sexta-feira, 18 de março de 2011

COMÍCIO DA CINELÂNDIA: CADÊ O PATRIOTA ?

No Memorial de Lincoln, Dilma falaria da venda antecipada de petróleo

Por Paulo Henrique Amorim, no portal “Conversa Afiada”

“Saiu no G1:

Obama transferiu o discurso da Cinelândia para um ambiente fechado, o Theatro Municipal, que enobrece a Brizolândia.

Mauro Santayana, no JB e neste “Conversa Afiada”, foi o único que lembrou que a Cinelândia estava cercada da memória política brasileira e não se adequava a um discurso de um Chefe de Estado estrangeiro.

Este próprio ‘Conversa Afiada’ lembrou que a Cinelândia foi e ainda é um território da Brizolândia.

A memória política brasileira está na Cinelândia como no Arco do Triunfo para o franceses ou no Memorial de Lincoln para os americanos.

Não faria sentido a presidenta anunciar um acordo de venda antecipada do pré-sal ao governo americano no Memorial de Jefferson.

Agora, pergunta esse ansioso blogueiro:

Quem teve a ideia de jerico de programar um discurso na Cinelândia, uma praça muito difícil de ser defendida pelos sistemas de segurança –brasileiro e americano ?

Quem foi o ‘jenio’ ?

E, mais do que isso, cadê o Patriota ?

O sucessor de Celso Amorim no Ministério das Relações Exteriores ofertou aos brasileiros, na manhã desta sexta-feira, uma frase lapidar:

Espera que a visita de Obama signifique que a relação passará a ser “entre iguais”.

Porque, obviamente, pressupõe que os Estados Unidos são mais “iguais” que o Brasil.

Esta frase se inscreverá na História da diplomacia brasileira ao lado dos discursos do próprio punho do Barão do Rio Branco.

Onde estava o Ministro Patriota, que não proibiu que a ideia da Cinelândia prosperasse ?

Onde estava o Ministro Patriota, que não chamou o embaixador Shannon e disse:

- Cinelândia, no !

Esse ansioso blogueiro conheceu um Chanceler memorável, Araujo Castro, que, oculto atrás da fumaça do cachimbo, mandaria o embaixador Shannon lamber sabão com incomparável elegância.

Ah, que saudades do Castro !”

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SANTAYANA NÃO GOSTA DE OBAMA NA CINELÂNDIA

          Obama não é Kennedy e o Brasil não perdeu a II Guerra. Ganhou

Extraído do site do JB:

IMPRUDÊNCIA DIPLOMÁTICA, por Mauro Santayana

“É preciso romper o silêncio da amabilidade para estranhar o pronunciamento público que o presidente Obama fará, da sacada do Teatro Municipal, diante da histórica Cinelândia. Afinal, é de se indagar por que a um chefe de Estado estrangeiro se permite realizar um comício –porque de comício se trata– em nosso país. Apesar das especulações, não se sabe o que ele pretende dizer exatamente aos brasileiros que, a convite da Embaixada dos Estados Unidos –é bom que se frise– irão se reunir em um local tão estreitamente vinculado ao sentimento nacionalista do nosso povo.

É da boa praxe das relações internacionais que os chefes de estado estrangeiros sejam recebidos no Parlamento e, por intermédio dos representantes da nação, se dirijam ao povo que eles visitam. Seria aceitável que Mr. Obama, a exemplo do que fez no Cairo, pronunciasse conferência em alguma universidade brasileira, como a USP ou a UNB, por exemplo. Ele poderia dizer o que pensa das relações entre os Estados Unidos e a América Latina, e seria de sua conveniência atualizar a Doutrina Monroe, dando-lhe significado diferente daquele que lhe deu o presidente Ted Roosevelt, em 1904. Na mensagem que então enviou ao Congresso dos Estados Unidos, o presidente declarou o direito de os Estados Unidos policiarem o mundo, ao mesmo tempo em que instruiu seus emissários à América Latina a se valerem do provérbio africano que recomenda falar macio, mas carregar um porrete grande.

Se a idéia desse ato público foi de Washington, deveríamos ter ponderado, com toda a elegância diplomática, a sua inconveniência. Se a sugestão partiu do Itamaraty ou do Planalto, devemos lamentar a imprudência. Com todos os seus méritos, a presidência Obama ainda não conseguiu amenizar o sentimento de animosidade de grande parte do povo brasileiro com relação aos Estados Unidos. Afinal, nossa memória guarda fatos como os golpes de 64, no Brasil, de 1973, no Chile, e ação ianque em El Salvador, em 1981, e as cenas de Guantánamo e Abu Ghraib.

O Rio de Janeiro é uma cidade singular, que, desde a noite das garrafadas, em 13 de março de 1831, costuma desatar seu inconformismo em protestos fortes. A Cinelândia, como outros já apontaram, é o local em que as tropas revolucionárias de 1930, chefiadas por Getúlio Vargas, amarraram seus cavalos no obelisco então ali existente. Depois do fim do Estado Novo, foi o lugar preferido das forças políticas nacionalistas e de esquerda, para os grandes comícios. A Cinelândia assistiu, da mesma forma, aos protestos históricos do povo carioca, quando do assassinato do estudante Edson Luis, ocorrido também em março (1968). Da Cinelândia partiu a passeata dos cem mil, no grande ato contra a ditadura militar, em 26 de junho do mesmo ano.

Não é, convenhamos, lugar politicamente adequado para o pronunciamento público do presidente dos Estados Unidos. É ingenuidade não esperar manifestações de descontentamento contra a visita de Obama. Além disso –e é o mais grave– será difícil impedir que agentes provocadores, destacados pela extrema-direita dos Estados Unidos, atuem, a fim de criar perigosos incidentes durante o ato. Outra questão importante: a segurança mais próxima do presidente Obama será exercida por agentes norte-americanos, como é natural nessas visitas. Se houver qualquer incidente entre um guarda-costas de Obama e um cidadão brasileiro, as consequências serão inimagináveis.

Argumenta-se que não só Obama, como Kennedy, discursaram em público em Berlim. A situação é diferente. A Alemanha tem a sua soberania limitada pela derrota de 1945, e ainda hoje se encontra sob ocupação militar americana. Finalmente, podemos perguntar se a presidente Dilma, ao visitar os Estados Unidos, poderá falar diretamente aos novaiorquinos, em palanque armado no ‘Times Square’.”

FONTE: postado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim no seu portal “Conversa Afiada” (http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2011/03/18/comicio-da-cinelandia-cade-o-patriota/).e (http://www.conversaafiada.com.br/mundo/2011/03/17/santayana-nao-gosta-de-obama-na-cinelandia/).

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