quarta-feira, 7 de abril de 2010

"GPS" RUSSO PRONTO PARA O BRASIL


Foguete russo Proton decola evando um dos satélites Glonass

"GPS" russo busca parceria com empresas brasileiras

"O Glonass, criado na Guerra Fria, está perto de ser completado, afirma agência


Rússia vê chance de criação conjunta para usos como monitoramento de estradas e transporte urbano; sinal promete ser mais "aberto"

Uma alternativa russa ao GPS (Sistema de Posicionamento Global), que ficou abandonada com o fim da Guerra Fria e agora está ressurgindo das cinzas, foi apresentada a empresários brasileiros como uma oportunidade para novos negócios, em reunião organizada ontem pelas agências espaciais do Brasil e da Rússia.

O Glonass, como é conhecido o GPS russo, já tem 21 dos 24 de seus satélites previstos em funcionamento e deve chegar ao final deste ano com capacidade de operação praticamente completa. A delegação da Roscosmos (a agência russa) defendeu durante o encontro em São Paulo que há espaço para a cooperação com empresas brasileiras na criação de aplicações do sistema, como monitoramento de estradas, controle de tráfego urbano e otimização de atendimento de emergência.

"Na Rússia, as colaborações com a indústria são, na melhor das hipóteses, PPPs [parcerias público-privadas]", diz Raimundo Mussi, coordenador técnico-científico da AEB (Agência Espacial Brasileira). "Aqui, a chance deles de trabalhar com a iniciativa privada para valer é muito maior, e as nossas empresas têm capacitação para isso", afirma Mussi.

Embora o GPS seja um sistema estabelecido e usado largamente mundo afora, há argumentos estratégicos para não excluir a utilização de sistemas alternativos, como o Glonass e o europeu Galileo (esse, ainda relativamente incipiente, só deve entrar em operação a partir de 2014). "No caso do GPS, nós não temos a chave", diz Mussi, referindo-se ao fato de que, por ser gerido pelas Forças Armadas dos EUA, o sistema americano pode, em tese, sofrer alterações por causa de necessidades militares.

"Durante a invasão do Iraque, foi possível sentir problemas com o GPS", lembra Cileneu Nunes, representante da empresa de rastreamento Zatix, que compareceu ao encontro e se disse "bem impressionado" com as propostas russas.

"Cru"

"Estive em Moscou há três anos, quando o sistema ainda estava muito cru. Eles avançaram muito", afirma Nunes.

Na tentativa de tornar seu sistema mais sedutor, os russos também planejam oferecer, de graça, a resolução mais apurada de rastreamento, na escala de decímetros (décimos de metro). "Pode não fazer diferença numa estrada, mas faria diferença para você estacionar, por exemplo", diz Mussi. Segundo ele, o GPS não libera essa precisão para uso civil, e os europeus planejam fazê-lo apenas para os usuários que pagarem.

Além disso, ter sistemas que "falem" com mais de uma rede de navegação "aumenta a confiabilidade, porque mais satélites "enxergam" você", lembra Fernando Walter, do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica).

Gilberto Câmara, diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), diz que considera baixa a chance de que surjam restrições ao uso do sinal do GPS para o Brasil. "Também é preciso lembrar que tecnologias como as dos smartphones vêm dos EUA e usam o GPS. Portanto, o desenvolvimento de novos produtos com o Glonass teria de levar isso em conta", afirma Câmara."

FONTE: reportagem de REINALDO JOSÉ LOPES publicada hoje (07/04) na Folha de São Paulo.

Um comentário:

Probus disse...

Pois é Maria Tereza, Samuel Guimarães, deve ter gostado...

08/04/2010
Moscou

Ucrânia estreita relações com Rússia e dá as costas à Europa

O sonho da integração entre a Europa Ocidental e a Oriental parece ter ficado mais distante depois do anúncio da Ucrânia, na última sexta-feira (2/4), da dissolução da comissão que trabalhava para a adesão do país à OTAN. O Centro Nacional para a Integração Euroatlântica, criado em 2006 pelo então presidente Viktor Yuschenko, teve suas portas fechadas pelo presidente recém-eleito, Viktor Yanukovitch, indicando que o país não tem intenção de fazer parte de nenhum bloco militar. A decisão foi recebida com surpresa pela comunidade internacional, já que a visita de Yanukovitch a Bruxelas no início de março, a primeira como chefe de Estado, parecia indicar uma tentativa de aproximação com a União Europeia.

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