domingo, 2 de setembro de 2012

NINGUÉM EXPLICOU DIREITO, AINDA, O BAQUE ELEITORAL DE JOSÉ SERRA

Por Eduardo Guimarães


“Não serei eu a querer discutir com análises de renomados especialistas sobre as razões da piora cada vez mais espantosa da imagem do candidato do PSDB a prefeito de São Paulo, José Serra. Todavia, confesso que, até agora, nenhuma das que li ou ouvi me convenceu.

Defeitos de Serra que seus adversários sabem de cor: “métodos”, “truculência”, “irascibilidade” etc. São, porém, defeitos que enxerga quem não gosta dele. Já o eleitorado que ele ora disputa, o de São Paulo, pelo menos até há pouco não pensava assim.

Só para refrescarmos nossas memórias: há exatos um ano e dez meses (que se completam no dia em que este texto foi escrito), em 31 de outubro de 2010, na capital paulista, Serra venceu Dilma Rousseff no segundo turno da eleição presidencial por 53,64% a 46,36%.

O que aconteceu de lá para cá? Que eu saiba, o tucano não matou ninguém, não estuprou ninguém e nem mesmo foi visto tirando o pirulito de alguma criancinha. Muito pelo contrário: a blindagem que tem na mídia impediu, de lá para cá, que se noticiasse algo que o desabonasse.

Claro que houve o livro da “Privataria Tucana”, que virou “best-seller” em questão de poucos dias, figurando por meses, entre o fim do ano passado e começo deste ano, entre os mais vendidos de todas as listas, inclusive nas da grande mídia. Todavia, quem lê livros sobre política, aqui?

É óbvio que o livro da privataria foi lido só por uma elite intelectual. O povão, os mais de dez milhões de paulistanos, em sua quase totalidade, nem sequer ouviram falar… Ou ouviram?

Seja como for, a propaganda contra o livro no mínimo foi tão grande quanto a divulgação, apesar de a obra do jornalista Amaury Ribeiro ter gerado um pedido de CPI na Câmara dos Deputados que está até aprovado e esperando nomeação de líderes…

Ainda me parece pouco, porém.

Também dizem que o que pode estar minando Serra é ele ter mentido ao se comprometer por escrito a ficar no cargo quatro anos se fosse eleito prefeito de São Paulo em 2004. Essa versão, porém, tampouco me convence.

Se mentir para o eleitorado em 2004 está afundando Serra, então por que ele foi eleito governador de São Paulo em primeiro turno em 2006 e ainda conseguiu eleger Gilberto Kassab prefeito da capital paulista em 2008? E mais: como venceu Dilma na mesma cidade em 2010?

A hipótese mais plausível é a de que, refletindo sobre a eleição, o paulistano, que à proporção de 85% disse na última pesquisa ‘Datafolha’ que quer mudança de modo de governar São Paulo, só agora tenha se dado conta de que Serra é o responsável por Kassab ter sido eleito.

Kassab, porém, é mal-avaliado faz tempo. Contudo, até há algumas semanas a eleição para prefeito parecia estar decidida na cidade, segundo as pesquisas. A dianteira de Serra era enorme. Será que o paulistano não se lembrava mais de que Serra é Kassab?

Em 2010, a avaliação de Kassab ainda não era muito ruim. Começou a despencar em 2011. Em minha opinião, isso explica tudo. Não tenho dados para afirmar, mas acho que, nos últimos dois anos, a qualidade de vida em São Paulo piorou muito. De uma forma impressionante…

Seria extremamente interessante, do ponto de vista da ciência política, que fosse feito um estudo dos indicadores da condição de vida em São Paulo de 2010 para cá. A percepção deste blogueiro parece encontrar eco em todos com quem conversa, por aqui.

Além da redução espantosa da mobilidade urbana, a limpeza, a segurança e os serviços públicos da cidade, no geral, na visão comum da população, decaíram muito. Muita gente parece sentir essa degradação para ser, apenas, uma percepção equivocada.

PS: tem gente dizendo que [o fato de] a mídia encher a paciência do povo com o mensalão dia e noite está sendo percebido pelos paulistanos como manobra para ajudar Serra e isso os está irritando, mas eu não acredito. E você?”

FONTE: escrito por Eduardo Guimarães no seu blog “Cidadania.com”  (http://www.blogdacidadania.com.br/2012/08/ninguem-explicou-direito-ainda-o-baque-eleitoral-de-jose-serra/).

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