Why Lula Is The Man (Porque Lula é o cara)
Shobhan Saxena – The Times of India
Recently, US secretary of state Hillary Clinton pressured Brazil’s president Lula da Silva to join the US in imposing new sanctions against Iran. Lula rebuffed Clinton, saying it’s “not prudent to push Iran against a wall”. This is not what Clinton wanted to hear from a country that holds a rotating seat in the UN Security Council and is lobbying for a permanent one. Subsequently, in Tel Aviv, Lula shocked Israeli leaders by refusing to visit the tomb of the father of Zionism, Theodore Herzl. In May, he goes to Tehran to meet President Ahmadinejad, a move that a US newspaper described as “unworthy of a country that aspires to be considered an equal among the world’s leaders”. Is Lula behaving like a world leader?
Mocked by Brazil’s chatterati for his fractured grammar, Lula has become a hit on the world stage with his Everyman style. At the London summit on the global financial crisis last year, on seeing Lula, US president Barack Obama shouted, “That’s my man right here. Love this guy. He’s the most popular politician on earth.” Obama’s gushing remarks came just a few days after the Brazilian had blamed the global crisis on “the irrational behaviour of people that are white, blue-eyed, that before the crisis looked like they knew everything about economics”. Lula’s remarks made the Brazilian elite cringe.
Set to leave office in nine months, Lula is travelling around the world and talking attacking the UN for its “caste system”, blasting the rich world at Copenhagen, campaigning for a more global role for “emerging” countries and calling for a “dialogue” with Iran. This has made some western observers wonder if he is following Venezuela’s Hugo Chavez as a “gladiator of the anti-imperialist battle”.
Nothing could be further from the truth. Lula has become a hero at home and a statesman abroad for genuine reasons. In Brazil, his approval ratings are 76 per cent, a record for an outgoing president. His domestic accomplishments are unprecedented: since 2003, he has more than doubled the minimum wage to $300, helped lift 20 million Brazilians out of poverty, and brought public debt down to 35 per cent from 55 per cent of GDP. Last year, Brazil’s reais was the fifth best-performing currency, inflation was down to 4 per cent and the country sailed through the economic crisis with hardly a bruise.
Thanks to Lula’s social programmes, growth’s biggest beneficiaries have been the poor for whom the president, who grew up polishing shoes and sharing a room with his mother and eight siblings, is a sign of hope. So high is Lula’s popularity that he is even credited for the discovery of oil off the Brazilian shore. Brazil may soon become the third-largest producer of petroleum, and Lula has already announced plans to spend the oil income on anti-poverty plans.
Of course, Lula has made mistakes. There have been scandals in the government and he has been criticised by Workers Party leftists for “moving too much to the Centre”. But no one disputes his biggest achievement: positioning Brazil in the world. Lula has converted economic muscle into global clout by pushing “south-south” trade and growing political ties with developing countries. That explains his stand on Iran, with whom Brazil’s trade has grown by 40 per cent since 2003. So good is his chemistry with Ahmadinejad that Obama has asked Brazil to mediate between Iran and US, something Lula would love to do. Amid the row in Tel Aviv, Lula called for “someone with neutrality” to mediate the Middle East peace process. And he didn’t mean Tony Blair.
Once laughed at by Copacabana’s caipirhinha-sipping elite that “feared” Lula might embarrass Brazil abroad, the former metal worker has shown a solid grasp of foreign affairs. During his first term, he worked on closer ties with India, China and South Africa. Today, China, not the US, is Brazil’s biggest trading partner. Playing a crucial role in the creation of IBSA and BASIC two groups involving Brazil, India, China and South Africa Lula has become the most vocal proponent of emerging nations on global issues ranging from finance to climate change. With the non-aligned movement as good as dead, these groups have become the voice of Asia, Africa and Latin America in global affairs. Calling him “a referent to emerging countries and also to the developing world”, in 2009, a leading French daily named Lula “Man of the Year”.
Lula is the man of the moment because he has followed a simple formula of strengthening the domestic economy, delinking the financial system from the US, cultivating ties with emerging countries and following an independent foreign policy. It’s because of this he can speak his mind on any issue. Call it his good luck, but a lack of charismatic leadership in other emerging nations too has helped. Today, China and India are led by technocrats, not mass leaders, South Africa has failed to produce a well-known leader since Nelson Mandela and Russian president Vladimir Putin lacks democratic credentials. In such a scenario, Lula grabbed the opportunity with both hands. An Indian leader with imagination might have written this role for himself."
FONTE: publicado no blog de Luis Favre
______________________________________________________
No portal "Vi o mundo", do jornalista Luiz Carlos Azenha, foi publicada hoje (09/04) a tradução do artigo acima:
India Times: Lula, “o cara”
Why Lula Is The Man
Shobhan Saxena, Apr 9, 2010, 12.00am IST
do Times da Índia, via twitter do Tão Gomes Pinto
"Recentemente, a secretária de Estado dos Estados Unidos Hillary Clinton pressionou o presidente brasileiro Lula da Silva para que o Brasil se juntasse aos Estados Unidos na imposição de novas sanções contra o Irã. Lula rebateu Clinton dizendo que “não é prudente empurrar o Irã contra a parede”. Não é o que Clinton gostaria de ter ouvido de um país que tem um dos assentos não permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas e faz lobby por um assento permanente.
Subsequentemente, em Tel Aviv, Lula chocou líderes israelenses por se negar a visitar o túmulo do pai do sionismo, Theodore Herzl. Em maio, Lula vai ao Irã para se encontrar com o presidente Ahmadinejad, uma decisão que jornais dos Estados Unidos descreveram como “não representativa de um país que aspira ser considerado um igual entre os líderes do mundo”. Lula está agindo como um líder mundial?
Caçoado pelos comentaristas do Brasil por sua gramática imprecisa, Lula se tornou um hit no palco mundial com seu estilo de homem comum. Na cúpula financeira sobre a crise global em Londres, no ano passado, ao ver Lula o presidente Barack Obama gritou: “Lá está o meu cara. Eu amo esse cara. Ele é o político mais popular da terra”. As declarações de Obama foram feitas apenas alguns dias depois do brasileiro ter atribuído a crise global ao “comportamente irracional dos brancos de olhos azuis que antes da crise pareciam saber tudo sobre economia”. As declarações de Lula fizeram a elite brasileira ranger os dentes.
A nove meses de deixar o poder, Lula viaja o mundo atacando a ONU pelo “sistema de castas”, o mundo rico em Copenhagen e em campanha por um maior papel global para “poderes emergentes” e pregando o “diálogo” com o Irã. Isso fez alguns observadores ocidentais se perguntarem se ele está seguindo os passos de Hugo Chávez como “gladiador da batalha antiimperialista”.
Nada mais distante da realidade. Lula se tornou um herói em casa e um estadista no mundo por razões genuínas. No Brasil, sua taxa de aprovação está em 76%, um recorde para um presidente em fim de mandato. Sua conquistas domésticas foram sem precedentes: desde 2003, ele mais que dobrou o salário mínimo para o equivalente a 300 dólares, ajudou a tirar 20 milhões de brasileiros da pobreza e derrubou a dívida pública para 35% do PIB (de 55%). No ano passado, os reais brasileiros foram a quinta moeda com melhor performance do mundo, a inflação caiu para 4% e o país navegou pela crise econômica mundial quase sem danos.
Graças aos programas sociais de Lula, os maiores beneficiários do crescimento foram os pobres para os quais o presidente, que cresceu engraxando sapatos e dividindo um quarto com a mãe e oito irmãos, é um símbolo de esperança. A popularidade de Lula é tão grande que ele até recebeu crédito pela descoberta de petróleo na costa do Brasil.
O país pode se tornar em breve o terceiro maior produtor de petróleo do mundo e Lula já anunciou planos para gastar a renda do petróleo com programas contra a pobreza.
Naturalmente, Lula cometeu erros. Houve escândalos no governo e ele tem sido criticado pela esquerda do Partido dos Trabalhadores por ter se movido “muito para o Centro”. Mas ninguém questiona sua maior conquista: o posicionamento do Brasil no mundo. Lula converteu o músculo econômico em influência global ao promover o comércio “sul-sul” e crescentes ligações políticas com países em desenvolvimento. O que explica suas posições sobre o Irã, com o qual o comércio do Brasil cresceu 40% desde 2003. A químic com Ahmadinejad é tão boa que Obama pediu ao Brasil que medie as relações do Irã com os Estados Unidos, algo que Lula adoraria fazer. Na passagem por Tel Aviv, Lula sugeriu “alguem com neutralidade” para mediar o processo de paz no Oriente Médio. E ele não queria dizer Tony Blair.
Uma vez caçoado pela elite que bebe caipirinha em Copacabana, que “temia” que Lula poderia envergonhar o Brasil no exterior, o ex-operário metalúrgico tem demonstrando um domínio sólido da política externa. Durante seu primeiro mandato, ele trabalhou por relações mais próximas com a Índia, a China e a África do Sul.
Hoje a China, não os Estados Unidos, é o maior parceiro comercial do Brasil. Jogando um papel crucial na criação da IBSA e da BASIC, dois grupos envolvendo o Brasil, a Índia, a China e a África do Sul, Lula se tornou a voz mais forte das nações emergentes em questões globais como as mudanças do clima e a crise financeira. Com o movimento dos não-alinhados morto, esses grupos se tornaram a voz da Ásia, da África e da América Latina em questões globais. Descrevendo Lula como “uma referência para os países emergentes e também para o mundo em desenvolvimento”, em 2009 um importante jornal francês escolheu Lula como “homem do ano”.
Lula é o homem do momento porque ele seguiu uma fórmula simples, a de reforçar a economia doméstica, desligando o sistema financeiro do Brasil dos Estados Unidos, cultivando relações com países emergentes e seguindo uma política externa independente. E é por isso que ele pode falar o que quer em qualquer assunto.
Chamem de sorte, mas a falta de líderes carismáticos em outras nações emergentes também ajudou. Hoje, a China e a Índia são lideradas por tecnocratas, não por líderes de massa, a África do Sul não produziu um líder conhecido desde Nelson Mandela e o presidente da Rússia Vladimir Putin não tem as credenciais democráticas. Neste cenário, Lula agarrou a oportunidade com as duas mãos. Um líder indiano com imaginação poderia ter escrito este papel para si próprio."
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Postar um comentário