Ao lado do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, presidenta Dilma participa da formatura dos novos diplomatas do Instituto Rio Branco. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
BRASIL TEM DESAFIOS SIMULTÂNEOS NO CENÁRIO INTERNACIONAL, diz Dilma
“Em discurso feito na cerimônia de formatura da turma de 2010-2012 do Instituto Rio Branco, a presidenta Dilma Rousseff defendeu que o Brasil tem imensa capacidade de ampliar suas relações, não só na América Latina, mas na África, na Ásia, na Europa, inclusive na América do Norte. "O Brasil tem papel especial, extremamente complexo. Não é papel simples que nós possamos fazer uma lista e falar: primeiro isso, segundo aquilo, terceiro aquilo. Não é assim, é simultâneo".
Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, na cerimônia de formatura da Turma de 2010-2012 do Instituto Rio Branco
-- “Eu queria iniciar cumprimentando, e quebrando o protocolo – porque o Itamaraty também tem de quebrar o protocolo -, cumprimentando a turma dos formandos, porque essa turma é o presente e é o futuro do Brasil. Então, começo por cumprimentar a todos;
-- Cumprimentar,também,o embaixador Antonio Patriota, ministro de Estado das Relações Exteriores; aproveito e cumprimento o decano dos diplomatas, o Antonio Patriota pai;
-- Queria cumprimentar as senhoras e os senhores chefes de missão diplomática aqui presentes;
-- O embaixador Ruy Nogueira, secretário-geral das Relações Exteriores;
-- Queria dirigir um cumprimento muito especial ao Samuel Pinheiro Guimarães, paraninfo da turma "Milena Oliveira de Medeiros";
-- E também a uma pessoa [Samuel Pinheiro Guimarães] que deu grandes contribuições para o nosso país, no que se refere a uma visão de Brasil e de presença do Brasil no mundo, de forma bastante inovadora, e que sempre lutou pelo desenvolvimento deste país.
-- Queria cumprimentar a senhora Raimunda Carneiro, mãe da secretária Milena Oliveira de Medeiros, que dá nome à turma 2011-2012 [2010-2012], e dizer a ela que nós temos na Milena um exemplo deste novo Brasil que está surgindo. E a mim comove imensamente que essa turma tenha escolhido a Milena. Porque a Milena representa este Brasil de oportunidades, este Brasil que, de fato, poderia ter na Milena uma ministra, uma grande diplomata e uma presidenta;
-- Queria também cumprimentar aqui o senhor embaixador Georges Lamazière, diretor do Instituto Rio Branco;
-- A secretária Maria Eugênia Zabotto Pulino, oradora da Turma de 2010-2012, que evidenciou algo que nós temos muito orgulho. Primeiro, a boa formação, a clareza na elaboração de suas ideias, e também mostrou a força do que este nosso Brasil, que está surgindo, é capaz de desempenhar e, portanto, é capaz de ajudar a essas mudanças tão necessárias no país;
-- Queria cumprimentar os senhores e as senhoras embaixadores aqui presentes;
-- As senhoras e senhores familiares;
-- Dirigir especial cumprimento aos pais e às mães por terem este orgulho de verem seus filhos aqui se formando;
-- Queria também cumprimentar os senhores jornalistas, os senhores fotógrafos e cinegrafistas.
Senhoras e senhores,
A minha palavra inicial é de apreço, como eu disse, às alunas e aos alunos que concluem sua formação no Instituto Rio Branco e passam a integrar, formalmente, o corpo diplomático brasileiro. Eu quero dirigir uma saudação a cada um deles, pela responsabilidade, pelo papel que eles vão desempenhar daqui para frente para o nosso país. Associo-me, mais uma vez, à perda e ao pesar que nós todos temos pela perda da Milena Oliveira de Medeiros, morta no cumprimento das suas responsabilidades.
Queridas formandas e queridos formandos,
O lugar que um país ocupa no mundo está muito ligado, e está prioritariamente vinculado, ao papel que esse país ocupa em relação ao seu povo. Enfim, está vinculado às mudanças internas que ele é capaz de realizar ou que ele realizou. E o Brasil não foge a essa regra. A importância que nós temos decorre de todas nossas ações que, de uma forma ou de outra, são reconhecidas nesse mundo absolutamente interconectado por redes sociais, por jornais, enfim, por todos sistemas de comunicação modernos. E as transformações recentes na nossa economia, a afirmação da nossa sociedade, através do processo de desenvolvimento que distribuiu renda, que abriu oportunidades para o nosso povo, dá dimensão a um país firmemente comprometido com a questão da democracia, firmemente comprometido com os direitos humanos, firmemente comprometido com a igualdade e os princípios da distribuição de renda e da melhoria de vida do povo.
Essa visão que transforma, hoje, o Brasil numa grande nação, numa nação – e aí eu vou divergir um pouco do Samuel – eu acredito que nós temos imensa capacidade de nos relacionarmos, não só na América Latina, mas na África, na Ásia, na Europa, inclusive na América do Norte. E creio que esse posicionamento do Brasil é reconhecido por duas coisas. Num mundo crescentemente desigual, num mundo em que todo o desenvolvimento, todo o crescimento tem levado, não a uma diminuição das diferenças sociais, nem territoriais, mas numa ampliação, num mundo em que, por exemplo, 1% controla 40% por cento da riqueza, e isso tende a se ampliar, num mundo em que a saída da crise tem levado à perda de direitos, à precarização do trabalho e a imensas chagas sociais, o Brasil corre em trilha completa e totalmente diferente.
Primeiro, nesse mundo, nós provamos que [superamos], no Brasil, e não era só no Brasil, algo que era de certa forma uma visão distorcida e muito especializada para países em desenvolvimento: "de que não era possível crescer e distribuir renda". Nós rompemos com isso. O grande respeito que nós temos é porque nós não governamos sem olhar o nosso povo. Um país que deixa seu povo à margem do seu desenvolvimento e do seu crescimento não é respeitado por ninguém.
Nós temos a nossa capacidade de produzir respeito, porque produzimos, antes, melhorias econômicas e sociais. Estabilizamos a economia brasileira. Não somos mais dependentes do Fundo Monetário. Temos mais de US$ 360 bilhões em reserva. Controlamos a inflação, mas, sobretudo, tiramos 40 milhões e os elevamos, de situações de miséria, à classe média. Além disso, temos hoje política muito clara de continuar o trabalho e prosseguir no rumo de incluir na sociedade brasileira os 16 milhões que ainda vivem à margem, em situação de extrema miséria.
Tudo isso mostra que não somos um país que [somente] valoriza o desenvolvimento econômico – valorizamos sim, até porque precisamos dele. Precisamos crescer mais rápido para poder distribuir renda, mas, sobretudo, porque melhoramos a vida do nosso povo e transformamos um povo que era marginalizado e não podia participar dos benefícios do desenvolvimento econômico. Transformamos esse povo em consumidor, em trabalhador, em pequeno empresário e demos a ele oportunidades, através de programas estratégicos, como é o programa de educação, que permitiu que mais jovens tivessem acesso à educação profissional. E garantimos a internalização, no nosso país, de universidades através do ProUni, que é o acesso do estudante mais pobre a escolas privadas universitárias. Ampliamos as universidades públicas. E mais, hoje percebemos, cada vez mais, que o grande motor para mudar é ciência, tecnologia e inovação.
Nós temos que fazer as duas atividades. As duas tarefas muito diferentes [...] que mostram a complexidade do nosso país. Ao tempo que nós combatemos a miséria, nós temos de ser capazes de responder aos desafios do Século XXI: ciência, tecnologia e inovação.
Nós temos, hoje, um bônus ligado à nossa distribuição etária, à nossa matriz de idades, vamos dizer assim. O fato de que, até em torno de 2030, nós seremos um país que todos os trabalhadores, todos os empresários, enfim, todas as pessoas ativas, o número delas ultrapassará aqueles que dependem socialmente, como as crianças, os jovens em idade de não trabalho e, sobretudo, os idosos. Esse bônus demográfico do país permitirá que o país se desenvolva, e mais do que isso, se nós formos capazes de capacitar a nossa força de trabalho, se nós formos capazes de dar educação de qualidade a todos, de transformar este país, de fato, numa grande potência.
Nós somos, hoje, e isso é algo extremamente volátil, nós somos a sexta potência. Isso depende da taxa de câmbio; tem uma variável taxa de câmbio. Mas não é isso que importa. O que importa é que nós sejamos, do ponto de vista do nosso país, do ponto de vista da nossa população, de fato, a sexta economia em matéria de renda per capita e de acesso à educação e aos serviços públicos de qualidade.
É esse país que nós estamos projetando internacionalmente, é esse país que tem o pré-sal, é esse país que é potência alimentar, é esse país que não vai deixar a sua indústria, que é uma indústria razoavelmente complexa, ser sucateada por nenhum processo de desvalorização de moedas e nem por guerras comerciais que usam métodos não muito, eu diria assim, não muito éticos.
Este país tem imensa capacidade de projeção internacional, porque este país se encontrou internamente. Isso é extremamente importante. É só por isso que nós, hoje, temos extrema capacidade de projeção internacional. Deve-se a nós mesmos. Não se deve a nenhuma simpatia ou nenhuma preferência. Deve-se à força do próprio país. Por isso, eu acredito que é muito importante perceber as relações entre política interna e política externa no Brasil. O que nós defendemos lá fora é o que nós fazemos aqui dentro. E isso é crucial.
Ao mesmo tempo, vivemos num mundo em transformação, num mundo multipolar, um mundo que está mudando, que mudou. Primeiro, de uma situação bipolar para uma situação de quase hegemonia unipolar, mas que hoje se percebe claramente a multipolarização que existe. Neste mundo, o Brasil tem papel especial, extremamente complexo. Não é papel simples que nós possamos fazer uma lista e falar: “primeiro isso, segundo aquilo, terceiro aquilo”. Não é assim, é simultâneo. Simultaneamente, nós temos de ter presença fortíssima na América Latina e presença que transforma as fronteiras da América Latina e as responsabilidades do Brasil em relação à América Latina na responsabilidade do país com maior PIB, com maior poder econômico e, ao mesmo tempo, um país que tem de mostrar que uma outra política de relacionamento internacional é possível. Uma outra política não imperialista, não de subordinação do país menor, não de aproveitamento da força e da imposição de modelos.
Nós temos de mostrar, aqui na América Latina, que é possível relação econômica mais equilibrada. Uma relação econômica de integração de cadeias produtivas e que os países, diferenciadamente, ganhem, reconhecendo o papel de cada país nesse cenário, sabendo, inclusive, que há diferenças. Sabendo que há relações diferenciadas também desses países com o mundo.
É importantíssimo que, simultaneamente, saibamos que os BRICS são estratégicos para o Brasil. Nós, os BRICS, somos quase, hoje, responsáveis por 56%, se não me falha a memória, da taxa de expansão da economia internacional. Os BRICS são diferentes. Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, somos completamente diferentes, mas somos representantes de continentes diversos. Implica num reconhecimento da presença do Brasil em um fórum em que países bastante significativos e com presença internacional ocupam na cena. Significa que o Brasil tem diálogo especial e uma relação, tanto dentro dos BRICS, quanto dentro dos IBAS, que é Índia, Brasil e África do Sul; nós temos um fórum no qual o Brasil não é só ouvido, o Brasil é protagonista.
Acredito que a relação com os países da Ásia é estratégica para o Brasil. É estratégica, porque o Brasil é grande fornecedor e será sempre grande fornecedor de “commodities”, mas será, e eu asseguro a vocês, um grande fornecedor também de manufaturas.
Nós temos de equacionar três amarras do país e construir o caminho, o chamado quarto caminho. As três amarras são: taxa de juro, taxa de câmbio e impostos altos. E o caminho é a educação de qualidade.
Nós temos, porque somos mais homogêneos, grande possibilidade de presença no mundo. Além disso, nós temos de manter os nossos relacionamentos com a União Europeia e com os Estados Unidos. Nós não só temos, como devemos e podemos. E, hoje, temos também um fórum muito importante que é o G-20, no qual essas discussões podem, em alguns momentos, parecer que não saem do lugar, mas elas constituem espaço completamente diferente do G-8, do G-7 ou do G-9, que, várias vezes, ocorria no passado. É inimaginável que nós não estejamos sentados à mesa, na negociação. Hoje, é inimaginável.
O Brasil também tem uma característica que nós temos de preservar, de respeitar nós mesmos. O fato de nós sermos um país com tradição muito forte de paz, de democracia. Agora, no passado não foi, mas agora, nós construímos o nosso processo democrático.
Temos de respeitar os direitos humanos. Esse processo é um valor. É um valor por quê? É um valor, porque o nosso povo é um povo que tem espaço de manifestação, a nossa imprensa tem liberdade e nós estamos acostumados com a diferença.
Nós não nos assustamos quando alguém tem posição diversa, nós não deixamos de convidá-lo para comparecer às reuniões. Nós não achamos que nós temos de nos reunir só com as pessoas que pensam iguais a nós. É essa característica profunda do Brasil que nos torna país respeitado em todas as áreas, porque somos um país capaz de diálogo. E isso é um valor que nós temos, um grande valor que nós temos.
Eu queria dizer que todo esse cenário mais complexo vai exigir dos diplomatas brasileiros duas características. Vocês têm, de fato, de ser generalistas, mas não se iludam. Vocês têm de ser também especialistas. É impossível debater, no plano internacional, se você não souber do que você está falando. Se isso é exigido para um presidente, quanto mais do diplomata. É fundamental para o presidente ter as informações necessárias. Então, eu digo para vocês o seguinte: não tem só generalista, não. Eu perguntei há pouco para o Patriota: “Patriota, quantos engenheiros?”. Sabe por que eu perguntei quantos engenheiros? Porque nós vamos discutir ciência, tecnologia e inovação. Eu quero saber quem é melhor em biotecnologia. Eu quero saber como é que eu faço a ponte. Isso é fundamental. A gente não precisa, eu perguntei para o Patriota, mas quero dizer a vocês que a gente não precisa ser formado em engenharia para entender de algumas coisas. Mas é importante que o Itamaraty tenha engenheiros. É importante. É importante que o Itamaraty tenha físicos. É importante. É importante que o Itamaraty tenha matemáticos. É importante.
Porque nós vamos entrar no Século XXI a partir de toda uma situação em que nós já estamos, mas será mais exigida daqui para frente. Este é o século do conhecimento. Este é, sobretudo, o século do conhecimento. É o século da capacidade de se dominar certas tecnologias e é o século da capacidade nossa de inventar, de criar. É o século, também, que permitirá que aqueles países que tenham, na sua força de trabalho, no seu povo, a sua maior riqueza, seja o país que estará mais bem condicionado internacionalmente.
Apesar de nós termos tudo aquilo, petróleo, indústria, nós temos de apostar na qualidade do ensino da população brasileira. Isso é o estratégico e isso vale para o Itamaraty também. E eu acredito que nós temos um caminho de muitas transformações, que nós temos que entender rapidamente e estar prontos para atuar. Essa flexibilidade também é característica do Brasil. Eu acho que é essa combinação de criatividade com imensa capacidade, ser flexível, de entender rapidamente, de conviver com a diferença que distingue este país. E o torna imbatível.
Queria dizer a vocês que, para mim, foi muito emocionante o fato de vocês escolherem a Milena e não o Barão [do Rio Branco]. Eu acho o Barão uma das personagens mais importantes deste país, porque o Barão foi responsável pelo mapa do país, pela definição do nosso território sem guerra. O Barão foi, talvez, um dos mais hábeis diplomatas que o mundo já viu. Nós sabemos, todos nós, da importância dele, mas eu acho que o ato de escolha [da Milena] não é um ato em detrimento do Barão, é um ato de afirmação das oportunidades que este país tem de dar para as pessoas.
À Milena Oliveira de Medeiros, aqui eu encerro dizendo que este país tem que ter muitas mulheres [como ela]. E que eu espero que nós todos aqui, presidentes, diplomatas, alunos, enfim, todos nós aqui presentes sejamos capazes de permitir que este país tenha muitas Milenas.
Muito obrigada.”
FONTE: site “Carta Maior” (http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20015) e Blog do Planalto (http://blog.planalto.gov.br/presidenta-dilma-defende-equilibrio-nas-relacoes-economias-entre-os-paises-da-america-latina/).
5 comentários:
Não acredito que você esqueceu a melhor foto da Formatura...
http://blog.planalto.gov.br/presidenta-dilma-defende-equilibrio-nas-relacoes-economias-entre-os-paises-da-america-latina/
Maria Tereza, depois dê uma lida nessa matéria do Irã News, vou postar só o começo.
30/03/2012: BRICs, nova moeda global
Os países emergentes cairam na real, ou no real?
Descobriram, no compasso da bancarrota financeira global, que as moedas dos países ricos estão apodrecendo, quanto mais os governos deles, para se salvarem dos incêndios monetários, jogam mais lenha na fogueira, ou seja, mais moeda em circulação.
Qualquer vendedor de banana, na feira, sabe da jogada.
Quanto mais banana e menos consumidor do produto, altamente, perecível, mais aumenta o risco do apodrecimento.
Segue a isso, claro, derrubadas violentas no preço da banana.
O mesmo está acontecendo com as moedas.
http://port.pravda.ru/busines/30-03-2012/33202-brics_moeda-0/
P.S.(01) Foi no Irã, na Antiga Pérsia, que se iniciou o Comércio de Commodities e o Escambo... desse rolo, quem mais entende são os iranianos
P.S.(02) Daqui a duas semanas(07/05/2012) o relógio vai parar para a posse do herdeiro de Pedro, "o Grande".
Putin é muito chegado no CELSO AMORIM.
Putin não vai deixar de graça a América Latina nas mãos dos equipamentos da OTAN.
Putin foi quem organizou a primeira reunião dos BRIC em 2006.
02/08/2011
O primeiro-ministro russo, Vladímir Putin, acusou os Estados Unidos de serem um "parasita" da economia mundial por condena-la a uma instabilidade permanente, devido à sua desproporcionada dívida.
"O país vive endividado. Não vive de acordo com os meios e transfere grande parte dos seus problemas para a economia mundial. Os Estados Unidos atuam como um parasita do monopólio do dólar na economia mundial".
Putin considera que a situação da dívida norte-americana "não é nada boa, uma vez que atrasa a tomada de medidas mais estruturais, para a reforma necessária da economia norte-americana".
Probus,
Você tem razão. A foto tem muito mais "valor agregado" (ao lado do embaixador Samuel P.G.) e é mais fiel ao evento (o vestido era diferente). Já substitui a foto na postagem e, também, acrescentei o vídeo. Obrigada.
Os textos sobre a nova moeda global (Real) e posicionamentos de Putin são ótimos. Obrigada.
Maria Tereza
Antenada
Por Antonio Delfim Netto
Quando se olha a economia mundial, é difícil deixar de reconhecer que estamos em situação relativamente confortável e que, não sem motivo, somos uma das sociedades onde são maiores o otimismo e a esperança de melhoria. Mas temos crescido pouco.
Entre 1988, quando aprovamos a Constituição, até 2011, o crescimento do PIB tem se realizado à medíocre taxa de 2,7% ao ano e da renda per capita apenas a 1,3% ao ano. Significa que a renda per capita consome 55 longos anos -2,2 gerações para dobrar.
Talvez por conta disso, manobramos com algum sucesso na construção do processo civilizatório sugerido na Constituição de 1988:
1º) Republicano - Todos sujeitos, inclusive o governo, às mesmas leis sob o "garante" do Supremo Tribunal Federal;
2º) Democrático - Com eleições absolutamente livres e competitivas;
3º) Acompanhado de um aumento persistente das políticas públicas que deem a todo cidadão maior "igualdade de oportunidades", basicamente saúde e educação universais e gratuitas para enfrentar uma economia de mercado altamente competitiva.
O desenvolvimento econômico e social é um processo que só é bem-sucedido quando a solução de um problema gera outros dois para serem resolvidos. Os problemas são, ao mesmo tempo, o que retarda e o que estimula a realização do desenvolvimento.
Pois bem. Apesar da situação relativamente confortável e do aumento de nossa esperança sobre o futuro do Brasil, é cada vez mais claro que a continuidade do nosso desenvolvimento está ameaçada pela acumulação de problemas sérios, alguns decorrentes do próprio sucesso civilizatório.
O sucesso começou com a Constituição e prosseguiu com a estabilização monetária, a consolidação da política fiscal e a adoção do regime de câmbio flexível que, ao longo das últimas duas décadas, permitiram uma ampliação do consumo global, da inclusão social e da redução das disparidades regionais.
Isso ocorreu sem perturbar fortemente nem o equilíbrio interno -aumento da inflação- nem o equilíbrio externo -apesar do aumento do deficit em conta-corrente. Por outro lado, o modelo de ampliação do consumo e da inclusão social parece ter encontrado o seu limite no descaso com a oferta interna por falta de estímulo ao investimento.
Foi mais do que confortador, portanto, ouvir a presidente Dilma dizer aos novos diplomatas, na última sexta-feira, que "temos de equacionar três amarras do país e construir o caminho, o chamado quarto caminho. As três amarras são: taxa de juro, taxa de câmbio e impostos altos. E o caminho é a educação de qualidade". Isso revela o quanto ela está antenada com as necessidades nacionais.
http://sergyovitro.blogspot.com.br/2012/04/antonio-delfim-netto-antenada.html
Probus,
Seu comentário (artigo do Delfim) complementa bem a postagem do discurso da Dilma.
Obrigada
Maria Tereza
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