domingo, 18 de setembro de 2011

OS CHINESES NÃO SÃO “OTÁRIOS”


“O preço da insensatez do combate incessante à Petrobras feito pela nossa imprensa pode ser sentido com a matéria e o gráfico que a 'Folha de S. Paulo' publicou na última 2ª feira (13).

Nada menos que 20 empresas chinesas da cadeia de suprimento da indústria de petróleo e gás pretendem, segundo o jornal, instalar-se no Brasil este ano, de olho em encomendas de equipamentos e serviços que podem chegar a US$ 400 bilhões nos próximos nove anos.

Ainda que possa haver um pouco de exagero nos números, é um movimento gigantesco.

O Brasil, porém, parece que não se deu conta dessa importância. Nossa imprensa e boa parte dos políticos continuam mais preocupados com a divisão dos royalties do petróleo do que com a imensa máquina econômica que ele coloca em movimento.

Nós, ao contrário dos chineses, não temos uma política de permitir que esses fornecedores cheguem aqui sob a forma de ‘joint-ventures’ –associações empresariais sem aquisição ou controle de uma pela outra– com empresas nacionais, que permitam o desenvolvimento econômico e tecnológico de empresas brasileiras na área de metal-mecânica e de aços especiais, fortemente desnacionalizadas durante a década [demotucana] de 90.

Os esforços, nessa área, se resumem ao trabalho da Petrobras, apoiada pelo BNDES, na tentativa de formar um parque de fornecedores nacionais. Esforços imensos, como o feito para a produção pelo Brasil de sondas de águas profundas, são tratados, senão com indiferença, até com hostilidade por muitos setores empresariais e da mídia.

É o caso da desconhecida “Sete Brasil”. Foi preciso que a Petrobras e o BNDES fizessem quase uma “vaquinha” para que os bancos Santander, Bradesco, BTG Pactual e Caixa Econômica Federal, e os fundos Previ, Petros, Funcef, Valia e “Lakeshore Financial Partners Participações” formassem uma empresa e topassem entrar num grande negócio, em associação com “Estaleiro Atlântico Sul”: o de produzir aqui os navios sonda para explorar o que é certo existir: um mar de petróleo no pré-sal.

Em lugar de isso ser saudado como uma grande vitória do país, a reação é a de alegar que seria “desperdício”, porque as primeiras unidades vão custar mais 10 ou 15% do que a simples aquisição externa, sem considerar que não apenas os recursos ficam aqui como, sobretudo, fica o aprendizado de como fazer esses equipamentos.

Não temos, infelizmente, um empresariado capaz, ou uma elite interessada em fazer o que os próprios chineses fazem por lá em relação às empresas estrangeiras: sejam bem-vindas, trabalhem aqui, mas trabalhem conosco. Não há uma empresa que se instale na China que não tenha de cumprir exigências de associações locais ou adequação de produtos. E não é por isso que as gigantes mundiais deixam de se instalar por lá. E quando se aventuram pelo mundo, alguém duvida que o fazem com incentivo e subsídio de seu governo?

Aqui, a conversa é outra. A simples exigência de conteúdo nacional e inovação tecnológica já “espanta” o empresariado, mesmo quando é incentivada por desonerações fiscais. Querem menor carga tributária, querem pessoal qualificado, querem competitividade, mas, salvo exceções admiráveis, querem tudo isso sem investimento. E o nosso setor financeiro, que está corado e cheio de recursos, foge como o diabo da cruz de investir na produção [nacional].

A preocupação de suas diretorias “profissionais” é apenas a lucratividade imediata –o “retorno aos acionistas”– que deixa de ver a importância de negócios que, embora de lenta maturação, são sustentáveis, lucrativos e estratégicos.

O caso da encomenda de 12 supergranaleiros –os maiores do mundo– feita no exterior pela Vale [escandalosamente privatizada "ou doada?" no governo FHC/PSDB] é emblemático. Por uma pequena economia imediata e um prazo menor, deixaram [a Vale] de ser sócios da indústria naval brasileira, vendendo seu próprio ferro –e aço, se quisessem investir– para a fabricação dos navios.

Os nossos nossos “espertos”, a médio prazo, são muito otários.”

FONTE: escrito por Fernando Brito e publicado no blog “Projeto Nacional”  (http://blogprojetonacional.com.br/os-chineses-nao-sao-otarios/) [trechos entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].

3 comentários:

Probus disse...

Sete BraZil?????????

23 de junho de 2011

Rejeitada proposta da Petrobras de privatizar sua nova frota de navios
Plano da Petrobrás é rejeitado de novo

Conselho da estatal não aprova programa de US$ 249 bi

por Sergio Torres, de O Estado de S. Paulo, sugestão do leitor Rafael

Pela segunda vez consecutiva o Conselho de Administração da Petrobrás rejeitou o plano de investimentos da companhia para 2011-2015. Presidido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, o conselho rechaçou também a proposta da estatal de repassar à empresa privada Sete Brasil os contratos do programa de modernização da frota petroleira.

Antes da reunião do conselho, a estatal havia enviado ao governo, segundo apurou o Estado, proposta de reajuste de combustíveis em torno de 10%. O aumento seria compensado pela Contribuição de Domínio Econômico (Cide), o que evitaria repasse ao consumidor e impacto na inflação, mas levaria também a reduzir a arrecadação do governo. A proposta foi descartada.

Nesta sexta-feira, 17, na reunião realizada em São Paulo, a Petrobrás apresentou ao conselho um programa de investimentos cerca de US$ 25 bilhões acima do atualmente em vigor, de US$ 224 bilhões, referentes ao período 2010-2014.

O governo está empenhado em manter inalterado o valor do plano. A Petrobrás, por sua vez, com 681 projetos em pauta, terá de rediscutir o orçamento de um a um para determinar quais deles serão postergados ou reduzidos. Por enquanto, não estão sendo discutidos cortes de projetos.

A transferência da frota para a Sete Brasil não conta com a simpatia do governo. Segundo o Estado apurou, a presidente Dilma Rousseff repudiou a proposta, por enxergar nela um projeto de esvaziamento do Programa de Modernização da Frota (Promef) e da própria Transpetro. O veto da presidente se confirmou na apreciação do conselho.

Passar a nova frota da Transpetro para a Sete Brasil é uma proposta que não encontra consenso nem mesmo na própria Petrobrás. A estatal tem apenas cerca de 10% de participação na Sete; os demais 90% estão divididos entre os fundos de pensão Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobrás), Valia (Vale) e Funcef (Caixa) e pelos banco privados Bradesco e Santander.

Caso a proposta fosse aprovada, as 49 embarcações – 41 contratadas e 8 a serem licitadas – planejadas pelo Promef, orçadas em torno de US$ 5 bilhões, passariam do atual controle estatal para o privado.

Nacional

A Sete é uma holding nacional que controla uma empresa com sede na Áustria, para poder usufruir de incentivos fiscais na importação de máquinas pesadas do setor de petróleo. A empresa planeja abrir capital em alguns anos.

A Petrobrás decidira apresentar o plano estratégico em 13 de maio, quando divulgou o resultado do primeiro trimestre, com lucro recorde de R$ 10,985 bilhões. Não houve, na ocasião, consenso sobre o orçamento.

A próxima reunião do conselho está marcada para o fim de julho, mas a estatal pode convocar uma extraordinária, caso encontre solução para o impasse.

O fato é que, internamente, a diretoria da Petrobrás diverge das propostas apresentadas ao conselho. No caso da transferência das embarcações para a Sete Brasil, o projeto não chegou ao conselho de modo unânime.

Tem que haver muita seriedade com um assunto tão importante que é a construção dos navios do PROMEF. É essencial para a soberania do Brasil.

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/rejeitada-proposta-da-petrobras-de-privatizar-a-frota-de-navios.html

P.S. Cadê a ESTATAL de SEGUROS do Guido Mantega???? Quanto movimentará em SEGUROS o PRÉ-SAL e o PAC???? Este BILIONÁRIO montante irá para os EUA, FRANÇA e SUÍÇA, de novo?????

O último que sair que apague a luz.

Unknown disse...

Probus,
Importante e bem lembrada pergunta no seu P.S.
Maria Tereza

Probus disse...

Sabe Maria Tereza, a FAMIGERADA British Petroleum ainda NÃO indenizou a DESGRAÇA que ela fez no GOLFO DO MÉXICO e, a BP já está no NO$$O Pré-Sal.

Sugiro-lhe este vídeo:

VIA: PLANOBRASIL

O que é "Pré-Sal"? Vale o investimento? Quais os riscos?

http://www.youtube.com/watch?v=Z3yG5Vhx72E&feature=player_embedded