"O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse hoje (18) que um dos detalhes mais importantes da Declaração de Teerã é que o documento é resultado de uma negociação, e não da confrontação. Segundo o chanceler, o documento assinado ontem em Teerã resume avanços notáveis em relação a todas as situações anteriores.
O documento obtido com a intermediação do Brasil e da Turquia prevê a troca de urânio do Irã levemente enriquecido por combustível que seria produzido provavelmente pela Rússia e pela França.
Amorim ressaltou que esta é a primeira vez que o Irã aceita, por escrito, uma proposta relativa ao seu programa nuclear, sem impor nenhum tipo de condição. Também pela primeira vez, e por escrito, o Irã aceita que se trata de 1,2 mil quilos de urânio, que é exatamente a proposta original da própria Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea). Além disso, o Irã se compromete a enviar seu urânio levemente enriquecido para a Turquia.
"Até então", disse Amorim, "o Irã dizia que o urânio teria que ser trocado em território do país, o que significava receber primeiro - ou pelo menos simultaneamente - o elemento combustível necessário às suas pesquisas nucleares antes de enviar o seu urânio para fora do seu território".
O ministro lembrou que o Irã se comprometeu a escrever uma carta para a Agência Internacional de Energia Atômica, no prazo de uma semana a contar de ontem, comunicando sua decisão sobre o acordo com o Brasil e a Turquia.
"Isso", disse Amorim, "é relevante porque uma das críticas que ouvíamos quando havia uma discussão com o Irã era que o país fazia uma proposta para a Turquia ou o Brasil, mas não fazia proposta oficial para a agência atômica".
Amorim afirmou que ao se chegar a uma solução sobre a quantidade de urânio que será enriquecido fora do Irã, sem que este envio do material seja condicionado ao recebimento prévio de combustível já enriquecido, e o envio da carta à agência atômica, são fatores que atendem a pedidos de líderes ocidentais para tornar possível o acordo com o Irã agora alcançado.
O ministro disse que a expectativa do Irã, a partir de agora, é normalizar, aos poucos, sua relação com a comunidade internacional, em vários aspectos."
FONTE: reportagem de Luiz Antônio Alves publicada pela Agência Brasil.
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