quarta-feira, 26 de novembro de 2008

DELÍCIA DE CRISE

Coloco aqui na introdução do artigo seguinte um trecho do texto de Eduardo Guimarães no seu blog “Cidadania.com”. Pertinente e oportuno.

Já virou rotina a imprensa meliante daqui destacar que, “apesar da crise”, este ou aquele indicador econômico melhoraram tanto neste ano quanto no mês de outubro, período de auge da histeria local com os problemas econômicos no mundo dito “desenvolvido”. Desta vez, foi o investimento estrangeiro no Brasil que, em 2008, bateu o recorde dos últimos 60 anos (!!), e que em outubro foi de 3,9 bilhões de dólares com crise e tudo.

Como os investidores estrangeiros não lêem a Folha, a Veja ou assistem a Globo, continuam apostando no Brasil pelos fundamentos sólidos de sua economia, fundamentos que a imprensa internacional vive destacando apesar de a nossa imprensa relativizá-los e assombrar o país com problemas que já vieram para o resto do mundo, mas que, para nós, não vieram e não virão, como venho dizendo há mais de dois meses.

Vejamos a notícia abaixo, a qual Eduardo Guimarães se refere, em texto de Patrícia Duarte e Eliane Oliveira, do O Globo (a notícia li no blog do Favre):

INVESTIMENTO EXTERNO BATE RECORDE HISTÓRICO

“Apesar da crise, recursos para o setor produtivo têm saldo de US$ 3,9 bi em outubro e sobem para US$ 34,7 bi no ano”

“A crise internacional não afetou as contas externas do Brasil quando se olha para os investimentos estrangeiros diretos (IED), ligados ao setor produtivo, e que bateram recorde histórico em outubro. Mas o baque ficou evidente no mercado de ações e títulos e nos indicadores de rolagem de dívidas.

Segundo dados do Banco Central (BC), o IED fechou o mês passado com saldo positivo de US$ 3,913 bilhões, acumulando em 2008 US$ 34,747 bilhões, acima de todos os resultados de anos fechados. O recorde anterior era de 2007, com US$ 34,585 bilhões, e alguns analistas do mercado já acreditam que deve ficar próximo dos US$ 40 bilhões no fim deste ano.

— São recursos (investimentos diretos) que vêm para longo prazo, com planejamento de seis meses. É a crença nos fundamentos da economia brasileira — disse o chefe do departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.

Por enquanto, a autoridade monetária mantém a projeção de que o IED encerre o ano a US$ 35 bilhões, mas Lopes já admite que vai revisá-la para cima. Em novembro, até ontem, as entradas líquidas desses investimentos chegavam a US$ 2,35 bilhões, e devem fechar o mês em US$ 2,8 bilhões.

Os investimentos estão pulverizados por diversos setores, com destaque para o de serviços.

Já os investimentos financeiros fizeram o caminho inverso em outubro, mas começam a dar sinais de acomodação em novembro. Com ações, por exemplo, as saídas líquidas ficaram em US$ 6,065 bilhões em outubro, e com títulos de renda fixa, em US$ 1,810 bilhão. Os investidores saíram do mercado brasileiro para cobrir prejuízos em outros mercados ou para buscar aplicações de menor risco.

Em novembro, até ontem, as saídas mostravam menos força: com ações, eram de US$ 890 milhões e com renda fixa, de US$ 604 milhões, de acordo com os dados do BC.

MERCADO CONSEGUE RENOVAR DÍVIDAS

O cenário menos nebuloso, no entanto, não se repete nas rolagens de dívidas. Em outubro, o mercado conseguia girar 126% dos débitos. Ou seja, além de rolar toda a sua divida, ainda conseguia emitir novas.

Mas, em novembro até ontem, essa taxa havia despencado para apenas 18%. Segundo Lopes, houve uma grande concentração de vencimentos neste período e, por causa da crise internacional, os investidores tiveram muito mais dificuldade para se refinanciar, como custos elevados.

A conta financeira integra o balanço de pagamentos. A outra rubrica deste indicador são as transações correntes — operações de comércio e serviços do país feitas com o exterior. Elas fecharam com saldo negativo menor em outubro, de US$ 1,507 bilhão. A causa principal foi a redução do ritmo das remessas de lucros e dividendos, que somaram US$ 1,813 bilhão, 47,24% menos do que em setembro.

Esse recuo continua e a conta deve fechar novembro com saldo negativo de US$ 500 milhões nas transações correntes.

Já a balança comercial teve déficit de US$ 318 milhões na semana passada, como resultado de US$ 3,355 bilhões em exportações e US$ 3,673 bilhões em importações. Foi o pior saldo semanal do ano, só perdendo para a quarta semana de agosto (US$ 840 milhões). Em cinco dias, a média exportada foi de US$ 671 milhões, um dos níveis mais baixos da história”.

Um comentário:

Pedro Bueno disse...

Muito bom e até havia copiado para o meu bloguinho, mencionando:será que não comprei jornal errado?
Sugiro que leiam, também, na Gazeta Mercantil, falando sobre que a Mercedez não está nem aí para a crise, que inclusive o Banco dessa Empresa nem precisou de pegar alguma coisa dos 4 bi que o governo disponibilizou para as montadoras.