terça-feira, 4 de setembro de 2012

IMPACTO DE PÁSSARO COM CAÇA AMX DA FAB

Área onde o pássaro impactou contra o A-1, atingindo vários sistemas eletrônicos do caça. Parte do metal desprendido atingiu a turbina. Os cabos pretos vistos sob a aeronave são da rede de contenção

NOTA "DEFESANET"

"O texto abaixo e a fotografia foram obtidos de grupo de discussão da web. Nossa pesquisa identificou que o fato ocorreu no dia 22 de agosto na Base Aérea de Santa Maria (BASM). O piloto não foi identificado.

Publicamos o texto para que o leitor possa avaliar a perícia e habilidade do piloto em trazer o seu avião para o pouso e, também, minimizar os danos colaterais e à própria aeronave."

O Editor"

TEXTO NA ÍNTEGRA, COMO DIVULGADO NA WEB:

"Coloco aqui, para os interessados por aviação e demais simpatizantes, uma experiência que vivenciei ontem por volta do meio dia.

Estava voando de AMX em uma missão de treinamento de ataque. Voava rápido e baixo, próximo de uns 500KT de velocidade [cerca de 920 km/h] e 300FT de altura [cerca de 1100 m], simulando uma incursão abaixo do radar em território inimigo. Eu, como ala, e um amigo, como líder, ambos voando em formação “linha de frente”.

Em determinado momento da missão, tive que corrigir alguns dados de navegação nos computadores da aeronave e voltei minha atenção para dentro da cabine. Estou lá digitando quando, de repente, escuto um estrondo, sinto o avião tremer e uma série de luzes de alarme se acendem.

De imediato, subi e avisei o líder que algo estava errado. Logo imaginei que havia colidido com alguma coisa, mas solicitei que o líder se aproximasse e avaliasse a condição externa do meu avião. Feito isso, constatou que eu havia colidido com um pássaro.

Uma colisão com pássaro a quase 500KT é o mesmo que um impacto de um tiro de 38, mas com um projétil de uns 3kg ou mais. É uma porrada!!!! Dependendo de onde pegar, faz mais estrago que um impacto de um projétil de canhão 20 ou 30mm.

Bom, ... até esse momento de avaliação dos danos, estava tudo controlado, mas os problemas estavam por vir.

O pássaro bateu no nariz do avião com uma trajetória longitudinal e acertou exatamente em um ponto que saiu cortando uma série de cabos e destruindo várias caixas de dijuntores do avião. Com isso, perdi o sistema elétrico principal do AMX e uma série de instrumentos ligados a esse sistema (“fly by wire”, controle do leme, dois geradores, freios aerodinâmicos, flaps, HUD, computadores de bordo, armamento,...). Só me sobrou uma bússola, um horizonte artificial, um indicador de velocidade analógico, compensadores de emergência e rádios de comunicação, sendo esses alimentados por uma bateria de emergência com duração de apenas 20min.

Além dos problemas ligados à instrumentação, uma outra discrepância, agora relacionada ao motor, me chamou a atenção. Um dos ponteiros de indicação de RPM do motor estava zerado, assim como outra indicação digital de parâmetros dele que havia apagado no painel. Nessa hora, comecei a raciocinar com possível apagamento do motor, pois aquelas caixas de disjuntores, os pedaços de metal e de fuselagem que o pássaro arrancou poderiam ter sido aspirados pela turbina.

Então, resumindo, eu estava voando com um avião que era só lata e motor.

Embora tivesse, ainda, sistema hidráulico disponível para baixar o trem de pouso, não tinha o sistema elétrico principal para acionar as principais superfícies aerodinâmicas do avião (flaps e airbrakes), sem contar na perda do “fly by wire” que me neutralizou o leme de direção, superfície aerodinâmica que me seria muito útil no pouso. E tinha que conseguir pousar o mais depressa possível, pois havia a desconfiança de estado de funcionamento anormal do motor.

O fato aconteceu perto de Santa Maria, umas 30NM [cerca de 55 km], mas levou uma eternidade para chegar à pista da Base Aérea daquela localidade.

Quando cheguei na vertical de Santa Maria, lembrei que o avião estava muito pesado, pois havia mais de 2000kg de combustível interno (não alijável), e o normal para pousar é com os tanques com menos de 1500kg. Ou seja, mais uma questão preocupante, pois com todo aquele combustível e mais a indisponibilidade de baixar os flaps, eu teria que fazer uma final para pouso com 200KT [cerca de 370 km/h] (140kt é o normal) de velocidade para conseguir manter o avião voando. E, obviamente, o pouso seria ainda mais crítico por estar muito embalado, quase no limite dos pneus.

Nesse momento, já raciocinei que os 2700m da pista de Santa Maria poderiam não ser suficientes para parar o meu avião e, muito provavelmente, iria precisar engajar, no fim da pista, o cabo de contenção (comum nas bases de caça e iguais aos de porta aviões) e a barreira (uma espécie de rede que segura a aeronave).

Vim, então, para pouso, com o líder ao meu lado me passando informação de "ângulo de rampa" para pouso, informação que os meus sistemas de bordo não me davam mais. Quando próximo à cabeceira, o líder arremeteu e eu prossegui.

Toquei na pista e o avião quis subir, mas segurei-o no chão. Porém, quando pisei nos freios, o avião perdeu a reta para a direita e quase saiu da pista. Consegui mantê-lo na pista, mas estava muito na lateral. A partir daí, tinha duas opções: ejetar ou tentar manter na reta até engajar o cabo e a barreira. Consegui manter a reta bem na lateral direita da pista, mas não queria pisar forte nos freios, pois estava tão na lateral que fiquei com receio de dar mais uma guinada e sair de vez da pista. Tentava de leve pisar no freio esquerdo somente para voltar ao centro da pista, mas não consegui resultado que queria. Assim, o avião manteve a reta, mas não conseguia diminuir a velocidade dele usando os freios das rodas. Dessa posição deslocada lateralmente, comandei o “hook” (gancho de arrasto) e, por rádio, solicitei que acionassem a barreira.

Barreira de pé, gancho baixado, ... fim de pista ..., o gancho engatou no cabo e eu bati na barreira a uns 110kt. Desaceleração imediata!

Daí veio o desespero. Quando o avião parou, eu fui abrir o canopi, mas as fitas da barreira não deixavam abri-lo por inteiro. Eu, com medo de incêndio, querendo sair logo e não conseguia. Olhava para trás e os bombeiros ainda longe. Tirei uma faca que levo na bota e somente com o braço para fora da pequena abertura que consegui levantando o canopi, comecei a cortar as tiras da barreira. Logo, chegaram os bombeiros e me ajudaram a cortá-las por completo e a sair da aeronave.

Foi isso. Olhem o estrago que uma porcaria de um pássaro faz!!!!

PS: Pousei com uma bomba BEX-11 debaixo da asa. Iria lançá-la no estande, mas ..."

FONTE: site “DefesaNet”  (http://www.defesanet.com.br/aviacao/noticia/7558/FAB---Acidente-com-A-1---Impacto-de-Passaro-com-Caca-da-FAB-).

3 comentários:

Probus disse...

"...Os melhores generais do Exército alertaram publicamente que só havia munição para uma hora de combate. Preocupante? Não, muito pior. A única fábrica de munição não é nacional e tem sede num paraíso fiscal.
O próprio Exército bloqueia, de forma inexplicável, a fabricação de munição por nacionais.

Além do mais, a guerra mudou; será feita com bombardeios por aeronaves não tripuladas onde o que valerá serão os mísseis. Os atuais fuzis e tanques ficarão reduzidos a meras armas policiais. É certo que uma ocupação militar de todo o Brasil por uma força invasora é impossível, mas não um apoio à secessão de áreas indígenas prenhes de minerais estratégicos. Nesse caso as velhas armas obsoletas ainda teriam valor. É para esses dois tipos de ameaças que devemos nos preparar. Nossos generais sabem. Não falam porque não querem. São homens dignos, mas não foram, na maioria, selecionados por serem guerreiros.

A paz só pode ser garantida pelas armas; nunca por bandos de palhaços, envergando túnicas brancas como daquela ex-candidata ecológica, homenageada por seus patrões em Londres.

(Gelio Fregapani...)

http://www.defesanet.com.br/geopolitica/noticia/7580/Comentario-Gelio-Fregapani---Impressoes--Sem-nocao-e-%E2%80%9CConspiracao-%E2%80%9D

iurikorolev disse...

MT
Interessante que ocorreu um acidente identico em maio de 2011.
Abrs

Unknown disse...

Probus e Iurikorolev,
Realmente, é erro gravíssimo o Brasil ser indefeso. Da mesma forma, é erro gravíssimo não colocar portas, janelas, trincos e outros itens de defesa em moradia com rico patrimônio material e pessoal. Ninguém perdoará se algo ruim acontecer.
Quanto à maior incidência de acidentes como esse da postagem, não me surpreende. O AMX foi projetado para navegação e ataque à baixíssima altura e alta velocidade, o que aumenta a probabilidade de impacto com pássaros.
Maria Tereza