005, quando a Embraer assinou um contrato de US$169,7 milhões com a Força Aérea da Venezuela, depois que os fabricantes de peças dos EUA forneceram garantias, por escrito, que o governo americano nada tinha contra a venda [garantias assinadas pelos EUA há muito tempo não têm crédito, aqui e no mundo, pois as ignoram quando bem entendem. Os que tratam da seleção do caça (F-X2) certamente sabem muito bem disso].

Uma série de telegramas, entre março de 2004 e fevereiro de 2009, mostra que os EUA demoraram a confiar no Brasil em termos de vendas de armamentos para terceiros países, pressionando com insistência para que o país adotasse os mesmos procedimentos dos Regulamentos Internacionais de Tráfico de Armas (ITAR, na sigla em inglês) do governo americano.

Inspetores americanos realizaram várias visitas à Embraer, à Avibrás (mísseis e carros de combate) e à Companhia Brasileira de Cartuchos (fabricante de munição). Eles agiram de forma minuciosa. Por fim, em junho de 2009, um telegrama da embaixada americana enviado ao Departamento de Estado concluiu: "Os controles brasileiros são baseados em políticas que têm como fim não contribuir a conflitos, e observam os padrões tanto da ONU quanto outros internacionais".

FONTE: reportagem de José Meirelles Passos publicada no jornal O Globo e transcrita no site DefesaNet (http://www.defesanet.com.br/11_01/110118_01_glo_supertucano_eua.html) [título, subtítulo, trecho entre colchetes e imagem do Google adicionados por este blog].

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