domingo, 19 de dezembro de 2010

OS CUSTOS DA MODERNIZAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS


“Qualquer pessoa obrigada a cumprir a dura rotina de trabalho que começa segunda cedo e avança pela semana, muitas vezes incluindo meio período no sábado e, dependendo da atividade, plantões dominicais, encara quase como um sonho ser dispensada do serviço na sexta de manhã e só retornar na segunda à tarde.

Foi esse o presente concedido pelo Exército brasileiro a seus recrutas em setembro do ano passado, que, na prática, reduziram para meia semana o tempo de permanência nos quartéis.

Não se pense que a decisão tenha sido consequência de um súbito ataque de liberalidade do comando. Foi simplesmente medida emergencial de economia com a alimentação servida à tropa, provocada pelo contingenciamento de verbas destinadas aos militares.

Antes disso, pelo mesmo motivo, 22 mil recrutas tinham sido dispensados, com a redução do contingente de 70 mil, inicialmente programado, para 48 mil convocações no ano.

O episódio revela bem os efeitos dos sucessivos cortes orçamentários que atingiram as três forças e, por pura coincidência, se agravaram com a consolidação da democracia no país.

No último ano do mandato de Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, mais de 40 mil recrutas foram mandados para casa cerca de seis meses antes do prazo.

O quadro se agrava, não apenas para o Exército, mas também para a Aeronáutica e Marinha, quando se trata de armamentos e equipamentos de apoio, que se tornaram obsoletos ou foram sucateados.

Corrigir essa defasagem envolveria gastos que podem chegar a R$ 350 bilhões em 20 anos, numa média de R$ 17,5 bilhões anuais a mais no orçamento do Ministério da Defesa.

Não será apenas a compra dos novos caças para a Força Aérea, decisão que vem sendo protelada desde 1996, que sobra para Dilma Rousseff. Em algum momento, a futura presidente terá que decidir sobre como modernizar as Forças Armadas e de onde tirar os recursos necessários.

No Ministério da Defesa há quem sugira utilizar um percentual dos recursos do pré-sal. A polêmica será inevitável.”

FONTE: publicado no site “Brasil Econômico” e transcrito no site “DefesaNet” (http://www.defesanet.com.br/10_12/101217_06_bre_custo_army.html). [imagem colocada por este blog].

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