Do Jornal "Avante", de Portugal
Cerco imperialista à Rússia
A Federação Russa considera que o plano dos EUA para colocar milhares de soldados e material de guerra nas suas fronteiras representa “o mais agressivo passo do Pentágono e da Otan desde a Guerra Fria”.
"A concretizar-se o plano dos EUA, a Federação Russa não terá outro remédio senão reposicionar parte do seu aparato bélico ao longo dos limites ocidentais do território", disse, segunda-feira (15), o general russo Yury Yakubov. O oficial sênior do Ministério da Defesa reagia assim às informações avançadas pelo "New York Times" (NYT), que, no sábado (13), informou que Washington prepara o estacionamento de pelo menos 5000 soldados, peças de artilharia e tanques no Leste da Europa, nomeadamente nas três repúblicas do Báltico (Estônia, Letônia e Lituânia), na Polônia, Romênia e Bulgária.
O projeto foi já confirmado pelo ministro da Defesa polaco. Em entrevista à agência de notícias nacional, no domingo (14), Tomasz Siemoniak adiantou que o tema esteve entre os que discutiu com o secretário da Defesa norte-americano Ashton Carter, durante a sua visita a Washington, em 19 de maio.
Siemoniak, citado pela "Agência Lusa", sublinhou ainda que o seu país tem “trabalhado a favor de uma presença militar norte-americana maximizada na Polônia e em todo flanco Leste da OTAN”, e que “os Estados Unidos estão preparando um pacote com diversas medidas. Entre elas, a colocação de armamento pesado na Polônia e em outros países”, acrescentou.
Também no domingo, o responsável lituano da Defesa atestou a prontidão de Vilnius para acolher parte do contingente dos EUA. De tal modo que os pressupostos infraestruturais para a colocação de tropas e equipamento norte-americano estão quase cumpridos, disse Juozas Olekas à Reuters.
Decisão próxima
Nas declarações à estatal de notícias, o governante polaco Tomasz Siemoniak realçou, igualmente, que Washington lhe garantiu que “uma decisão será tomada em breve”. Com efeito, de acordo com o NYT, que cita fontes norte-americanas e “aliadas” sob reserva de anonimato, a proposta terá ainda de ser aprovada pelo Departamento de Defesa e pela Casa Branca, mas tal deverá suceder nos próximos dias, considerando a intenção de levá-la à reunião da Aliança Atlântica agendada para o final deste mês.
Apesar de vários países aliados dos EUA temerem a reação da Rússia, segundo frisa o jornal nova-iorquino, os EUA pretendem concretizar, tão brevemente quanto possível, o compromisso de “reforçar a defesa coletiva na Europa”, decorrente da cimeira que o bloco político-militar imperialista realizou em setembro do ano passado no País de Gales.
Esta será a primeira vez que os EUA enviam armas pesadas e militares para as fronteiras da Rússia desde o fim da chamada Guerra Fria e logo com um dispositivo semelhante ao imposto no Kuwait antes do início da primeira Guerra do Golfo, em 1990.
Washington nunca escondeu tal objetivo, sobretudo desde 2004, quando a Estônia, a Lituânia e a Letônia foram absorvidas pela OTAN, mas um tratado com a Federação Russa estipulando que a organização atlântica não estacionaria contingentes militares significativos e em permanência nos novos países membros era um obstáculo.
A guerra na Ucrânia, desencadeada após a tomada do poder em Kiev por uma Junta Fascista, e as acusações de envolvimento da Rússia no apoio às forças antigolpistas em Donbass, atiçadas por Washington, criam um pretexto alegadamente favorável para o projetado avanço militar.
Movimento insano
A crise ucraniana tem sido pretexto para diversas movimentações e operações agressivas do imperialismo, destacando-se a multiplicação de exercícios e jogos de guerra em clara afronta e ameaça a Moscou. Serve de exemplo o simulacro que, por estes dias, decorreu no Mar Báltico envolvendo cerca de 5.600 militares de 17 países da OTAN ou seus associados.
Num cálculo aproximado, só em 2014, a Aliança Atlântica incrementou em 80 por cento as manobras militares na Europa Oriental, detalhou, no passado mês de abril, o general Andrey Kartapolov.
Mais recentemente, em entrevista ao diário italiano "Corriere della Sera", o presidente Vladimir Putin reiterou que o Kremlin não só não é um agressor como não tem qualquer intenção de reforçar os seus mecanismos e presença defensivos fora das respectivas fronteiras. “Só uma pessoa insana pode imaginar que a Rússia atacaria a OTAN. Penso que alguns países estão simplesmente manipulando sentimentos de medo das pessoas face à Rússia”, concluiu Putin."
FONTE: do Jornal "Avante", de Portugal (http://www.vermelho.org.br/noticia/266010-9).
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