sábado, 24 de setembro de 2011
Robert Fisk: OBAMA FALA AOS MARCIANOS
Robert Fisk: “[Obama] UM PRESIDENTE QUE É INCAPAZ DE ENFRENTAR A REALIDADE DO ORIENTE MÉDIO”
“O discurso de Obama nas Nações Unidas insiste que israelenses e palestinos são parceiros iguais no conflito.
Por Robert Fisk, no jornal diário britânico “Independent”
Hoje, Mahmoud Abbas deveria viver seus melhores momentos. Mesmo o “The New York Times” descobriu que “um homem cinza em ternos cinzas e sapatos sensíveis, pode estar lentamente emergindo de sua própria sombra”.
Mas isso é ‘nonsense’. O líder incolor da Autoridade Palestina, que escreveu um livro de 600 páginas sobre o conflito de seu povo com Israel sem mencionar uma só vez a palavra “ocupação”, não deveria ter dificuldades hoje (23) para fazer melhor que o discurso patético e humilhante de Barack Hussein Obama nas Nações Unidas, na quarta-feira (21), no qual ele entregou a política dos Estados Unidos no Oriente Médio ao governo engenhoso de Israel.
Para o presidente norte-americano que já pediu o fim da ocupação israelense de terras árabes, o fim do roubo de terras árabes na Cisjordânia —“assentamentos” israelenses é o termo que ele usava— e um Estado palestino até 2011, a performance de Obama foi patética.
Como sempre, Hanan Ashrawi, a única voz palestina eloquente em Nova York esta semana, acertou. “Não pude acreditar no que ouvi”, ela disse ao “Haaretz”, o melhor dos jornais israelenses. “Soou [o discurso de Obama] como se os palestinos estivessem ocupando Israel. Não houve uma palavra de empatia com os palestinos. Ele falou apenas das dificuldades dos israelenses"… É bem verdade. E, como sempre, os mais sãos dos jornalistas israelenses, em sua condenação aberta de Obama, provaram que os príncipes do jornalismo norte-americano foram covardes. ”O claudicante, pouco imaginativo discurso que o presidente dos Estados Unidos fez nas Nações Unidas… reflete quanto o presidente norte-americano é incapaz de enfrentar a realidade do Oriente Médio”, escreveu Yael Sternhell.
E assim como os dias vão e vem, descobriremos se os palestinos vão responder à performance tíbia de Obama com uma terceira intifada ou com um dar de ombros de quem reconhece que sempre foi assim, que os fatos continuam a provar que o governo dos Estados Unidos permanece uma ferramenta de Israel, quando se trata da recusa de Israel em dar aos palestinos um Estado.
Como é, perguntamos, que o embaixador dos Estados Unidos em Israel, Dan Shapiro, voou de Tel Aviv a Nova York para o debate sobre o Estado palestino no mesmo avião que o primeiro-ministro israelense Netanyahu? Como é que Netanyahu estava muito ocupado batendo papo com o presidente colombiano em vez de ouvir o discurso de Obama? Ele apenas olhou de relance na parte do texto que mencionava os palestinos, quando estava ao vivo, face a face, com o presidente norte-americano. Isso não foi “chutzpah”. Foi insulto, puro e simples.
E Obama mereceu. Depois de elogiar a primavera/verão/outono árabe, seja lá o que for —mencionando os atos de coragem individual de tunisianos árabes e egípcios como se ele, Obama, tivesse estado por trás do “Acordar Árabe” o tempo todo-, o homem se dignou a dar 10 minutos de seu tempo aos palestinos, esbofeteando-os por ousar pedir um Estado nas Nações Unidas. Obama até sugeriu —e esta foi a parte mais engraçada de seu disparatado discurso nas Nações Unidas— que os palestinos e os israelenses eram dois “partidos” iguais no conflito.
Um marciano que ouvisse o discurso pensaria que, como sugeriu a Srta. Ashrawi, os palestinos estão ocupando Israel, em vez do contrário. Nenhuma menção da ocupação israelense, nenhuma menção de refugiados, do direito de retorno ou do roubo de terra árabe-palestina pelo governo israelense violando todas as leis internacionais. Mas Obama lamentou pelo povo cercado de Israel, pelos foguetes atirados contra suas casas, pelas bombas suicidas —pecados palestinos, naturalmente, mas nenhuma referência à carnificina de Gaza, às mortes massivas de palestinos— e mesmo pela perseguição histórica do povo judeu e pelo Holocausto.
A perseguição é um fato histórico. Assim é o maligno Holocausto. Mas OS PALESTINOS NÃO COMETERAM ESSES ATOS. Foram os europeus —cuja ajuda Obama agora busca para negar o estado aos palestinos— que cometerem esse crime dos crimes. E então voltamos ao trecho dos “partidos iguais”, como se os israelenses ocupantes e os palestinos ocupados estivessem em um mesmo campo.
Madeleine Albright adotava esta mentira abominável. “Cabe aos próprios partidos”, ela dizia, lavando as mãos, como Pilatos, das negociações, assim que Israel ameaçava chamar seus apoiadores nos Estados Unidos. Ninguém sabe se Mahmoud Abbas conseguirá produzir um discurso de 1947 nas Nações Unidas, hoje (23). Mas, pelo menos, já sabemos quem é o apaziguador.
PS do "Viomundo": Obama quer se reeleger. Para isso, precisa vencer em Ohio e na Flórida. Qualquer palavra de desafio às posições de Israel coloca em risco a vitória de Obama nos dois estados. Ou seja, é o instinto de sobrevivência…”
FONTE: escrito por Robert Fisk, no jornal diário britânico “Independent”, e traduzido e transcrito no portal “Viomundo” pelo jornalista Luiz Carlos Azenha (http://www.viomundo.com.br/politica/robert-fisk-obama-fala-aos-marcianos.html) [imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
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8 comentários:
Como se trata de tradução, houve, quando da digitação, uma pequena falha, registrando-se "1940" no lugar de "1947".
Fluxo,
Obrigada.
Vou corrigir agora.
Maria Tereza
Discurso do presidente Ahmadinejad à 65ª Sessão da ONU
22/9/2011, Iran English Radio
President Ahmadinejad’s speech at UM General Assembly
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Em nome de Deus, o Compassivo, o Generoso.
Louvemos Alá, o Senhor do Universo, e que a paz e todas as bênçãos desçam sobre nosso Mestre e Profeta Maomé, e sobre seu lar puro, seus nobres companheiros e todos os mensageiros divinos.
“Oh, Deus, apressai a vinda do Imã al-Mahdi, assegurai-lhe saúde e vitória, e fazei de nós seus seguidores, que atestam sua perfeição”.
Senhor Presidente,
Excelências,
Senhoras e Senhores
Agradeço a Alá, o Magnífico, o Generoso, que me deu, mais uma vez, a oportunidade de falar a essa assembleia mundial. Tenho o prazer de manifestar meu agradecimento sincero a Sua Excelência Joseph Deiss, presidente da 65ª sessão, por seus imensos esforços durante seu mandato. Congratulo-me também com Sua Excelência Nassir Abdulaziz Al-Nasser, pela eleição para presidir essa 65ª sessão das Nações Unidas e desejo-lhe pleno sucesso.
Permitam que aproveite a oportunidade para homenagear todos os mortos do ano que passou, sobretudo as vítimas da trágica fome que atinge a Somália e das devastadoras inundações que agrediram o Paquistão. Conclamo todos a que ampliem as ações de ajuda e assistência às populações afetadas naqueles países.
Ao longo de vários anos, falei aqui sobre várias questões globais e sobre a necessidade de se introduzirem mudanças fundamentais na atual ordem mundial.
Hoje, considerando os eventos internacionais, tentarei analisar a atual situação, de um ângulo diferente.
Como todos sabem, o domínio e a superioridade dos seres humanos sobre outras criaturas dependem da própria natureza e verdade da humanidade, que são dons de Deus e manifestação da corporificação do espírito divino:
– A fé em Deus, que é criador eterno de todo o universo.
– A compaixão, o amor aos outros, a generosidade, a busca de justiça e integridade de palavras e ações.
– A busca por dignidade para alcançar os cumes da perfeição, a aspiração de cada um a elevar a própria vida, material e espiritualmente, e o anseio por realizar a liberdade.
– A oposição à opressão, à corrupção e a discriminação, e o emprenho para apoiar os oprimidos.
– A busca por felicidade, por prosperidade e segurança duradouras, para todos.
Eis algumas das manifestações dos atributos comuns, divinos e humanos, que se deixam ver claramente nas aspirações históricas dos seres humanos, refletidas na herança que recebemos da mesma busca, pela arte, pela literatura, em prosa e em verso, e pelos movimentos socioculturais e políticos que traçam a trajetória humana ao longo da história.
Todos os profetas divinos e todos os reformadores sociais convidaram os seres humanos a trilhar esse caminho bom e reto. Deus deu dignidade à humanidade para elevá-la à altura Dele, para que, assim elevada, a humanidade possa assumir o papel de Seu sucessor, na Terra.
Caros colegas e amigos:
É vivamente claro que, apesar de todas as realizações históricas, inclusive a criação da ONU – que foi produto de incansáveis lutas e esforços de homens de pensamento livre e amantes da justiça, que nunca desistiram de buscá-la, e da cooperação internacional –, as sociedades humanas ainda estão longe de ter alcançado todos os seus nobres desejos e aspirações. Muitas nações em todo o mundo sofrem hoje, sob as atuais circunstâncias internacionais.
E – apesar do desejo e do ímpeto para promover a paz e a fraternidade –, as guerras, os assassinatos em massa, a miséria que se alastra, crises socioeconômicas e políticas continuam a agredir o direito e a soberania das nações, deixando atrás de si danos irreparáveis, em todo o mundo.
Aproximadamente três bilhões de seres humanos em todo o mundo vivem com menos de 2,5 dólares por dia; e mais de um bilhão de seres humanos não comem sequer uma refeição suficiente, e regularmente, por dia. 40% das populações mais pobres do mundo partilham apenas 5% da renda global. E 20% dos mais ricos do mundo dividem entre eles 75% da renda global total. Mais de 20 mil crianças inocentes e pobres morrem diariamente no mundo, por causa da pobreza. 80% dos recursos financeiros dos EUA são controlados por 10% da população dos EUA; 90% da população tem de sobreviver com apenas 20% desses recursos.
Quais as causas e as razões que subjazem por trás dessas desigualdades? Como se pode remediar tal injustiça?
Os que dominam e comandam os centros do poder econômico global culpam ou o desejo do povo por religião e a busca por trilhar o caminho dos divinos profetas, ou a fraqueza das nações, ou o mau desempenho de grupos de indivíduos. Afirmam que só o que aqueles mesmos centros do poder econômico global pensem, decidam e prescrevam poderia salvar a humanidade e a economia mundial.
Caros colegas e amigos
Não lhes parece que as causas-raiz desses problemas devam ser procuradas na ordem que hoje domina o mundo, ou no modo como o mundo é governado?
Gostaria de chamar a gentil e atenta atenção de todos para as seguintes questões:
Quem arrancou à força dezenas de milhões de pessoas de seus lares na África e em outras regiões do mundo, durante o sombrio período da escravidão, fazendo daquelas pessoas vítimas da mais cega ganância materialista?
Quem impôs o colonialismo por mais de quatro séculos, a todo aquele mundo? Quem ocupou terras e massivamente assaltou recursos naturais que eram patrimônio de outros povos, quem destruiu talentos e empurrou para a destruição os idiomas, as culturas e as identidades de tantos povos?
Quem deflagrou a primeira e a segunda guerras mundiais, que fizeram 70 milhões de mortos e centenas de milhões de feridos, de mutilados e de sem-tetos?
Quem criou a guerra na península da Coreia e no Vietnã?
Quem, servindo-se de hipocrisia e ardis, impôs os sionistas, durante 60 anos de guerras, destruição, terror, assassinatos em massa, na região do mundo onde ainda estão?
Quem impôs e apoiou durante décadas ditaduras militares e regimes totalitários em países da Ásia, da África e da América Latina?
Quem atacou com armas atômicas população indefesa e desarmada e guarda milhares de ogivas nucleares em seus arsenais?
Quais são as economias que dependem, para crescer, de criar guerras e vender armas?
Quem provocou e estimulou Saddam Hussein a invadir e impor guerra de oito anos contra o Irã? Quem o assessorou e equipou-o para que atacasse nossas cidades e nosso povo com armas químicas?
Quem usou os misteriosos incidentes de setembro 11 como pretexto para atacar o Afeganistão e o Iraque – matando, ferindo, deslocando milhões de seres humanos de seus locais tradicionais de vida nos dois países –, exclusivamente para alcançar a ambição de controlar o Oriente Médio e seus recursos de petróleo?
Quem aboliu o sistema de Breton Woods e imprimiu trilhões de dólares sem qualquer lastro em ouro ou em moeda equivalente? Esse movimento desencadeou feroz inflação em todo o mundo, que serviu para facilitar a pilhagem de ganhos econômicos que outras nações tivessem.
Qual o país cujos gastos militares superam anualmente uma centena de bilhões de dólares, mais que todos os orçamentos militares de todos os povos do mundo, somados?
Qual, de todos os governos do mundo, é hoje o mais endividado?
Quem domina os establishments da política econômica em todo o mundo?
Quem é responsável pela recessão econômica mundial, que hoje impõe suas pesadas consequências aos povos de EUA e Europa e de todo o planeta?
Que governos estão sempre prontos a bombardear com milhares de bombas outros países, mas sempre são lerdos e hesitantes, quando se trata de distribuir comida, para povos atormentados pela fome, como na Somália e em outros pontos?
Quem domina o Conselho de Segurança da ONU, ao qual caberia zelar pela segurança internacional?
E há outras dezenas de perguntas semelhantes e, para todas elas, as respostas são claras.
A maioria das nações e governos do mundo não têm qualquer culpa ou responsabilidade na criação das atuais crises globais e, de fato, são, elas, sim, vítimas daquelas políticas que geram crises.
É claro como a luz do dia que os mesmos senhores de escravos e potências coloniais que, antes, provocaram as duas guerras mundiais, causaram toda a miséria e a desordem que, desde então, são causa de efeitos que se vêem em todo o planeta.
Caros colegas e amigos,
Teriam, aqueles poderes arrogantes, a competência e a habilidade para comandar ou governar o mundo, ou seria aceitável que se autodesignem os únicos defensores da liberdade, da democracia, dos direitos humanos, enquanto seus exércitos atacam e ocupam outros países?
Como poderá algum dia a flor da democracia brotar dos mísseis, das bombas e dos canhões da OTAN?
Senhoras e senhores,
Se alguns países europeus ainda se servem do Holocausto, depois de sessenta anos, como pretexto, para continuar a pagar resgate, pagar à chantagem dos sionistas, não será também obrigação daqueles mesmos senhores de escravos e potências coloniais pagar indenizações às nações afetadas?
Se os danos e perdas do período da escravidão e do colonialismo tivessem sido de fato indenizados, o que teria acontecido aos manipuladores e potências que se escondem nos porões da cena política nos EUA e na Europa? E haveria ainda divisão entre o norte e o sul do mundo?
Se os EUA e seus aliados da OTAN cortassem pela metade seus gastos militares e usassem esses valores para ajudar a resolver os problemas econômicos em seus próprios países, estariam aqueles povos padecendo os sofrimentos da atual crise econômica mundial?
Que mundo teríamos, se a mesma quantidade de recursos fossem alocados nas nações mais pobres?
O que pode justificar a presença de centenas de bases militares e de inteligência dos EUA em diferentes partes do mundo – 268 bases na Alemanha, 124 no Japão, 87 na Coreia do Sul, 83 na Itália, 45 no Reino Unido e 21 em Portugal? O que significa isso, senão ocupação militar?
E as bombas armazenadas nessas bases não criam risco de segurança para outras nações?
Senhoras e senhores,
A principal pergunta tem de interrogar sobre a causa que serve de base a essas atitudes. A principal razão tem de ser buscada nas crenças e tendências do establishment.
Assembleias de pessoas em contradição com valores e instintos humanos básicos, sem fé em Deus e sem atenção à via ensinada pelos divinos profetas, impõem a ganância, a sede de poder e seus objetivos materialistas, e tentam calar todos os superiores valores humanos e divinos.
Para eles, só o poder e a riqueza contam. E justificam-se todos e quaisquer atos que promovam essas metas sinistras.
Nações oprimidas sobrevivem sem qualquer esperança de verem restaurados e protegidos os seus direitos legítimos de resistir e opor-se àquelas potências.
Aquelas potências visam só ao progresso delas mesmas, prosperidade e dignidade só para elas mesmas, e miséria, humilhações e aniquilação para todos os demais povos.
Consideram-se superiores às demais nações da Terra e por isso fariam jus a concessões e privilégios. Nada respeitam, não respeitam ninguém e violam, sem qualquer consideração, direitos de todas as demais nações e governos e povos do mundo.
Proclamam-se, elas mesmas, guardiãs indiscutíveis de todos os governos e nações. Para tanto, servem-se da intimidação, de ameaças e da força. E fazem mau uso, uso abusivo, de mecanismos internacionais. Quebram, burlam, simplesmente, todas as leis e regulações internacionalmente reconhecidas e respeitadas.
Insistem em impor a todos o seu estilo de vida e suas crenças.
Apóiam oficialmente o racismo.
Enfraquecem países mediante a intervenção militar – destroem a infraestrutura que encontrem naqueles países, para mais facilmente conseguirem saquear recursos naturais, tornando cada vez mais dependentes, nações e povos que querem ser independentes e soberanos.
Semeiam sementes de ódio e hostilidade entre nações e povos de diferentes crenças, para impedi-los de alcançar seus objetivos de desenvolvimento e progresso.
Todas as culturas, a vida, os valores e toda a riqueza de cada nação, as mulheres, os jovens, as famílias, além da riqueza material de cada nação, são sacrificadas ante o altar daquelas ambições hegemonistas e de uma inclinação doentia para escravizar e submeter os diferentes.
Hipocrisia e todos os tipos de fingimento e mentira são admitidos, se ajudam a promover os interesses imperialistas. Admitem-se o tráfico de drogas e a matança de inocentes, se lhes parece que, com isso, facilitam a rota para que alcancem seus objetivos diabólicos. A OTAN está há muito tempo muito ativa no Afeganistão ocupado. E, apesar disso, houve ali aumento dramático na produção de drogas ilícitas.
Não admitem nenhuma opinião divergente, nenhum questionamento, nenhuma crítica. Mas, em lugar de tentar oferecer alguma explicação para o que fazem, põem-se, eles mesmos, na posição de vítimas.
Servindo-se de uma rede imperial de imprensa e comunicações, que sempre esteve como ainda está sob a influência do pensamento colonialista, ameaçam qualquer opinião que discuta a versão oficial do Holocausto, do 11 de setembro e da violência dos exércitos invasores e ocupantes.
Ano passado, quando se impôs, em todo o mundo, a necessidade de fazer-se investigação séria sobre os segredos ocultados nos incidentes de 11/9/2001 – ideia apoiada por todas as nações e governos independentes e pela maioria da população dos EUA –, meu país e eu, pessoalmente, fomos pressionados e ameaçados pelo governo dos EUA.
Em lugar de nomear equipe para investigar com seriedade o que realmente acontecera, assassinaram o perpetuador e jogaram o cadáver ao mar.
Não teria sido razoável levar a julgamento o acusado, para que o julgamento e as investigações conseguissem desvendar toda a trama e identificar todos os elementos culpados no caso dos aviões que invadiram os EUA e atacaram as torres gêmeas de um grande centro comercial?
Por que não se cogitou de usar o julgamento de um suspeito, para realmente descobrir quem mobilizou terroristas e levou a guerra e tantas outras misérias a tantas partes do mundo? Há informação secreta que tenha de permanecer secreta?
Considerar o sionismo visão ou ideologia sagrada é como obrigação imposta ao mundo. Toda e qualquer discussão sobre os fundamentos e a história do sionismo são pecados imperdoáveis. Mas eles permitem e endossam todos os sacrilégios e insultam todas as demais religiões.
Liberdade real, dignidade plena, bem-estar e segurança estáveis e duradouros são direitos de todos os povos.
Nenhum desses valores é alcançável enquanto tantos dependerem do atual e ineficiente sistema de governança mundial, nem ninguém jamais os alcançará mediante intervenção militar comandada pelos poderes arrogantes e sob fogo dos aviões mortíferos da OTAN.
Aqueles valores só se podem realizar em contexto de independência reconhecida, de reconhecimento dos direitos dos diferentes, mediante cooperação harmônica.
Haverá meio para resolver os problemas e desafios que atormentam o mundo, no contexto dos mecanismos e ferramentas que dominam o quadro internacional hoje? Há meios para ajudar a humanidade a atingir sua eterna aspiração por igualdade, segurança e paz?
Todos os que tentaram introduzir reformas que preservaram as normas e tendências existentes hoje fracassaram. Os importantes esforços conduzidos pelo Movimento dos Não Alinhados e pelos Grupos 77 e 15 (G-77 e G-15), e por tantos destacados indivíduos, fracassaram também e não conseguiram introduzir mudanças fundamentais.
A administração e o governo mundiais exigem reformas nos fundamentos. O que temos de fazer agora?
Caros Colegas e amigos,
Temos de trabalhar com decisão firme e em cooperação coletiva para traçar outro plano, que considere os princípios e os valores humanos fundamentais como o monoteísmo, a justiça, a liberdade, o amor e a busca pela felicidade.
A criação da Organização das Nações Unidas ainda é dos maiores feitos históricos da humanidade. É preciso reverenciar a importância desse feito e usar o mais extensamente possível as capacidades dessa organização como ferramentas para alcançar os mais nobres projetos de toda a humanidade.
Não podemos permitir que a organização planetária que manifesta o desejo coletivo de todos e as aspirações de toda a comunidade de nações seja desviada de seu bom curso e convertida, também ela, em arma a serviço das potências mundiais armadas.
Temos de construir condições que assegurem a participação coletiva e o envolvimento de todas as nações, num esforço que leve à paz e à segurança para todos os povos do mundo.
É preciso dar sentido profundo e real à governança partilhada e coletiva do mundo. Esse sentido profundo e real deve considerar e respeitar os princípios da lei internacional. A ideia de justiça deve servir de critério e base efetiva para todas as decisões e ações no plano internacional.
Todos temos de reconhecer que não há outro modo para governar o mundo e pôr fim à violência, à tirania, a todas as discriminações.
Não há outra via que leve a sociedade humana à prosperidade e ao bem-estar. Essa é verdade viva e reconhecida. Ao reconhecer essa verdade, deve-se reconhecer também que o que temos ainda não é suficiente. E temos de abraçar com fé o trabalho, que terá de ser incansável, para conseguir o que ainda não temos.
Caros Colegas e Amigos
Governança partilhada e coletiva do mundo é direito legítimo de todas as nação, e nós, como representantes delas, temos o dever de defender os direitos dos povos do mundo.
Embora algumas potências tentem insistentemente frustrar todos os esforços internacionais que visem a promover a cooperação coletiva, temos, mesmo assim, de fortalecer nossa certeza de que alcançaremos o objetivo comum de construir cooperação coletiva e partilhada para governar o mundo.
As Nações Unidas foram criadas para tornar possível que todas as nações participassem do processo internacional de tomar decisões.
Todos sabemos que esse objetivo ainda não foi alcançado porque falta justiça nas estruturas e mecanismos hoje vigentes nas Nações Unidas.
A composição do Conselho de Segurança é injusta e desigual. Portanto, mudanças ali e a reestruturação das Nações Unidas são exigências basilares das nações, às quais a Assembleia Geral tem de dar atenção.
Na sessão inaugural da reunião do ano passado, destaquei a importância dessa questão e propus que essa década fosse declarada década da Governança Global partilhada e coletiva.
Quero hoje reiterar aquele proposta. Estou certo de que, mediante a cooperação internacional diligente, e com esforços de todos os líderes e governos do mundo, todos comprometidos com construir relações de justiça, e com o apoio das demais nações, conseguiremos construir um brilhante futuro comum.
Esse movimento trilha com certeza o caminho certo para criar o que temos de criar, para assegurar futuro promissor a toda a humanidade.
Futuro que será construído quando iniciativas da humanidade ouçam o que ensinam os divinos profetas, sob a liderança iluminada do Imã al-Mahdi, salvador da humanidade e herdeiro de todas as palavras divinas, dos líderes e da descendência de nosso grande Profeta.
A criação de uma sociedade suprema e ideal, com a chegada de um ser humano perfeito, que ama verdadeira e sinceramente todos os seres humanos, garantida promessa de Alá.
Virá com Jesus Cristo, para liderar os amantes da liberdade e da justiça que erradicarão a tirania e a discriminação e promoverão o conhecimento, a paz, a justiça, a liberdade e o amor por todo o mundo. Cada indivíduo conhecerá a beleza do mundo e as coisas boas e os atos justos trarão felicidade à humanidade.
As nações, hoje, já despertaram e, aumentando a consciência entre todos, as nações já não sucumbirão à opressão e à discriminação.
O mundo testemunha hoje, mais que nunca, o amplo despertar em terras islâmicas, na Ásia, na Europa e na América. Esses são movimentos em expansão, em influência e alcance, que visam a fazer justiça, criar liberdade e construir melhor futuro para todos.
O Irã, nossa grande nação, permanece pronta para dar a mão a outras nações nessa bela via de harmonia, alinhados, todos nós, com as justas aspirações de igualdade de toda a humanidade.
Saudemos mais uma vez o amor, a liberdade, a justiça, o conhecimento e o futuro luminoso pelo qual a humanidade espera.
(NY, 65ª sessão da Assembleia Geral da ONU, 22/9/2011)
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu
Ver também
20/9/2011, “Khamenei lançou a luva”, Mahan Abedin", Asia Times Online
23/9/2011, “ONU: O mundo deve conduzir-se com justiça, insiste o Irã”, Telesur
http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/09/discurso-do-presidente-ahmadinejad-65.html
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