quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Delfim Netto: “MAIS COM MENOS”
“Não é novidade que um dos mais graves problemas a serem resolvidos para termos um crescimento mais robusto e mais eficiente da economia brasileira reside no aumento da produtividade do nosso setor público.
A despeito de avanços, há ainda muito a fazer. Não se trata apenas de falta de recursos, mas da qualidade de sua gestão, como são exemplos cada vez mais visíveis os setores da educação e da saúde.
Todos sabemos também que a burocracia institucionalmente organizada se defende com unhas e dentes.
Tem um imenso poder político virtual (muito maior que o real), alimentado pela covardia dos que no Congresso deveriam defender os interesses dos seus constituintes, que são, obviamente, a maioria.
É frequente surpreender parlamentares votando a favor de demandas esdrúxulas apenas porque, irracionalmente, temem perder votos que nunca serão deles! Fazem-no porque confiam na amnésia dos seus eleitores: recentemente, pesquisa mostrou que 25% dos eleitores de outubro de 2010 já haviam esquecido em quem votaram!
Pode-se discutir sobre a qualidade das evidências. Não é possível, entretanto, ignorar que, no último volume do "World Economic Forum 2010-11", entre 139 países ranqueados (de 1, o melhor, a 139, o pior), o setor privado nacional é classificado em 39º no nível da produtividade internacional, no 3º decil da distribuição, junto com a China (42º).
Por outro lado, a eficiência do nosso setor público é classificada em 124º, no último decil da distribuição, e o chinês é classificado em 45º. A boa notícia é que a futura ministra Miriam Belchior estreou dizendo que nosso problema é tentar "fazer mais com menos". Em quatro palavras, um programa inteiro!
O momento é mais do que propício. O Ministério da Fazenda, pelo seu secretário-executivo, o competente contabilista Nelson Machado, construiu uma ferramenta para apurar os custos da administração pública por setores sob o regime contábil de competência para substituir o atual regime de caixa, o que é mais do que necessário.
Um segundo fator, mas não menos importante, é a incorporação do grande empresário Jorge Gerdau Johannpeter, um apaixonado pela competição isonômica e reconhecido pelo seu trabalho no Movimento Brasil Competitivo, para colaborar na formulação de aperfeiçoamentos na gestão pública.
Assim, quietamente, parece estar sendo construída a condição para tornar 2011 um ponto de inflexão na qualidade da administração pública para "fazer mais com menos" e melhorar o atendimento rápido e eficiente das necessidades da população.”
FONTE: escrito por Antonio Delfim Netto e publicado na Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1512201006.htm) [imagem colocada por este blog].
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