segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Emir Sader: POLÍTICA, DEMOCRATIZAÇÃO OU MERCANTILIZAÇÃO?


O neoliberalismo se propõe a transformar tudo em mercadoria. Que tudo tenha preço, que tudo se possa comprar e vender. Essa proliferação do reino do dinheiro chegou em cheio à política. E o financiamento privado das campanhas eleitorais é a porta grande de entrada, que permite que o poder do dinheiro domine a política.

Dados concretos mostram como as campanhas com maior quantidade de financiamento têm muito maior possibilidade de eleger parlamentares. E que o Congresso está cheio de bancadas corporativas – de ruralistas, de donos de escolas particulares, de meios de comunicação, de donos de planos de saúde, entre tantos outros – que representam os interesses minoritários em cada setor, que se elegeram graças a campanhas que dispõem de grande quantidade de recursos econômicos.

O Executivo representa o voto da maioria da sociedade. O Congresso deveria representar sua diversidade, tanto a maioria como a minoria, assim como os diversos setores presentes na sociedade. Basta ver o grande tamanho da bancada ruralista – que representa a ínfima minoria da população do campo, os donos de grandes parcelas de terra – e a representação dos trabalhadores rurais – 3 parlamentares para representar a grande maioria da população do campo – para se ter ideia da distorção que a presença determinante do dinheiro representa para definir a representação parlamentar. O Congresso termina representando a minoria que dispõem de dinheiro para se eleger e não espelha a realidade efetiva da sociedade. Terminam decidindo em nome de todos, mesmo com essa representação distorcida.

Por isso, eles defendem com unhas e dentes o financiamento privado de campanha, que representa a tradução em representação política de quem tem mais dinheiro, e não da vontade política soberana do conjunto da sociedade. O PMDB até chega a dizer que abre mão do financiamento público para cargos majoritários, mas não cede nas eleições parlamentares, de onde tira seu poder de barganha.

Alega-se que seria "o livre direito de colaborar com dinheiro para quem se quer". Mas é um direito de quem tem dinheiro – dos bancos, das grandes empresas nacionais e internacionais, da velha mídia, – e não da esmagadora maioria da população, que fica expropriada desse direito.

O financiamento público de campanha é uma reivindicação da democracia, uma condição para que exista um Congresso representativo da sociedade brasileira, da vontade popular. Lutar por ela é lutar para que tenhamos uma vida para chegar a uma sociedade verdadeiramente democrática no Brasil.”

FONTE: escrito por Emir Sader, sociólogo e cientista político, mestre em filosofia política e doutor em ciência política pela USP – Universidade de São Paulo. Artigo publicado no portal “Viomundo”  (http://www.viomundo.com.br/politica/emir-sader-democratizacao-ou-mercantilizacao-da-politica.html) [Imagens do Google adicionadas por este blog ‘democracia&política’].

Um comentário:

Probus disse...

NAVALHA AFIADA

Por Paulo Henrique Amorim

A diferença entre a privatização dos aeroportos e da Cemig, a Elena Landau e seu patrão, na época, Daniel Dantas conhecem muito bem.

(O atual patrão de Landau, Sergio Bermudes, é amigo de fé e irmão camarada do ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo, Gilmar Dantas (*), aquele que deu dois HCs do tipo Canguru em 48h a … quem ? A Daniel Dantas !)

A diferença entre a privatização dos aeroportos e a da Light, a Elena Landau, que bateu o martelo com o então Privatizador-Mor, Padim Pade Cerra, a Elena Landau conhece muito bem.

A diferença entre a privatização dos aeroportos e a da telefonia, Elena Landau conhece como a palma da mão.

Na Cemig, ela e Daniel dantas, com meia duzia de tostões controlavam a empresa vendida por Eduardo Azeredo, aquele governador do Mensalão Tucano de Minas.

(Azeredo, hoje, dedica-se a aprovar na Câmara um AI-5 Digital. Que biografia !)

Foi preciso o presidente Itamar Franco eleger-se governador de Minas e tomar a CEMIg de volta.

(Aparentemete, Aécio Never vendeu a Cemig de novo.)

Na telefonia, a diferença entre a privatizaçao do Cerra e do Farol de Alexandria e a dos aeroportos da Dilma é … o livro “A Privataria Tucana”, de Amaury Ribeiro Junior.

É o clã do Cerra: sua filha, seu genro, seu cunhado e seu sócio.

Breve, o livro do Amaury será tema de palpitante CPI.

Quando Elena Landau poderá dar precioso testemunho à História do Brasil.

E do Fla-Flu.

Em tempo: os colonistas (**) do PiG (***) não conseguem esconder que a privatização da Dilma foi um sucesso es-pe-ta-cu-lar.

http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2012/02/06/privataria-e-a-diferenca-entre-aeroportos-e-dantas/