terça-feira, 23 de setembro de 2014

MÍDIA JÁ ENSAIA DESCARTAR MARINA





Mídia já ensaia descartar Marina Silva

Por Altamiro Borges

"Diferentemente de 2010, neste ano Marina Silva tem se revelado uma baita dor de cabeça para a mídia. Naquela eleição, o script já estava definido. Ela não tinha condições de ganhar e ajudou o tucano José Serra a chegar ao segundo turno. Já neste ano, o seu ingresso na disputa, encarado como “providência divina”, atrapalhou todos os planos. Num primeiro momento, a mídia até inflou sua candidatura, tentando repetir a jogada de 2010. Só que houve uma overdose de exposição e ela atropelou o cambaleante Aécio Neves. Mesmo desconfiada, a mídia decidiu apostar na aventura. Agora, porém, as pesquisas sinalizam que o “furacão” era passageiro. Diante dessa nova realidade, a mídia já ensaia descartar Marina Silva.

Em editorial no sábado (20), a "Folha" tucana adotou a tese, que antes negava, “de que haveria um componente emocional na súbita ascensão das preferências por Marina Silva após o acidente que vitimou Eduardo Campos”. De quebra, o jornal ainda destilou veneno contra a ex-verde, afirmando que o seu “o gradual decréscimo nas pesquisas se explica tanto pelos ataques recebidos como por fragilidades próprias”. Segundo a "Folha", está em curso “uma corrosão política da postulação marinista”. “Desmentidos sucessivos e ajustes emergenciais de discurso talvez sejam sinal do quanto uma postulação de ‘terceira via’ ainda carece de maturação ideológica para blindar-se contra as investidas dos oponentes”.

No mesmo rumo, o editorial do "Estadão" de sexta-feira (19) já havia indicado que o discurso da “nova política”, tão alardeado pela ex-verde, não correspondia à vida real. Na véspera, o jornalão entrevistou o vice de Marina Silva, o deputado Beto Albuquerque, que confessou que “ninguém governa sem o PMDB” e evidenciou a guinada pragmática da candidata-carona do PSB. Após evidenciar a frágil base de apoio da presidenciável, o jornal apontou que não há como ela manter a “vã filosofia da ‘nova política’. Descartada, por ingênua ou insincera, a retórica do tal "governo dos melhores", resta o governo possível com a expressão organizada do Parlamento.

Vale ainda comentar os duros ataques desferidos nos últimos dias pelo jornal "Valor", que tem como público alvo a chamada elite empresarial. Na sexta-feira, uma reportagem apontou que “a estratégica de vitimização, usada pela campanha Marina Silva (PSB) na defesa contra os ataques dos adversários, voltou-se contra a própria candidata... Em um mês, a sua rejeição dobrou. Agora, além de driblar as críticas dos oponentes, Marina terá de mostrar firmeza para tentar passar mais credibilidade como candidata a presidente”. A matéria teve como fonte o diretor do Ibope Hélio Gastaldi, que elucubrou: “Ao se fazer de vítima e mostrar ingenuidade aos ataques das outras campanhas, ela perdeu a credibilidade”.

Outro artigo, assinado por Alberto Carlos Almeida, autor do livro “A cabeça do brasileiro”, põe em dúvida a ida de Marina Silva ao segundo turno. “O que parecia se constituir numa vitória bastante provável, deixou de ser. A eleição assumiu contornos de disputa acirrada. A trajetória de Marina em muito se assemelha ao Cruzeiro no campeonato brasileiro. Até pouco tempo atrás, sua vantagem sobre o segundo colocado era bem confortável. Caiu bastante, porém, e hoje é de somente quatro pontos. O time mineiro, assim como Marina Silva, dependia de seus próprios resultados. Há duas semanas, os erros e falhas da defesa não colocavam em risco suas respectivas lideranças. Não é o que acontece hoje”.

FONTE: escrito por Altamiro Borges em seu "Blog do Miro"  (http://altamiroborges.blogspot.com.br/2014/09/midia-ja-ensaia-descartar-marina-silva.html).

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