terça-feira, 4 de setembro de 2012

TUCANOLICES E COISAS SÉRIAS

[Alguns dos tucanos idolatrados pelos grandes conglomerados financeiros e econômicos]
Por Saul Leblon

“O maior feito monetário do conservadorismo brasileiro foi jogar a taxa de juro do país no patamar meliante de 44%. O colosso se deu em 1999. Paradoxalmente, na gestão do "principal analista financeiro da atualidade", Fernando Henrique Cardoso, que se dedica à generosa tarefa de explicar à Presidenta Dilma,como se sabe “uma jejuna em economia perto dos seus cabedais”, que o problema central da Nação hoje é “o legado do ciclo Lula”.

Para ficar apenas no alicerce fiscal/monetário: em dezembro de 2002 -- último mês do PSDB na Presidência da República-- a relação dívida/PIB atingia estratosféricos 63,2%, praticamente o dobro dos 30,2% existentes no início do ciclo tucano, em 1994. Anote-se: isso, depois de um salto da carga fiscal, que passou de 28,6% para 35% no período. Hoje, a relação dívida/PIB é de 35%; a previsão para 2013 é de 32,7%.

Reverteu-se o desastre com oscilação de apenas 2 pontos na receita tributária, sem considerar as desonerações e incentivos fiscais. A média da taxa de juros real (acima da inflação) no período de 1997 a 1999 foi de estupendos 21,4%. Hoje, é de inéditos 1,98%. Regressões e digressões tucanas, um pleonasmo, elidem o que de fato importa: apesar da queda de 4,5 pontos nos juros desde agosto de 2011, o orçamento de 2013 reserva aos rentistas R$ 108 bilhões; destina R$ 38 bilhões à educação e R$ 79,4 bilhões à saúde.

Aos investimentos ( PAC e “Minha Casa”) couberam R$ 187 bilhões. Mesmo que se reduza à metade o gasto com juro, o espaço fiscal para um salto substantivo --indispensável-- nos recursos aos investimentos e serviços essenciais continuará magro. Depois da vitórias contra a pobreza, chegou a vez de afrontar a desigualdade. Entre outras tarefas estruturais, isso pressupõe ampliar o universo tributável de modo a abranger o estoque da riqueza existente. O oposto das tolices regurgitadas por FHC, que ainda festeja uma das derradeiras e melancólicas vitórias da agenda demotucana: subtração de recursos à saúde pública. Registre-se, para os anais, esse carimbo de uma cepa ideológica, em artigo no "Estadão", no domingo: "a oposição conseguiu suprimir a CPMF, cortando R$ 50 bilhões de impostos, e a derrama continuou impávida..." Basta isso.”

FONTE: escrito por Saul Leblon no site “Carta Maior”  (http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=6&post_id=1079) [Imagem obtida no Google, entre colchetes e aspas adicionados por este blog ‘democracia&política’].

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