TEREZA CRUVINEL QUESTIONA: E O TCU, SERÁ INVESTIGADO?
"A colunista Tereza Cruvinel, do '247', argumenta que não são simples os caminhos que levariam a um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff. "Os R$ 7,5 milhões doados à campanha de Dilma foram declarados ao TSE, assim como os R$ 250 mil doados ao senador tucano Aloysio Nunes Ferreira, que foi vice na chapa de Aécio. Como provar que a doação para Dilma é fruto de propina e as dos outros foram legais?", diz ela. Sem o atalho das doações, sobraria a tese das 'pedaladas' fiscais, mas, agora, a credibilidade do Tribunal de Contas da União está no chão. Ricardo Pessoa, dono da "UTC Engenharia", pagava R$ 50 mil/mês a Tiago Cedraz, filho do presidente da corte, para obter informações, e também transferiu R$ 1 milhão para anular investigação sobre Angra 3. Tereza questiona o que o ministro Teori Zavascki fará com a denúncia sobre o TCU. "Neste momento, todos posam de vestais no julgamento das contas do governo Dilma".
Por Tereza Cruvinel
A polvorosa com o vazamento da delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, deve-se essencialmente à afirmação de que doou R$ 7,5 milhões à campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010, numa lista que inclui políticos de diferentes partidos. Isso reforça a aposta da posição no impeachment dela. O PSDB agora pode animar-se a pedir a abertura de processo contra Dilma mas o caminho não será simples como foi com Collor em 1992. Os R$ 7,5 milhões doados à campanha de Dilma foram declarados ao TSE, assim como os R$ 250 mil doados ao senador tucano Aloysio Nunes Ferreira, que foi vice na chapa de Aécio. Como provar que a doação para Dilma é fruto de propina e as dos outros foram legais? Ademais, o crime eleitoral de 'caixa dois', se confirmado, não figura entre os crimes de responsabilidade que levam ao 'impeachment'. A rigor, seria juridicamente mais viável o processo por conta de irregularidades fiscais e violação da lei orçamentária, estes sim, integrantes do rol de crimes de responsabilidade.
No mais, todos sabemos mais sobre como são financiadas as campanhas do que sobre a fabricação de linguiças. Revelação bem mais original foi a de que, segundo matéria publicada na noite de sexta-feira, 26, pela "Folha de São Paulo", Pessoa pagou propina de U$ 1 milhão para obter do TCU a homologação da licitação para a construção da usina de Angra 3, vencida por um consócio que a UTC integra, ao lado da Odebrecht e outras empreiteiras, ao custo de R$ 3,2 bilhões.
Segundo a "Folha", o contato de Pessoa com o TCU era feito por Tiago Cedraz, filho do ministro Aroldo Cedraz, um ex-deputado do PFL, ligado a ACM na Bahia. Ele não se reelegeu em 2006 e foi indicado para uma vaga do TCU que cabia à Câmara, numa votação em que derrotou por 22 votos o ex-deputado Paulo Delgado, um dos quadros mais brilhantes que a bancada do PT teve no passado. Hoje, Cedraz é Presidente do TCU.
O relator do processo foi o ministro Raimundo Carrero, que por muitos anos foi secretário-geral da Mesa do Senado e hoje é vice-presidente do tribunal. À "Folha", ele garantiu nunca ter recebido recursos ilícitos em sua vida, mas não explicou por que liberou a licitação à qual vinha fazendo tantas restrições técnicas.
Tiago Cedraz, segundo Pessoa, ganhava R$ 50 mil mensais pela atuação junto ao TCU, onde dizia ter acesso aos ministros e técnicos. Para resolver o problema de Angra, disse precisar de R$ 1 milhão. Pessoa disse ter pago a quantia, mas não saber a quem ela se destinava dentro do tribunal. Tiago Cedraz admitiu que trabalhou para o consórcio de Angra 3, mas para atuar junto à contratante, a estatal Eletronuclear, e anunciou que processará Pessoa.
Aqui, outra surpresa irônica. Segundo Ricardo Pessoa, um dos emissários de Tiago para receber pagamentos foi Luciano Araújo, tesoureiro nacional do Partido Solidariedade. Sim, o partido do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, que foi ativo participantes das manifestações contra o Governo e é um ardoroso defensor do impeachment de Dilma. Luciano disse que seus contatos com Pessoa, a quem foi apresentado por Tiago, foram para obter doação de R$ 1,2 milhão ao Partido Solidariedade em 2014. Essa doação não aparece entre as que Ricardo Pessoa teria revelado na delação.
E essa denúncia envolvendo o TCU, será devidamente investigada? Que fará com ela o ministro Teori Zavascki? Será preciso descobrir se Pessoa fez mesmo esse pagamento a Tiago Cedraz e, em caso positivo, quem ficou com o dinheiro, se foi ele mesmo ou algum ministro da corte onde, neste momento, todos posam de vestais no julgamento das contas do governo Dilma."
FONTE: escrito por Tereza Cruvinel no portal "Brasil 247" (http://www.brasil247.com/pt/247/brasilia247/186614/Tereza-Cruvinel-questiona-e-o-TCU-ser%C3%A1-investigado.htm)
COMPLEMENTAÇÃO
DELAÇÃO IMPLODE CREDIBILIDADE DO TCU
"Empreiteiro da UTC revelou aos investigadores da Lava Jato que o advogado Tiago Cedraz, filho do ministro Aroldo Cedraz (foto), presidente do Tribunal de Contas da União, recebia R$ 50 mil por mês para passar a Ricardo Pessoa informações do tribunal que envolvessem os interesses da construtora.
O escritório de Tiago também foi contratado para atuar em caso sobre a Usina de Angra 3, serviço para o qual fechou o pagamento de R$ 1 milhão. A denúncia afeta diretamente a credibilidade da corte, que já se move pelo impeachment com a questão das "pedaladas fiscais".
Do "Brasil 247"
Além de doações a campanhas de políticos de diversos partidos, uma revelação do empresário Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, estremesse o Tribunal de Contas da União (TCU), que pode ter a credibilidade implodida com o caso.
Segundo Pessoa, o advogado Tiago Cedraz, filho do ministro Aroldo Cedraz, que preside o Tribunal de Contas da União, era pago para vazar informações da corte, noticia reportagem publicada pelo "Estadão" no sábado.
Tiago recebia, segundo revelou o empresário, R$ 50 mil por mês para passar a ele informações do tribunal que envolvessem os interesses da empreiteira. O escritório do advogado também foi contratado para atuar em caso sobre a Usina de Angra 3, serviço para o qual fechou o pagamento de R$ 1 milhão com a UTC.
O caso da usina discutia licitação para obras que chegavam a R$ 2 bilhões. A UTC e outras empresas envolvidas na Lava Jato faziam parte do "Consórcio Una 3", que estava interessado no contrato bilionário. A concorrência foi parar no Tribunal de Contas por representação de um dos participantes. Na ocasião, o ministro Aroldo Cedraz se declarou impedido de votar, uma vez que o escritório de seu filho atuava no caso.
Não é a primeira vez que o nome de Tiago é citado na Lava Jato. Anteriormente, o policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como "careca", revelou em depoimento ter levado "dinheiro do [doleiro Alberto] Youssef" algumas vezes no escritório do advogado, em Brasília.
Vale lembrar que, atualmente, o tribunal já se move pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff com o julgamento das chamadas "pedaladas fiscais", prática corriqueira até mesmo em governos anteriores [FHC/PSDB], mas que podem levar à reprovação das contas de 2014. Os ministros deram 30 dias para que a presidente Dilma Rousseff pudesse se explicar sobre o que consideram ser irregularidades."
FONTE da complementação: escrito por Tereza Cruvinel no portal "Brasil 247" (http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/186609/Dela%C3%A7%C3%A3o-implode-credibilidade-do-TCU.htm).
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