Novas revelações sobre pagamentos a manifestantes
Por Miguel do Rosário
"Uma das figuras folclóricas das manifestações no Rio de Janeiro fez novas revelações à imprensa. Cleyton Carlos Silbernagel, 24 anos, que se fantasiava de Coringa, disse o seguinte à reportagem do jornal "O Dia":
1 – parlamentares do PSOL deram dinheiro a manifestantes subordinados à militante Elisa Quadros, a Sininho, em encontros secretos promovidos na Aldeia Maracanã e na UERJ.
2 – o deputado federal Anthony Garotinho (PR) pagou R$ 1.200 para que bombeiros e ‘manifestantes profissionais’ acampassem em frente à casa do governador Sérgio Cabral. “Pessoas ligadas ao PR me ofereceram R$ 400 para aderir a manifestações”, disse.
3 – o filho da deputada estadual Janira Rocha (PSOL), João Pedro, seria um dos líderes do movimento ‘Anonymous’ e teria incentivado Caio a praticar ações violentas em manifestações, além de equipar radicais em protestos.
Algumas observações sobre os fatos descritos acima:
-- pagar militantes não é crime. Dentre as revelações acima, a única realmente grave é a terceira, que fala sobre incentivo a ações violentas, por parte do filho da deputada Janira Rocha (PSOL).
-- apesar de não ser crime, a revelação de que a manifestação virou um negócio tira um bocado da graça do que parecia ser uma revolta totalmente espontânea.
Em 2012, o então candidato Marcelo Freixo enchia a boca para criticar movimentos juvenis que contavam com ajuda de partidos. Lembro-me que eu, inclusive, o chamei de preconceituoso, quando ele disse que sua militância não trabalhava em troca de “lanchinho”. Preconceituoso porque fingia não ver que muitos jovens da periferia não tinham a mesma condição social dos garotos que apoiavam a campanha de Freixo, a maior parte da zona sul rica, e que o fato de receberem “lanchinho” não significava que estivessem se vendendo.
Pois bem, o tempo passou, a euforia freixista dos jovens ricos declinou e o PSOL se viu forçado a ajudar financeiramente seus militantes, o que acho muito justo.
No entanto, o método dos grupos financiados por partidos resvalaram para a truculência e não consta ter havido, por parte dos mesmos partidos, nenhuma crítica enfática, persistente, ao viés cada vez mais violento que os protestos tomavam.
Isso sim, é um erro. Um erro político grave, e que tomou proporções trágicas com a morte de um cinegrafista da "Band". Alguns comentaristas lembraram que Santiago não foi o único a morrer. Em outros protestos, também houve mortes. Mais razão para condenar a violência.
Os parlamentares, como representantes do Estado, têm de explicar a seus militantes que, numa democracia, o Estado tem o monopólio da violência. É uma regra às vezes chata, mas essencial para não haver caos social. A condição para haver liberdade de expressão e manifestação é justamente o não uso de violência. É a não-violência que preserva as liberdades.
PS: não dá para acreditar em tudo o que diz esse “coringa”. O vídeo abaixo, divulgado pelo mesmo, revela um rapaz desequilibrado e com viés bastante direitista. Isso mostra, de qualquer forma, que essas manifestações têm reunido toda espécie de maluco."
FONTE: escrito por Miguel do Rosário no blog "Tijolaço" (http://tijolaco.com.br/blog/?p=14122).
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