quarta-feira, 18 de abril de 2012

“É TUA A HORA, ARGENTINA!”


A nacionalização da Yacimientos Petrolíferos Fiscales é excelente notícia para a América Latina. Recoloca o Estado argentino no controle do instrumento básico de sua soberania no setor petrólifero, sua grande empresa da área”.

Por Haroldo Lima

“Na história da indústria do petróleo, não há o precedente de algum país, outrora subdesenvolvido, hoje emergente, ter conseguido desenvolver seus recursos petrolíferos em função dos interesses nacionais, senão quando esse país tinha, pelo menos, uma grande petroleira. E país pobre só tinha uma forma de ter uma grande petroleira, criando-a como estatal.

A história da “Yacimientos Petrolíferos Fiscales” [YPF] está relacionada à luta que se desenvolveu no século 20 pela soberania dos países no setor do petróleo. Até meados desse século, o mundo do petróleo era sobrepujado por um grupo de grandes empresas que passou à história como “as sete irmãs”, que eram a “Standard Oil of New Jersey”, a “Exxon”; a “Standard Oil of Califórnia”, a “Chevron”; a “Gulf Oil”; a “Mobil”; a “Texaco”; a “British Petroleum”; e a “Shell”, cinco norte-americanas, uma inglesa e uma anglo-holandesa.

Foi na luta contra a hegemonia desse cartel que, em 1960, um grupo de países grandes produtores e exportadores de petróleo resolveu criar a “Organização dos Países Exportadores de Petróleo”, a OPEP. Esses países foram a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irã, Catar, Kuwait, Iraque, Líbia, Indonésia, Nigéria, Venezuela e Argélia, a maioria árabe.

Mas, alguns países que não eram grandes produtores nem grandes exportadores já vinham procurando ganhar autonomia no terreno petrolífero. Todos concluíram que não tinham qualquer chance de desenvolver autonomamente seu setor petrolífero, se não tivessem uma grande petrolífera – uma estatal do petróleo – que gozasse de privilégios exploratórios em seu próprio território.

Assim pensando, quem criou, em primeiro lugar no mundo, uma estatal do petróleo foi a Argentina, em 1922, a sua “Yacimientos Petrolíferos Fiscales”. Na continuidade, o México fundou a PEMEX, em 1938, quando estava começando a 2ª Guerra Mundial, e um pouco mais à frente foi a vez do Brasil com a PETROBRAS. Estatais de petróleo foram criadas posteriormente na Inglaterra, Itália, França, Canadá, Japão, Noruega etc. A PDVSA, da Venezuela, vem bem depois, em 1976.

Pois essas estatais, especialmente a YPF, a Petrobras e a PDVSA, estavam indo muito bem, até que a maré montante da privatização neoliberal aparece e coloca, especialmente a YPF e a Petrobras, na alça de mira.

Com relação à Petrobras, começaram por lhe tirar o exercício do monopólio, mas a expectativa era bem outra: perdido o monopólio, a empresa seria privatizada. Em 1995, as batalhas políticas sobre a questão se desenvolveram, e terminaram se decidindo no Congresso Nacional, onde fui ativista e testemunha. A liderança do governo FHC dizia que não queria privatizar a Petrobras, mas apenas "acabar com o monopólio".

O monopólio já tinha sido derrubado na Câmara. Eis que o senador Ronaldo Cunha Lima apresenta uma Emenda salvadora: todos concordariam em votar o fim do monopólio, desde que se acertasse votar também que a Petrobras não seria privatizada. E o líder do governo senador Élcio Álvares prontamente recusou a Emenda. Ficava claro que a ideia era a privatização da empresa.

Foi quando o então presidente do Senado José Sarney, em permanente articulação com o setor nacionalista, toma uma iniciativa de grande repercussão: comunica ao presidente da República que só poria o fim do monopólio em votação se o presidente assinasse um documento público comprometendo-se a não privatizar a Petrobras. E tal aconteceu. Penso que a Petrobras foi salva alí.

Na Argentina, o neoliberalismo cresceu mais que no Brasil. Privatizaram diversas empresas e foram para cima da YPF. Contando com um neoliberal atrevido na sua sabujice entreguista e na corrupção depois revelada, Carlos Menem, venderam a YPF.

Sem sua grande empresa do petróleo, a Argentina perdeu o passo no setor. A produção foi caindo e a nação, no estratégico setor petrolífero, passou a ser desimportante.

Agora, Cristina Kirchner toma uma iniciativa histórica, talvez a mais importante de seus dois governos.

Não foi nada contra a Espanha, que fazendo lembrar sua história colonial faz extravagantes ameaças. Não. Não foi nada contra ninguém. Foi a favor da Argentina. Saludos.”

FONTE: escrito por Haroldo Lima, ex-diretor geral da “Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis” e membro do Comitê Central do PCdoB. Transcrito no portal “Vermelho”  (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=180910&id_secao=7) [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’]

4 comentários:

Probus disse...

18 ABR 2012 17:17 h

NEGÓCIO FRUSTRADO

Expropriação truncado negociações secretas para vender Repsol YPF para uma empresa chinesa

Mídia revelou que o gigante asiático Sinopec tinha se mudado para um acordo para comprar o óleo na Argentina. Supostamente, ela estava disposta a pagar até 15.000 milhões de dólares.

Por DAVID BRUNAT, BEIJING, ESPECIALMENTE

O anúncio feito pela presidente Cristina Fernandez de Kirchner na segunda-feira sobre a decisão do governo argentino para fazer avançar a expropriação de 51% da YPF perderia explodir uma negociação em que ele tinha avançado com a máxima discrição Repsol para vender sua participação em óleo da Argentina para a Sinopec da China.

Probus disse...

A negociação foi revelada pela Caixin empresarial chinesa diariamente. Segundo o jornal, a Sinopec tinha última sexta-feira sobre a mesa um acordo não vinculativo para comprar Repsol YPF e estava disposto a vender o seu total de ações (pouco mais de 57%) com o conglomerado chinês para mais de 15.000 milhões de dólares. Mas o processo de venda suposto segredo foi interrompida na segunda-feira após o anúncio do presidente.

Ontem Sinopec não confirmou que o acordo com a Repsol Caixin quebrado, mas não negou. A empresa espanhola também revelou detalhes sobre uma operação que teria abalado os mercados internacionais. Ele está no ar a questão do porquê Repsol seria alienar a sua participação na YPF, se a pressão do governo argentino ou questões de negócios.



Descartou a compra, agora a porta se abre para a China como uma "parceria" para formar ligações transitórias com a YPF novo formato de negócios na terça-feira em frente ministro do Planejamento, Julio de Vido, que também mencionou entre os aliados potenciais tais parcerias no México e no Brasil.

Especialistas chineses acreditam que este interesse parceria para a China e Argentina são prováveis ​​se, como parece, é sensível. "Não importa o que o ambiente político e econômico. Se o projeto tem bons ativos, [compra ou parceria] é favorável", disse Zhou Dadi, vice da Sociedade de Pesquisa de Energia da China.

http://www.ieco.clarin.com/empleos/expropiacion-negociacion-secreta-Repsol-YPF_0_684531781.html

Unknown disse...

Eu não gosto da forma que essas mentes brilhantes da esquerda tentam resolver seus problemas. Sabe o que vai acontecer com a Argentina( tambem nao sei) mas com certeza é o começo da decadencia deste país, pois tudo que é feito através de populismo, é uma canoa furada.
E nao adianta vim com aqueles discursos que o petroleo é nosso e etc, pois o petroleo vai ser da Cristina e seus pares que se vendem e enganam o povo argentino.
Mas como sou brasileiro, cada país com seus problemas, e graças a Deus a Dilma passa longe dessas ideias mirabolantes de fracasso.

Probus disse...

Unknown, SINCERAMENTE, AMEI "SEU" comentário!!!

"...Sabe o que vai acontecer com a Argentina(tambem nao sei) mas com certeza é o começo da decadencia deste país."

PRIMEIRO: NÃO sabe...

DEPOIS: TEM CERTEZA...

Quer dizer que é o COMEÇO da DECADÊNCIA HERMANA????????

Unknown, EU nem vou te responder sobre esta tal de DECADÊNCIA HERMANA, mas, VOCÊ lhes digo na MINHA CERTEZA: VOCÊ ainda vai VER Cristina Elisabet Fernández de Kirchner HASTEANDO a BANDEIRA ARGENTINA no mais alto cume das MALVINAS.