EMB 190 o principal produto de venda da EMBRAER está no meio ciclo de vida. A sua substituição é a preocupação da atual administração da empresa
Por Henrique Gomes Batista, no “O Globo”
“Frederico Curado sorri quando diz que está voltando a sentir os negócios surgirem na Embraer, embora admita que o tempo das grandes compras, de 100 aviões por vez, acabou. E, por isso, o presidente da Embraer busca maior diversificação, que inclui projetos militares.
-Como estará a Embraer em dez anos?
FREDERICO CURADO: Vejo uma empresa maior, mais diversificada, mais eficiente e com pessoas mais motivadas. Vejo uma empresa melhor.
-O presidente da Airbus disse que teme a China mais que a Embraer. O senhor concorda que a empresa chinesa será a grande surpresa?
CURADO: A chance é que a surpresa seja a China, sim. Por que não nós? Brasil e Embraer estão à frente da China e de sua empresa de aviões. Diria que estamos uma década à frente deles.
Mas a força da China com um planejamento estratégico bem definido é algo impressionante. É o Estado chinês colocando toda a sua força, todo seu capital e todo o seu mercado interno nessa frente. Eles podem se tornar uma força. Não acredito nisso a curto prazo, não acho que será com esse avião que estão desenvolvendo, talvez seja no próximo, daqui a 15, 20 anos. O que nos coloca próximos de Boeing e Airbus é que atuamos com todas as linhas aéreas de grande porte. Temos 60 clientes pelo mundo afora. Isso é uma bagagem importante, não basta desenvolver um bom avião.
-Como encarar a concorrência?
CURADO: Nós temos que encarar, temos tentado estar tão próximos deles quanto possível. Tivemos uma fábrica lá, queríamos fabricar lá o ERJ-190 (avião de até 120 lugares), mas não foi possível. Vamos fabricar o Legacy (jato executivo). Muitos dizem que o mercado de jatos executivos não tem futuro na China. Digo o contrário, está no planejamento estratégico do país e estaremos lá, seremos o primeiro a fabricar naquele mercado. Hoje, a China tem 70 aviões executivos, isso é menos do que há agora em Congonhas. O mercado vai crescer e na China, tudo é rápido.
-Uma das novas frentes da Embraer é o cargueiro militar KC-390. Como será esse mercado?
CURADO: Esse avião pode ser algo como foi o ERJ-145, que foi o grande salto da Embraer. Hoje, só há praticamente o Hércules. Nosso avião será um jato, melhor e mais econômico. Vai servir para levar tropas, distribuir alimentos, abastecer outras aeronaves. Será o maior avião que vamos fabricar, será algo robusto. Estimamos conquistar 20% desse mercado, pois sabemos da força americana em vender seus produtos militares. Mas essa fatia, conservadora, significa 700 aviões em 20 anos, com preço entre US$ 80 milhões e US$ 100 milhões cada.
-A Embraer tem comprado diversas empresas de defesa, mudou sua razão social para atuar em outras frentes além de avião.
CURADO: Temos que diversificar. A aviação vive de ciclos. Saímos agora dessa crise esperando a próxima, que certamente virá, espero que não nos próximos 20 anos (risos). Hoje, temos 10% do nosso faturamento nos segmentos de defesa e segurança, seria bom que dobrássemos isso em cinco ou dez anos. O setor de defesa dá um faturamento mais seguro.”
FONTE: reportagem de Henrique Gomes Batista publicada no “O Globo” e transcrita no site “DefesaNet” (http://www.defesanet.com.br/aviacao/noticia/2148/Entrevista-FREDERICO-CURADO----Uma-decada-a-frente-dos-chineses--).
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