segunda-feira, 7 de março de 2011

FECHAR AS ESCOLAS DE ECONOMIA E ABRIR ESCOLAS DE ENGENHARIA

                     Um certo engenheiro búlgaro ...

Por Paulo Henrique Amorim

“No ponto mais agudo da crise de 2008, quando a urubóloga disse que um tsunami ia afundar o Nunca Dantes, naquele momento dramático, Paul Volcker, ex-presidente do Banco Central americano, deu entrevista a um programa de domingo de manhã na CNN.

O entrevistador neoliberal, um urubólogo, perguntou a Volcker se ele não estava preocupado com o déficit.

Assim como o Cerra tem um problema com o “câmbio”, os neoliberais têm um problema com o “déficit”.

Volcker disse que não.

Disse que estava preocupado com o metrô de Nova York.

O que ?, perguntou o neoliberal aturdido. Com o metrô ?

Sim, ele explicou.

Houve uma concorrência para ampliar as linhas do metrô de Nova York e nenhuma empresa americana se apresentou.

Mas, e daí ?, se perguntava o neoliberal perplexo.

Volcker explicou: é que os Estados Unidos não formam mais engenheiros.

As melhores cabeças da América foram trabalhar nos bancos.

Produzem derivativos e não vagão de trem.

E deu no que deu.

Este ansioso blogueiro deu para ler o Plano Quinquenal da China, em lugar de perder tempo com o artigo do Farol de Alexandria, domingo, na página 2 do Estadão –um exercício inútil sobre o que a “esquerda” deve fazer.

(Como se a esquerda ou a direita precisasse de conselho dele.)

(Na verdade, é um artigo chic, para demonstrar que, em 1968, durante os protestos estudantis, ele estava em Paris. Gente fina …)

Mas, vamos ao Plano chinês.

Leitura mais útil a um habitante de um país membro dos BRICs e do Grupo dos 20.

(Aliás, no capitulo das relações externas, o Plano enfatiza que a China pretende afirmar-se em fóruns internacionais e o Grupo dos 20 está em primeiro lugar.)

O Governo chinês abriu um centro de pesquisas em nanotecnologia, constrói neste momento 50 centros de engenharia, 32 laboratórios nacionais de engenharia, e 56 laboratórios focados em televisão digital e internet de alta velocidade.

Antes que os profetas do Apocalipse se manifestem, vamos a artigo que o Ministro Fernando Haddad publicou na pág. 2 da Folha (*), em 23 de fevereiro:

EDUCAÇÃO SUPERIOR, BANDA LARGA DE ACESSO

(Esta expressão, na verdade, é de autoria deste ansioso blogueiro, noutro contexto, quando o PiG (**) queria destruir o ENEM para impedir o acesso do pobre à Universidade: “o ENEM é a banda larga do acesso do pobre à Universidade”.)

Diz o Haddad:

Na ultima década, o Brasil foi, segundo o Banco Mundial, o país que mais avançou em aumento da escolaridade e, segundo dados da OCDE, o terceiro país que mais evoluiu em qualidade da educação básica”.

Superamos a China no primeiro caso, e ficamos atrás apenas de Chile e Luxemburgo, no segundo.”

Reuni – a expansão e a interiorização das universidades federais dobrou o número de ingressantes entre 2003 e 2010 (olha o Nunca Dantes aí ! – PHA), levando educação superior de qualidade a 126 cidades do interior do país.”

ProUni – mais de 800 mil estudantes de escola pública que passaram no ENEM estudam em faculdades.

… em dez anos, a matrícula do ensino superior teve aumento de 151% e o número de formandos cresceu 195% !

Que horror !

Porém, segundo o jornal Brasil Econômico, de 2 de março, na pág. 14, mostra: “demanda alta por engenheiros deixa construção em alerta”.

Registro de novos profissionais não acompanha a abertura de vagas no setor; grupos falam em importar mão de obra.”

No ano passado, a construção civil criou 12 mil postos de trabalhos para engenheiros.

No ano passado, 7 mil engenheiros se registraram nos CREAs de todo o país, mostra a reportagem.

Acontece que apenas 30% dos engenheiros do Brasil trabalham em engenharia: estão a produzir os derivativos do Paulo Volcker, em boa parte.

Qual é a saída ?

Uma delas sugeriu o Ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante: acelerar a formação de tecnólogos em engenharia, de formação mais curta, para suprir a demanda que está aí, agora.

É uma emergência.

Outra, é importar engenheiro.

Com um engenheiro búlgaro que veio trabalhar na Usiminas, no Governo Vargas, de nome Rousseff.

Outra é fechar as escolas de Economia –fábrica de neoliberais que só pensam em trabalhar em banco– e abrir escolas de Engenharia.

(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que avacalha o Presidente Lula por causa de um comercial de TV; que publica artigo sórdido de ex-militante do PT; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.”

FONTE: escrito pelo jornalista Paulo Henrique Amorim e publicado em seu portal “Conversa Afiada” (http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2011/03/06/fechar-as-escolas-de-economia-abrir-escolas-de-engenharia/).

2 comentários:

iurikorolev disse...

Não basta abrir escolas de engenharia, há que se valorizar os engenheiros não só com bons salários, mas com bom ambiente de trabalho e com gerentes de engenharia capacitados, coisa raríssima no Brasil.

Unknown disse...

Iurikorolev,
Tem razão. Ainda há muito chão a percorrer para diminuir o atraso.
Maria Tereza