terça-feira, 14 de dezembro de 2010

‘WIKILEAKS’ REVELA: SERRA, TUCANOS, DEMOS, MÍDIA QUERIAM ENTREGAR PRÉ-SAL PARA AMERICANOS


[OBS DESTE BLOG: O ‘Wikileaks’ liberou cerca de 3.000 documentos sobre o Brasil. Entretanto, ocorre a “filtragem” desses memorandos pelos jornais ‘Globo’ e ‘Folha’, que receberam (compraram?) formalmente, com exclusividade, todos os documentos do ‘Wikileaks’ e o direito de “julgar” o que pode ser publicado sobre o Brasil até pelo próprio ‘Wikileaks’. Por isso, pela tradição desses dois jornais demotucanos, além de imaginarmos o que está sendo censurado, sabemos que o pouco que aqui tem sido publicado contém agenda oculta da direita.


No caso abordado no texto a seguir, constata-se o que já era percebido por muitos desde os tempos FHC: os demotucanos, Serra incluído, e a 'grande' mídia brasileira são antinacionais e defendem prioritariamente os interesses das grandes corporações e governos estrangeiros (EUA principalmente).

Contudo, uma das agendas ocultas da aparentemente ilógica publicação pelos jornais tucanos 'Folha' e 'O Globo' dessas revelações do "weakleaks' contra José Serra deve ser a sua desconstrução, pois ele tinha compromisso com a direita estrangeira e nacional, mas se mostrou 'canoa furada'. A ação da 'Folha' é a preparação do caminho presidencial para outro tucano substituto, já eleito pela mídia direitista, Aécio Neves. Essa linha da 'imprensa será trilhada daqui para frente, sutil e continuamente].

Vejamos o seguinte texto publicado por Altamiro Borges:

“Os documentos vazados pelo sítio WikiLeaks continuam desmascarando muito gente pelo mundo a fora. No Brasil, só foram divulgados menos de dez dos quase 3 mil memorandos da embaixada e consulados dos EUA no país.

“Eles já causaram constrangimento a Nelson Jobim – que foi ministro de FHC, ministro de Lula e deverá continuar ministro no governo Dilma Rousseff. Em vários papéis, ele aparece prestando serviços ao império, inclusive com críticas ao Itamaraty e à política externa altiva do atual governo.

Agora surgem documentos que comprovam que José Serra mentiu na eleição presidencial. O tucano garantiu que não privatizaria o pré-sal e jurou defender a Petrobras. Mas os memorandos do serviço diplomático dos EUA mostram que o candidato se reuniu com as multinacionais do petróleo e prometeu rever o modelo de exploração do pré-sal.

A reportagem da Folha de S.Paulo de hoje, reproduzida abaixo, é bombástica. Confirma o entreguismo dos demotucanos:

PETROLEIRAS FORAM CONTRA NOVAS REGRAS PARA PRÉ-SAL

“Segundo telegrama do WikiLeaks, Serra prometeu alterar regras caso vencesse. Assessor do tucano na campanha confirma que candidato era contrário à mudança do marco regulatório do petróleo.

Juliana Rocha, de Brasília, e Catia Seabra, de São Paulo

As petroleiras americanas não queriam a mudança no marco de exploração de petróleo no pré-sal que o governo aprovou no Congresso, e uma delas ouviu do então pré-candidato favorito à Presidência, José Serra (PSDB), a promessa de que a regra seria alterada caso ele vencesse.

É isso que mostra telegrama diplomático dos EUA, de dezembro de 2009, obtido pelo site WikiLeaks (www.wikileaks.ch). A organização teve acesso a milhares de despachos. A Folha e outras seis publicações têm acesso antecipado à divulgação no site do WikiLeaks.

“Deixa esses caras [do PT] fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava… E nós mudaremos de volta”, disse Serra a Patricia Pradal, diretora de Desenvolvimento de Negócios e Relações com o Governo da petroleira norte-americana Chevron, segundo relato do telegrama.

Um dos responsáveis pelo programa de governo de Serra, o economista Geraldo Biasoto confirmou que a proposta do PSDB previa a reedição do modelo passado.

“O modelo atual impõe muita responsabilidade e risco à Petrobras”, disse Biasoto, responsável pela área de energia do programa. “Havia muito ceticismo quanto à possibilidade de o pré-sal ter exploração razoável com a mudança de marcos regulatórios que foi realizada.”

Segundo Biasoto, essa era a opinião de Serra e foi exposta a empresas do setor em diferentes reuniões, sendo uma delas apenas com representantes de petroleiras estrangeiras. Ele diz que Serra não participou dessa reunião, ocorrida em julho deste ano. “Mas é possível que ele tenha participado de outras reuniões com o setor”, disse.

SENSO DE URGÊNCIA

O despacho relata a frustração das petrolíferas com a falta de empenho da oposição em tentar derrubar a proposta do governo brasileiro.

O texto diz que Serra se opõe ao projeto, mas não tem “senso de urgência”. Questionado sobre o que as petroleiras fariam nesse meio tempo, Serra respondeu, sempre segundo o relato: “Vocês vão e voltam”.

A executiva da Chevron relatou a conversa ao representante de economia do consulado dos EUA no Rio.

A mudança que desagradou às petroleiras foi aprovada pelo governo na Câmara no começo deste mês.

Desde 1997, quando acabou o monopólio da Petrobras, a exploração de campos petrolíferos obedeceu a um modelo de concessão.

Nesse caso, a empresa vencedora da licitação ficava dona do petróleo a ser explorado -pagando royalties ao governo por isso.

Com a descoberta dos campos gigantes na camada do pré-sal, o governo mudou a proposta. Eles serão licitados por meio de partilha.

Assim, o vencedor terá de obrigatoriamente partilhar o petróleo encontrado com a União, e a Petrobras ganhou duas vantagens: será a operadora exclusiva dos campos e terá, no mínimo, 30% de participação nos consórcios com as outras empresas.

A Folha teve acesso a seis telegramas do consulado dos EUA no Rio sobre a descoberta da reserva de petróleo, obtidos pelo WikiLeaks.

Datados entre janeiro de 2008 e dezembro de 2009, mostram a preocupação da diplomacia dos EUA com as novas regras. O crescente papel da Petrobras como “operadora-chefe” também é relatado com preocupação.

O consulado também avaliava, em 15 de abril de 2008, que as descobertas de petróleo e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) poderiam “turbinar” a candidatura de Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil.

O consulado cita que o Brasil se tornará um “player” importante no mercado de energia internacional.

Em outro telegrama, de 27 de agosto de 2009, a executiva da Chevron comenta que uma nova estatal deve ser criada para gerir a nova reserva porque “o PMDB precisa de uma companhia”.

Texto de 30 de junho de 2008 diz que a reativação da Quarta Frota da Marinha dos EUA causou reação nacionalista. A frota é destinada a agir no Atlântico Sul, área de influência brasileira.”

FONTE: portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=143585&id_secao=6) [Introdução (OBS) e imagem adicionados por este blog].

4 comentários:

iurikorolev disse...

Maria Tereza
Creio que há um engano nessas reportagens.
Pelo que sei de Direito Economico, embora a União ainda o tenha, a Petrobras não tem mais monopólio, em local nenhum do Brasil.
Me corrija se eu estiver errado.

Unknown disse...

Iurikorolev,
Pelo que entendi das medidas aprovadas, você tem razão.
A Emenda Constitucional nº 9 e a Lei nº 9478 (FHC/PSDB/DEM) acabaram com o monopólio e deram origem à entrega às concessionárias na maior parte, estrangeiras). Hoje, com as medidas recém-aprovadas, ainda não é a Petrobras que detém o monopólio. O sistema de partilha no pré-sal estabelece que o óleo pertence à União.
As empresas contratadas para explorar e produzir o petróleo recebem pagamento (em dinheiro ou em parte da produção).
A Petrobras recebeu o direito de ser somente a operadora de todos os blocos da camada pré-sal e tem direito à participação de 30%, no mínimo, nos consórcios que vencerem as licitações. Você também entendeu assim?
Maria Tereza

iurikorolev disse...

Maria Tereza
Os dispositivos legais são estes mesmos.
Mas a maior concessionária (disparada, devido a sua tradição)
é a Petrobras, não as estrangeiras.
As reportagens deram a entender que o Presidente Lula quer derrogar essas regras quanto ao Pré-sal e retornar ao monopólio da Petrobras.

Unknown disse...

Iurikorolev,
Tem razão. Exagerei ao comentar que, após a Lei 9478, "a maior parte" das concessionárias passou a ser as estrangeiras. Melhor seria dizer "parte".
A imprensa, por desconhecimento ou dolo, muitas vezes trata erradamente como retorno da Petrobras "ao monopólio". Desconheço se o Presidente Lula pessoalmente assim desejasse e ainda queira modificar as novas regras. A nova legislação para o pré-sal estabelece que as concessionárias não mais são as donas do óleo que descobrirem e extraírem, decidindo para quem vender. O quadro mudou. Lá, depois das descobertas da Petrobras, o risco de não acharem óleo é mínimo. Agora, é a União a única proprietária, que remunera a produção das concessionárias. A Petrobras será sempre a operadora e com direito de participar da exploração(no mínimo 30%). Assim entendi.
Maria Tereza