O editorial de domingo da Folha de São Paulo expôs o seguinte:
“Os resultados das contas públicas em 2008, divulgados pelo Banco Central, trouxeram números superlativos. A poupança para pagar juros, o chamado superávit primário, foi de 4,1% do PIB -o terceiro mais alto já registrado nas estatísticas iniciadas em 1991.
O gasto com juros foi de 5,5% do PIB, elevado, mas ainda assim o mais baixo em 11 anos. O governo obteve o mais baixo déficit fiscal já observado, 1,5% do PIB.
Esses resultados positivos foram possíveis pelo crescimento forte da arrecadação, reflexo da expansão da atividade econômica até o terceiro trimestre. Mas o elemento decisivo para o desempenho foi o progressivo acúmulo de reservas de dólares pelo BC.
Esse quadro difere do registrado há alguns anos. As reservas eram menores, e a dívida pública, corrigida pelo câmbio, maior. Uma alta do dólar aumentava rapidamente o grau de endividamento do setor público, o que levava ao risco de insolvência.
Em 2008, contando com reservas de US$ 200 bilhões -valor superior ao das dívidas corrigidas pelo câmbio-, o setor público teve ganho financeiro quando a cotação do dólar subiu. Como resultado, seu endividamento líquido diminuiu. Tendo iniciado o ano em 42% do PIB, o indicador fechou 2008 em 36% do PIB.
Essa redução da dívida, por um lado, dá segurança quanto à solvência do setor público brasileiro. A crise, além disso, pode trazer alívio pelo lado das despesas financeiras, pois a taxa básica de juros já começou a ser reduzida pelo Banco Central.
Mas uma provável quebra nas receitas tributárias, causada pela fraca atividade econômica, imporá um grande desafio para 2009. Como o governo não se preocupou em frear as despesas de custeio da máquina estatal, é o investimento público, de crucial importância para a retomada econômica, que mais uma vez está na alça de mira.”
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