segunda-feira, 12 de setembro de 2011

SUÍÇA ABANDONA CÂMBIO FLUTUANTE



“O banco central da Suíça voltou a agir contra a supervalorização da moeda nacional, agora abandonando a livre flutuação do câmbio e estabelecendo cotação administrada, com limite mínimo de 1,20 franco por euro. O ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, apegado ao câmbio flutuante, criticou a medida.

A autoridade monetária "vai fazer prevalecer essa cotação mínima com toda sua determinação e está pronta para comprar divisas em quantidade ilimitada", anunciou a instituição na manhã da última terça-feira (6) em Zurique. "Com efeito imediato, o Banco Nacional da Suíça não vai tolerar uma taxa de câmbio abaixo do mínimo de 1,20 franco", comunicou.

REAÇÃO

O franco suíço imediatamente subiu para esse nível, depois de ter aberto a 1,12 franco por euro. O BC já fez de tudo, intervindo com aquisições de mais de 200 bilhões de francos, reduzindo taxa de juro e colocando mais liquidez na economia.

Há algumas semanas, o franco suíço chegou à paridade com o euro, a moeda do principal mercado para as empresas helvéticas. A nova decisão vem um dia depois que a “União Sindical Suíça” exigiu limite mínimo para a moeda helvética a fim de evitar mais estragos na economia. A valorização excessiva desestimula as exportações e tende levar à desindustrialização do país, como se vê hoje no Brasil.

GRAVE AMEAÇA

Para as autoridades monetárias suíças, a supervalorização atual do franco é "extrema" e representa "grave ameaça para a economia" do país. Analistas consideram, em todo caso, que o limite mínimo de 1,20 franco por euro foi decisão marcante, mas o nível ainda é alto, implicando que a economia continuará a sofrer com a moeda forte.

O franco continua a atrair investidores inquietos com a deterioração da economia global e que enxergam a moeda helvética como um valor de refúgio.

No Brasil, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, classificou como ato de desespero a medida adotada pelo Banco Nacional da Suíça. Em sua opinião, a introdução de cotação mínima de 1,2 franço suíço para cada euro torna o país vulnerável a ataques especulativos.

“IMEXÍVEL”

De acordo com o ministro, é preciso ver se o Banco Central suíço tem recursos para comprar toda a oferta do dia para forçar a desvalorização do franco. “Cada país tem suas necessidades. É preciso ver se a Suíça tem condições de bancar os ataques especulativos. Não sei se a Suíça tem recursos para isso", observou Mantega ao chegar, no meio da tarde de terça-feira, ao Ministério da Fazenda, em Brasília.

A medida, na prática, faz o câmbio da Suíça passar para o regime fixo. A “Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento” (UNCTAD) também sugeriu ao Brasil, e a outros países emergentes, abandonar a política de câmbio flutuante e adotar regime de cotações administradas, a exemplo do que já faz a China e da decisão do banco central suíço.

O câmbio flutuante, assumido hoje como um dogma “imexível” pela equipe econômica, começou a ser adotado no Brasil no início de 1999, quando o governo FHC foi forçado a mudar a política cambial. Ficou essa herança neoliberal, que o ex-presidente Lula se comprometeu a manter na chamada “Carta aos brasileiros”, uma espécie de vaca sagrada do pacto estabelecido com a banca.

Isso explica a reação do ministro Mantega. "Eles estão desesperados. Não precisamos disso no Brasil. Considero melhor o câmbio flutuante. Já tivemos câmbio fixo no passado e não fomos bem-sucedidos", disse. Enquanto isso, prossegue o processo de desindustrialização.

A livre flutuação, nas condições atuais, favorece a valorização excessiva do real e deixa a economia nacional à mercê da política monetária dos EUA, que ultimamente persegue a desvalorização deliberada do dólar, com a finalidade de estimular a produção industrial.”

FONTE: portal “Vermelho”  (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=163376&id_secao=2) [imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

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