sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O “11 DE SETEMBRO” E O “20 DE MARÇO”


Por Romeu Prisco

“Não bastasse tudo que a imprensa mundial, nas suas diversas modalidades, publicou nos últimos quinze dias sobre a "epopéia do 11 de setembro norte-americano", eis que venho eu acrescentar a minha participação nesse explorado e saturado tema. Porém, pretendo fazê-lo de forma diferente, mesmo porque não consigo conter o ímpeto para tanto.

Todos os americanos sabem o que a data de 11 de setembro passou a representar na história dos EUA, assim como também o sabe boa parte do resto do mundo. Aliás, a mídia comandada por Tio Sam é pródiga em divulgar essa data, tanto quanto costuma divulgar o "Independence Day", o "Dia de Ação de Graças" e o "Halloween", muito conhecidas pelos povos de outros países, mais, até, que as datas históricas das suas respectivas nações. A poderosa indústria cinematográfica norte-americana tem uma grande parcela de colaboração naquelas divulgações, tão grande que, inclusive, as cerimônias públicas norte-americanas, fúnebres ou festivas, levam um toque das produções de Hollywood.

Lá estavam os atuais Presidente e Vice-Presidente, bem como ex-Presidentes, com suas esposas, atrás de vidros blindados, homenageando as vítimas do suposto atentado terrorista, tendo como cenário um deslumbrante espelho d`água, cercado de uma planilha de bronze, onde foi gravado o nome de pouco mais de três mil "heróis". Obviamente, nenhum americano ali presente, salvo um ou outro que se encontrava nos palanques, saberia responder o que o 20 de Março pode significar para si, ou para terceiros.

Pois bem, o 20 de Março nada mais é que o 11 de Setembro dos iraquianos. Trata-se do dia e mês, do ano de 2003, em que se iniciou um cruel, brutal, covarde e imotivado atentado praticado pelo terrorismo "oficial", que usa paletó e gravata, barbeia-se diariamente, tem seus atos aprovados formalmente por um Congresso legalmente constituído e dorme com a Bíblia na cabeceira da cama. Ou, se se preferir, porta o Livro Sagrado na mão esquerda e um Smith Wesson/38 na mão direita. Esse ato terrorista, de caráter permanente, ainda em andamento, simplesmente devastou um país.

Não se viu nenhum representante da mídia no local de Bagdá, onde se encontrava a estátua do "ditador" Saddam Hussein, dizendo que ali será colocado um enorme espelho de cristal, a fim de reproduzir a vergonha na cara, que os invasores devessem ter, ao postarem-se na sua frente. Nem imaginar escrever o nome de centenas de milhares de vítimas do atentado, meramente por falta de espaço. Nenhuma entrevista com os sobreviventes, que perderam maridos, esposas e filhos, quanto ao futuro que os aguarda e à expectativa de vida. Nenhuma palavra sobre a provável, se possível, reconstrução do Museu Mesopotâmico, patrimônio histórico da humanidade, que os vândalos destruíram.

Fossem as autoridades públicas norte-americanas portadoras de um mínimo de decência, teriam enviado, no 11 de Setembro, uma delegação ao Iraque, composta de congressistas, sob o comando do Vice-Presidente Executivo, para pedir desculpas à população daquela nação e assumir, solenemente, o compromisso de reerguer o país, fazendo, desde logo, a entrega da primeira parcela de substancial numerário destinado àquela finalidade. Quem sabe, assim, a mídia mundial se fizesse presente, dando destaque ao "gesto de humildade e de solidariedade das vítimas privilegiadas às suas vítimas carentes".

Pensando bem, convenhamos, isso não seria possível. Afinal, o Iraque não dispõe de um cenário compatível para desempenho de atores de tamanha grandeza, apesar de coadjuvantes. O que dizer, então, dos figurantes ? Mulheres usando "burka", sem mostrar o rosto, homens sujos, barbudos e, o que seria mais inconveniente, não sabendo falar inglês.

Ainda não perdi a esperança de ver os genocidas George W. Bush e Donald Rumsfeld sentados no banco dos réus do Tribunal Penal Internacional, embora ambos merecessem um julgamento encomendado, como fizeram com Saddam Hussein, diante de uma corte de araque.

‘The show must go on’ !”

FONTE: escrito por Romeu Prisco, advogado e ator. Publicado no site “Direto da Redação” (http://www.diretodaredacao.com/noticia/o-11-de-setembro-e-o-20-de-marco).

9 comentários:

Probus disse...

Dez anos do golpe nos EUA

Por Adriano Benayon

Enviado por BEATRICE

1. Há dez anos foi perpetrada a implosão das Torres Gêmeas em Nova York. No mesmo dia foi lançado míssil sobre uma ala do Pentágono, em Washington.

2. Está comprovado – exceto oficialmente, é claro - que esses crimes só podem ter sido mandados cometer por gente com poderes sobre as forças de defesa e segurança dos EUA, com autoridade sobre o território dos EUA, tendo à disposição recursos materiais e tecnológicos dos mais avançados.

3. Que isso surpreenda a maioria das pessoas ilustra o poder tirânico da oligarquia financeira anglo-americana, que controla a grande mídia e os formadores de opinião que a esta tem acesso. Demonstra, ademais, que essa oligarquia está obtendo os resultados da desinformação massiva e os do abaixamento do nível cultural, dos valores éticos e da capacidade de discernimento dos povos, que promove, desde há mais de um século, em escala crescente, para submeter a humanidade á sua tirania.

4.Atentemos para os esclarecimentos da Associação Arquitetos e Engenheiros pela Verdade, formada nos EUA por 1.500 engenheiros e arquitetos, acessíveis em Truth-Out.

5. Em vídeo, mais de 20 engenheiros e arquitetos, altamente qualificados, expõem, com clareza, que as torres gêmeas - e o prédio ao lado, o WTC - ruíram verticalmente, em 7 segundos, por meio de implosão perfeita. O engenheiro brasileiro Thomas Fendel assinala que implosões convencionais não conseguem isso, nem em sonho.

6. Aimplosão realizada só podia ser feita por pessoal especializado e preparada durante meses. Tem de ser calculado cada local onde os explosivos de extraordinário poder calorífero (nanothermite) são colocados. Essa técnica fez derreter as vigas de aços especiais, sem o que as torres não cairiam como caíram. Foram literalmente pulverizadas, algo impossível sem essa técnica, à luz das leis da física elementar, como lembra Fendel.

7. Em 14.09.2009, o Prof. David Ray Griffin publicou artigo “The Mysterious Collapse of WTC Seven - Why NIST’s Final 9/11 Report is Unscientific and False” (Porque o Relatório Final do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia sobre o 11/9 é falso e não-científico). Cito: “Um relatório de cientistas, inclusive o químico Niels Harrit da Universidade de Copenhague, mostrou que a poeira do WTC continha nanothermite, explosivo de alto poder – diferente da thermite ordinária, que é só incendiária. O relatório, assinado, entre outros, por Steven Jones e Kevin Ryan, só foi publicado em 2009.”

8. Como consta do site dos engenheiros pela verdade, o coronel-aviador Razer, da Força Aérea dos EUA, está 100% convencido de que as três torres do WTC foram destruídas por demolição controlada, implodidas com explosivos. Ele é um dos pilotos de maior experiência, no mundo, em todo o tipo de aviões, e em matéria de destruição de edifícios de aço e concreto. Para Razer está claro que a implosão não foi orquestrada por um bando de amadores muçulmanos liderados por um sujeito metido numa caverna no Afeganistão (Bin Laden).

9. Ademais, só pessoas autorizadas podiam ter acesso às Torres, para realizar o serviço, o que, claro, não inclui islâmicos desempregados, que mal falam inglês e não têm como obter visto de entrada nos EUA (os brasileiros que fazem fila nos Consulados norte-americanos conhecem as exigências).

10. Os islâmicos acusados pelo atentado, presos e torturados, jamais teriam:

1) formação, especialização e experiência para montar e realizar a implosão;
2) acesso aos edifícios conduzindo explosivos (nem eles, nem qualquer pessoa sem o respaldo dos serviços inteligência do governo dos EUA);
3) sequer a possibilidade de ingressar nos EUA sem o patrocínio desses serviços;
4) a menor condição de pilotar os aviões nas manobras para atingir as Torres, com cursinhos de piloto na Flórida no esquema montado pela CIA de recrutar os bodes expiatórios.

Probus disse...

11. Pilotos profissionais e experimentados, de jatos como o Boeing 754, afirmaram que nem eles conseguiriam fazê-lo. Como os aviões bateram nas torres é pergunta que fica no ar. Telecomando? Não sei.

12 Conforme peritos, o calor gerado por queima do carburante de aviões não é, nem de longe, capaz de fazer derreter as estruturas dos andares atingidos, para nem falar dos demais, e tudo ruiu em bloco. Além disso, ruiu também o WTC 7, sem ter sido tocado por qualquer aeronave.

13. Outro ponto é o seqüestro dos aviões: como tudo foi facilitado desde ao aeroporto etc.. Mais notável: os radares da Força Aérea dos EUA detectam o desvio de rota de qualquer avião e têm procedimento padrão para fazer imediatamente decolar seus caças supersônicos. Não corrigida a rota, depois do aviso, os pilotos dos caças o abatem.

14. Por que o desvio durou quase uma hora, até que os aviões se chocassem com as Torres Norte e Sul? Claro que os pilotos da Força Aérea receberam ordens para não sair do chão.

15. Isso se relaciona com a única das nove questões básicas da Comissão de Cidadãos dos EUA, respondida pelo governo estadunidense: “Everyone “goofed” that day, according to the Bush administration and the 9/11 Commission (todos bobearam, segundo a administração Bush e a comissão oficial).

16. Por essa resposta pode-se, sem muita ironia, dizer que o governo dos EUA nem precisa responder as demais. Se ele tivesse alguma seriedade e dissesse a verdade, os militares e civis responsáveis, no melhor dos casos, pela injustificável negligência teriam de ser submetidos à corte marcial e exemplarmente punidos.

17. Mas que aconteceu? Eles foram promovidos. Como não supor que foram recompensados? Por quê? Por terem sido cúmplices, cumprindo ordens contrárias aos regulamentos, às Leis e à Constituição de seu país. Pior que isso: ordens de traição a seu país, a não ser que se confundam os EUA com a oligarquia financeira que ali exerce sua tirania.

18. Eis, a seguir, perguntas da Comissão de Cidadãos dos EUA (omito as de ns. 5 e 7 por pouco acrescentarem ao dito acima):

1. Como poderiam ser sequestrados quatro aviões comerciais, que voaram no espaço aéreo dos EUA durante até 46 minutos sem envolvimento militar?

2. Como dois aviões comerciais poderiam causar implosão semelhante à das demolições planejadas nos dois edifícios mais altos do mundo, dotados de estruturas de aço?

3. Como o FBI identificou os 19 “sequestradores árabes”, se nenhum nome árabe aparece na lista de passageiros, nem da de tripulantes em qualquer das aeronaves?

4. O trabalho rápido do FBI em identificar os 19 “sequestradores” e a rede Al Qaeda de Bin Laden (sem provas) não sugere que o governo tinha conhecimento prévio de um ataque?

6. Por que empreiteiros começaram a retirar destroços antes de os investigadores estudarem a cena do crime?

8. Por que não foram achadas partes do Boeing 757 - asas, fuselagem, trem de aterrissagem, motores? Por que não havia restos de passageiros nem de suas bagagens?

9. Dúzias de câmeras de vigilância dentro e fora do Pentágono teriam gravado imagens de alta qualidade do que aconteceu. Por que nenhuma foi usada como prova para sustentar a teoria governamental do Boeing 757?

19. Em razão do que precede e à luz do que o governo dos EUA fez após os fatos de 11 de setembro de 2001, é lícito concluir que eles foram um golpe de Estado de terríveis consequências para quem mora nos EUA ou ali vai, e ainda piores no exterior. Isso será objeto de outro artigo.

20. Desde já, diga-se que o povo dos EUA vem sendo aterrorizado e ludibriado. Com a aprovação da Lei Patriot II (a Patriot I o fora na época de Clinton, após outro atentado), foi ainda mais radicalizado o estado policial, podendo ser presa qualquer pessoa sem ordem judicial, em função de simples suspeita por parte dos órgãos de segurança.

Probus disse...

21. Que dizer dos países vitimados pelas bombas de urânio que mísseis e aviões dos EUA e de seus satélites lançaram, em seguida, no Afeganistão e logo no Iraque, depois em outros países e recentemente na Líbia, destruindo infra-estruturas e matando mais de um milhão de pessoas?

*Adriano Benayon é Doutor em Economia. Autor de “Globalização versus Desenvolvimento”, editora Escrituras.

e-mail: abenayon@brturbo.com.br

http://redecastorphoto.blogspot.com/search?updated-max=2011-09-14T21%3A36%3A00-03%3A00&max-results=8

Probus disse...

É preciso demolir o prédio Freedom Tower

Por Tom Engelhardt, Counterpunch e Asia Times

Tear down the Freedom Tower

Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu

Chega. Acabou.

Estou falando das cerimônias do 10º aniversário do 11/9, e tudo que as acompanha: a leitura solene dos nomes dos mortos, o repicar de sinos, as homenagens aos primeiros que apareceram para ajudar, a reunião de dois presidentes, a inauguração do novo memorial, os momentos de silêncio. E da construção que nunca para.

Fechar aquilo lá. Fechar. Fechar o Marco Zero. Adeus turistas. Fechar o “Reflexo da ausência” [orig. “Reflecting absence”] o memorial erguido sobre “as pegadas” das antigas torres, com as árvores, as piscinas gigantes, as muitas quedas d’água – e o melhor é que tudo seja fechado ainda antes da inauguração, depois de amanhã, domingo. Parem as máquinas que estão construindo o Museu Nacional do 11/9 (subterrâneo), com inauguração prevista para 2012. Que nunca seja inaugurado.

É preciso demolir a Torre da Liberdade (novo nome do prédio 1 do Centro Comercial Mundial [orig. World Trade Center], escolhido para nos fazer esquecer que as guerras norte-americanas ‘por liberdade’ nada têm a ver com liberdade), 102 andares “do mais caro arranha-céu jamais construído nos EUA”. (Custo estimado: $3,3 bilhões.)

Parem imediatamente a construção do prédio-monumento à húbris, à arrogância, mais de meio quilômetro de altura, projetado nos dias de glória de George W Bush e que se destaca contra o céu de Manhattan como provocação ensandecida aos terroristas do futuro. Ponham abaixo também o que já exista das três outras torres de escritórios que estão sendo erguidas, negócios azeitados pelos 11 bilhões de dólares do programa estatal de reconstrução.

Temos de nos livrar de tudo isso. Se alguém algum dia quisesse preservar, para sempre inesquecível o 11/9, melhor seria deixar lá, intocadas, as ruínas descomunalmente gigantescas das torres destruídas.

Que cada norte-americano pergunte a si mesmo: dez anos já vividos da era pós-11/9, será que ainda não aprendemos nada? Zero? Coisa alguma?

Se tivermos algum respeito genuíno pela história da humanidade, ou se nos restar alguma decência humana, não será hora de arrancar o Band-Aid que encobre nossas chagas, e arrancar para sempre o 11/9 de nossa consciência coletiva?

Quem queira conservar alguma memória, alguma lembrança, algum luto, que, pelo menos, ponha-se a gritar que a morte de seus entes queridos NÃO PODE ser invocada para explicar as guerras inexplicáveis no Iraque e no Afeganistão e a nossa (“Oh! Como é global a minha guerra!”) “guerra ao terror”.

Que ninguém nunca mais invoque o 11/9 para manter o Pentágono e o “estado nacional de segurança abarrotado de dinheiro”.

Que ninguém nunca mais invoque o 11/9 para justificar agressões às liberdades civis, cada um e todos os procedimentos de vigiar cidadãos nos EUA, as novas apalpações, os novos “dispa-se” que mantêm o medo em níveis altíssimos, e deixam à vista o estado de “segurança da pátria”.

Os ataques de 11/9 foram, em todos os sentidos, horríveis. E o mais triste é que as vítimas daquelas monstruosidades suicidárias foram e continuam até hoje maltratadas, desde aquele dia, sob a máscara de um falso respeito, de uma falsa rememoração.

Os EUA tornaram-se dependentes dos cadáveres de 11/9 – que não se podem defender eles mesmos contra o modo como vêm sendo usados – como explicação com mil e uma utilidades da nossa inexcedível bondade e do horror que outros fizeram desabar sobre nós. Simultaneamente, apagam-se os muitos mortos – calculados em novas torres, quantas seriam? – que os EUA provocaram e continuam provocando no Iraque, no Afeganistão, sangue que mancha as nossas mãos.

Não chegou afinal a hora de esquecer as mentiras? De deixar partir os mortos? Por que tanto insistir em repetir o mantra do 11/9, como culto de alguma religião antiga, se todos já sabemos que os EUA, como nação, não sabemos o que fazer do nosso passado de guerras de agressão – e, pior ainda, que nada fizemos para merecer absolvição?

Probus disse...

O melhor que teríamos a fazer seria entregar ao esquecimento o 11/9. Se, pelo menos, pudéssemos esquecer! Claro que não podemos. Mas, pelo menos, poderíamos pôr fim às cerimônias-espetáculo.

Podemos, sim, parar de recorrer ao 11/9 para explicar o inexplicável. Podemos, sim, parar de usar aqueles mortos para que os EUA, como nação, finjam que se sentem um pouco melhores. Não somos nação que mereça qualquer consolo. Que, pelo menos, deixássemos os mortos em paz, e cuidássemos, nós mesmos, de nos olhar, nós, os vivos, com menos condescendência.

Cerimônias da húbris, do orgulho arrogante

Menos de 24 horas depois dos ataques de 11/9/2001, o primeiro jornal já batizara o local, em New York, de “Marco Zero” [ing. “Ground Zero”]. Como se alguém precisasse de algum sinal de que estávamos já descarrilando, como avaliação errada do que realmente acontecera. Puseram-se então aos gritos de “agora, chega!”

Antes daquele dia, a expressão “marco zero” só tivera um significado: sempre designou o ponto em que a bomba atômica explodiu em Hiroxima.

Os fatos do 11/9 são, nesse sentido, bem simples. Não foi ataque nuclear. Não foi o apocalipse. A nuvem de poeira onde antes houvera as torres, não era cogumelo, nem a poeira era radiativa. A civilização não estava ameaçada de morte. Sequer a existência dos EUA foi ameaçada. Sequer a vida da cidade de New York.

Espetacular como imagens, e terrível pelo número de vítimas, a operação não foi mais tecnologicamente avançada que o ataque falhado contra uma das torres do mesmo Centro Comercial Mundial em 1993, por radicais que alugaram um caminhão Ryder e o carregaram de explosivos.

Ao lado da primeira irrealidade, logo veio a segunda. Quase imediatamente, Republicanos conhecidos, como o senador John McCain, acompanhados do presidente George W Bush, de altas figuras do governo e, pouco depois, num frenético rufar de tambores de apoio e concordância, toda a imprensa-empresa dos EUA, decidiram que “Estamos em guerra”. Aconteceu exatamente assim. Apenas três dias depois dos ataques, Bush declararia que aquela seria “a primeira guerra do século 21”. Qual o problema? Simples: o problema é que não havia guerra alguma. Os EUA não estávamos em guerra.

Por mais esforço que a imprensa-empresa tenha investido para implantar essa fantasia, o Marco Zero não foi Pearl Harbor. Al-Qaeda nunca foi o Japão, nem a Alemanha Nazista. Sequer a União Soviética. A Al-Qaeda nunca teve exército, não tem dinheiro suficiente para tanto, não é Estado (embora conte com a proteção mínima do fraco governo do Afeganistão – terra das mais miseráveis, mais pobres, mais atrasadas do planeta).

E mesmo assim – mais um sinal de para onde os EUA estávamos indo – quem quer que sugerisse que não havia ato de guerra, que o ataque fora crime e exigia ação da polícia internacional, era alvo de risadas (ou de humilhação ou de insulto) e expulso dos lares norte-americanos [2]. E assim o império preparou a retaliação (exatamente como Osama bin Laden desejou que o império fizesse), numa “guerra” apocalíptica, planetária, guerra para dominar, mascarada como guerra para sobreviver.

Enquanto isso, o populacho foi bombardeado com propaganda, repetitiva, massiva, de costa a costa, dos ritos do 11/9, enfatizando que os norte-americanos teriam sido as maiores vítimas, eram os gloriosos sobreviventes e seriam, no futuro, os mais fortes dominadores do planeta Terra.

Assim, os mortos do 11/9 foram convertidos em agentes potenciais de recrutamento, a serviço de um revitalizado American way of war [modo americano de fazer guerra].

Por tudo isso, nos curtos meses de “missão cumprida” depois de caírem Kabul e, em seguida, Bagdá, a arrogância norte-americana, a húbris, não conheceu limites. E foi naquele momento – não no 11/9 – e foi essa arrogância sem limites, que inspiraram e ainda inspiram a construção dessa gargantuesca “Torre da Liberdade” e do projeto imobiliário de 10 bilhões de dólares, à guisa de memorial erigido no local onde ocorreram os ataques.

Probus disse...

O memorial que lá está – inaugurado ontem, 11/9/2011. É memorial àquela húbris, memorial erigido à arrogância imperial.

No dia que marca 10 anos do 11/9/2001, para potência imperial em frangalhos, visivelmente decaída, visivelmente em deterioração, que se debate à beira do desastre financeiro, da paralisia política, que vive tempos de crise econômica sem precedentes, em que a infraestrutura está em desintegração, que não oferece emprego aos seus cidadãos, que lhes tirou empregos, moradia, assistência médica pública... tudo isso já deveria ser evidente e óbvio. Mas não. Ainda nada nos dizem, aos norte-americanos, sobre a terapia de choque de que precisamos.

Enterrar as piores carências da vida dos norte-americanos

Mesmo hoje, é lugar comum falar do Marco Zero como “Campo Santo” [3]. Nada mais falso. Dez anos depois, é campo desfigurado, e nós o desfiguramos. Tudo poderia ser diferente. Os ataques do 11/9 poderiam ter sido como a Blitz, em Londres na 2ª Guerra Mundial. Algo que se recordasse para sempre com orgulho, queixo trêmulo e tudo.

E se tivéssemos de recordar só a reação de quem estava em New York City, vivos e mortos, os primeiros a reagir e os últimos a aparecer, os que criaram memoriais improvisados e centrais de mensagens para localizar os desaparecidos em Manhattan, ainda poderíamos lembrar com orgulho, do 11/9.

Em termos gerais, os novaiorquinos são respeitosos, calorosos, atenciosos, não vingativos. Nada tinham planejado, antes do dia 12/9/2001, que os ajudasse a enfrentar aqueles cerca de 3.000 mortos. Não estavam preparados no momento da catástrofe para – como disse o secretário da Defesa Donald Rumsfeld, em formulação clássica – “ser massivo. Remexer em tudo, varredura total. Coisas relacionadas e coisas sem relação alguma”.

Infelizmente, não eram as medidas que o momento pedia. Como resultado, os usos que demos ao 11/9 na década que transcorreu desde aquele dia só fizeram destacar os traços de covardia, não de coragem. Se permitimos que o 11/9 seja usado na próxima década, como foi usado na década passada, os EUA passaremos à história como nação de covardes.

Poucos eventos nesse planeta dos vivos são mais importantes, ou mais humanos, que o enterro e a lembrança dos mortos. Os seres de Neanderthal já enterravam os mortos, talvez com flores. Há dezenas de milhares de anos, os primeiros humanos, de Cro-Magnon, já faziam cerimônias elaboradas de atenção aos mortos, um deles, pelo menos, foi encontrado envolto em mortalha na qual se bordaram 3.000 contas de marfim, objeto de reverência talvez e, mesmo, para que fosse lembrado. Tudo que se sabe da pré-história do homem, dos primórdios da história, foi aprendido de túmulos construídos para os mortos.

Claro que é nosso dever, nesse vale de lágrimas, lembrar os mortos, os mais próximos e os mais distantes. Muitos dos que amavam e eram próximos das vítimas do 11/9 certamente apreciam as cerimônias anuais celebradas em homenagem a esposas, maridos, amantes, crianças, mães, pais, irmãos, irmãs. Merecem um memorial, em nome do pesadelo do 11/9. Mas os que não morremos não merecemos memorial algum.

Se o 11/9 foi pesadelo, o memorial e o Marco Zero apresentados como locais “sagrados” nada são além de cheque em branco que permitiu criar os “EUA, estado de guerra”, começo de uma viagem sem fim rumo ao inferno.

O memorial e o Marco Zero ajudaram a empurrar os EUA para campos de morticínio, que cobrem de vergonha os mortos do 11/9.

Todos os mortos, claro, serão esquecidos, mais cedo ou mais tarde, por mais que nos agarremos às lembranças e por mais memoriais que se construam. Guardo comigo um memorial privado pelo qual homenageio meu pai e minha mãe, mortos. Sempre que folheio o álbum de fotos da infância de minha mãe, só reconheço o rosto dela cercado de rostos desconhecidos, e sei que já não há ninguém na face da terra que pergunte por eles. E quanto eu morrer, esse meu memorial mínimo em homenagem àqueles mortos irá comigo.

Probus disse...

Esse, mais cedo ou mais tarde, será o destino de todos que foram assassinados dia 11/9/2001, naqueles prédios em New York, naquele campo na Pensilvânia e no Pentágono, além de todos que sacrificaram a vida tentando salvá-los, ou que estejam morrendo hoje, por ferimentos daquele dia. Nessas circunstâncias, quem não pensaria em relembrá-los de modo especial?

É terrível pedir aos que ainda choram os mortos do 11/9 que não se prestem ao espetáculo público da lembrança. Mas muito pior é o que se vê: repetidas solenidades em que se homenageiam, não mortos amados, mas sempre, e só, o estado de guerra em que os EUA converteram-se e a plena realização dos mais ensandecidos sonhos de Osama bin Laden.

A memória é, em geral, importante patrimônio de todos. Mas nesse caso, sairemos melhores disso tudo, se esquecermos.

É hora de enterrar todas as misérias que cresceram na vida nos EUA desde o 11/9/2001 e todas as cerimônias que santificam aquelas misérias, anualmente, há dez anos. O melhor é fazer o funeral dessas misérias no mar, com Bin Laden. De modo que, livres da guerra, os EUA possamos relembrar nossos mortos como deve ser, sem espetáculo, longe das câmeras de televisão: em silêncio.

Mas, sobretudo, em paz.

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Notas dos tradutores

[1 Freedom Tower, “Torre da Liberdade”, é o nome ridículo que a empresa construtora deu a um dos vários prédios que estão sendo construídos no local onde ficavam as torres gêmeas do World Trade Center que Osama bin Laden pôs abaixo, dia 11/9/2011 – no que é e por muitos anos continuará a ser o mais impressionante ato de guerra de todos os tempos, disputado e vencido no coração do território do inimigo. Veja o Projeto do prédio. A construção desse conjunto de prédios foi matéria do noticiário “Bom dia Brasil”, da rede Globo em 9/9/2011. O artigo que aí vai, portanto, é resposta também àquela baboseira desnoticiosa, desinformativa e de ativa propaganda imobiliária-ideológica antijornalística.

[2] Sobre isso, ver CHOMSKY, Noan, 2011, “Havia alternativa? Revisitando o 11 de setembro uma década depois”, em português, em vários blogs, entre os quais Esquerda.net. Para Chomsky, os ataques do 11/9 deveriam ter sido objeto de denúncia à polícia internacional, prisão dos denunciados, se condenados e fim de papo.

[3] “Hollowed Ground” é título de um filme de horror (2007) (em ); nesse caso, pode ser traduzido como “cemitério mal assombrado”. Grafado como “Hollowedgrounds” é título de um documentário (2009) sobre vários cemitérios onde estão enterrados, em todo o mundo, soldados norte-americanos; nesse caso, pode ser traduzido como “campo santo”.

http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/09/e-preciso-demolir-o-predio-freedom.html

Unknown disse...

Probus,
Muito obrigada pela excelente contribuição sobre o tema. Para mim e para os leitores deste blog. Ótimos artigos. Compartilho com o ceticismo e com a maior parte das dúvidas dos autores. Isso desde 2001, quando tive a oportunidade de assistir ao vivo na TV a cabo logo após o 1º impacto. Não pensei assim por preconceito contra os EUA, mas por lembrar antecedentes da história norte-americana, com várias similitudes conceituais com aqueles "atentados que exigiram justa vingança" [sic] em outros países.
Maria Tereza

Probus disse...

"Eles", os PIRATAS, os GENOCÍDAS, os VERDADEIROS TERRORISTAS, são movido a sangue (dos outros...)

USS New York é o navio de guerra norte-americano forjado com 24 toneladas de metal extraído dos destroços do World Trade Center, sendo o quinto de uma nova série de navios de combate, projetada para missões que incluem operações especiais contra terroristas (sic).

Oferece suporte para 360 tripulantes e 700 fuzileiros prontos para serem desembarcados por helicóptero ou embarcações de assalto.

O metal oriundo dos destroços do World Trade Center foi processado em uma usina em Amite, Los Angeles, para compor o casco do navio.

Qual o lema do navio? “Never forget” = NUNCA SE ESQUEÇA...