VIOLÊNCIA NO IRAQUE JÁ É MENOR DO QUE A DOS PRIMEIROS DIAS DO GIGANTESCO BOMBARDEIO DOS EUA
Há seis anos, o mundo assistiu ao vivo a transmissão da CNN mostrando Bagdá sendo violentamente bombardeada à noite. Era o início da guerra cujo motivo veio a ser esclarecido como sendo unicamente o controle do petróleo lá extraído. Entidades inglesas no ano passado informaram que aquela invasão militar já causara, direta e indiretamente, a morte de um milhão de iraquianos. Esse problema e essas mortes parecem não estar sendo preocupação dos norte-americanos.
Segundo as notícias divulgadas ontem pelo jornal Folha de São Paulo em reportagem a seguir transcrita, de Andrea Murta, de Nova York, a violência no Iraque diminuiu, mas problemas persistem. Com crise, governo e opinião pública nos EUA deixam aquele conflito em segundo plano
“A ocupação do Iraque pelos EUA, iniciada com um ataque na madrugada de 20 de março de 2003 com bombas e mísseis ao sul de Bagdá, completa hoje seis anos. Mas desta vez, após tantos protestos e atenção da mídia, a crise econômica ofuscou a guerra no noticiário, e a data parece quase esquecida.
Em dois discursos em Los Angeles ontem, o presidente dos EUA, Barack Obama, não citou o aniversário, concentrando-se na economia. Tampouco houve perguntas da plateia a respeito. Em manchetes dos principais jornais, blogs e TVs, nada de destaque ao Iraque. E Bagdá tampouco fez cerimônias sobre a ocasião.
A ausência foi notável, já que, pelo horário de Washington, a guerra começou na noite de 19 de março de 2003.
Não é só a recessão que causou o desprestígio. Ajudou na obliteração das notícias do front o declínio da violência, creditado pelo Pentágono ao aumento das tropas no Iraque a partir de 2006 e à aliança com milícias sunitas.
Além disso, é uma estratégia de Obama transferir atenção, assim como tropas e recursos, do Iraque ao Afeganistão. A ação no Iraque já custou US$ 657 bilhões aos cofres públicos americanos (segundo valores aprovados pelo Congresso). Com as mudanças, Obama projeta reduzir os gastos, contando com US$ 144 bilhões deste ano fiscal, US$ 130 bilhões em 2010 e US$ 50 bilhões depois.
Os números trazem notícias relativamente boas. As média diária de mortes de civis iraquianos em ataques e confrontos é hoje 10. É mais do que no início da guerra, mas menos do que o pico de 72 em 2006, segundo o site Iraq Body Count.
Os saldo total, porém, bate em 91 mil. No caso dos militares americanos, as baixas chegam a 4.259. E, se a violência diminuiu significativamente em Bagdá, a insurgência sunita continua forte no norte do país.
De toda forma, o Iraque não está estável. O país enfrenta dificuldades políticas e econômicas, e o risco de as disputas desembocarem em mais violência não está fora do quadro.
"O processo político é cheio de tensões e contradições, e a situação no Iraque vai se deteriorar se não progredirmos politicamente", disse o legislador sunita Osama al Nujafi à Associated Press. Na economia, uma complicação recente é a crise no Orçamento: cortes severos foram necessários depois que o preço do barril de petróleo caiu do pico de US$ 150 em meados de 2008 para US$ 50.
Ante o quadro, o Exército dos EUA espera sair do Iraque sem deixar o país no caos. A ideia é tirar as tropas de combate até setembro de 2010 e todos os soldados até o fim de 2011.
Para muitos iraquianos, é pouco. "O Iraque nunca vai ver a estabilização até que todas as tropas de ocupação saiam. Não vimos nenhuma mudança do último aniversário até agora", disse Salah al Obeidi.”
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