domingo, 17 de abril de 2011

QUAL É O “PROBLEMA AÉREO” DO BRASIL?


Por Brizola Neto

‘PROBLEMA AÉREO’ É AQUILO QUE FHC QUER ESQUECER: O POVO

“No tempo em que o tucanato imperava no país, uma piada dizia que o Brasil tinha duas saídas: o Galeão e Cumbica.

É por aí que agente começa a entender porque o PSDB e a mídia –que como diz sua líder Judith Brito, executiva da Folha e presidente da Associação Nacional de Jornais, no es lo mismo pero es igual– andam com suas baterias voltadas para a situação dos aeroporto e sua preparação para a Copa do Mundo. Ao ponto de, está semana, numa “coincidência” nada casual: os comerciais dos tucanos na televisão e as manchetes da jornalada puxarem pelo mesmo tema.

Que os aeroportos brasileiros, como de resto toda a infraestrutura deste país tenham acumulado atraso enorme ao longo de muitos anos não é novidade para ninguém.

Mas a razão maior para os problemas aeroportuários é outra, que nada tem a ver com nenhum tipo de má administração pública.

Tem, sim, relação com o crescimento da atividade econômica e a elevação do poder de compra da população, que fizeram o avião deixar de ser transporte de elite e tornar-se meio de transporte acessível até mesmo à classe média baixa.

Vamos aos números. Em 2003, primeiro ano do Governo Lula, passaram pelos aeroportos brasileiros, entre vôos nacionais e internacionais, 71,2 milhões de passageiros. Oito anos depois, em 2010, o número de passageiros aumentou para 155 milhões.

Ou seja, mais de o dobro de viajantes.

Foi por isso que o ex-presidente Lula, ao voltar a usar os voos comerciais, disse:

- Vocês não sabem o prazer que eu sinto em ver pobre andando de avião. Eu sei que tem gente que reclama, diz que pobre tem que andar de ônibus [...]. Eles [os pobres] não sabem nem como sentar, não sabem nem qual botão apertar, mas estão lá.

O estudo do IPEA não diz que dez dos 13 [maiores] aeroportos não terão condições de desempenhar suas funções até a Copa de 2014 por falta de investimentos.

Ao contrário, ressalta que “visando a Copa que será realizada no Brasil, o governo federal assegurou à Infraero a disponibilidade de recursos para investir R$ 5,6 bilhões em 13 aeroportos de 2011 a 2014. Isso representa R$ 1,4 bilhão ao ano, um valor bem maior que a média investida em 2003/2010 (R$ 430,3 milhões) e em 2010 (R$ 645,6 milhões).”

O problema apontado é, essencialmente, nos prazos de liberação das licenças de obra e dos atrasos sofridos na execução dos projetos. E é, sim, necessário criar mecanismos e prazos especiais para que –sem prejuízo da regularidade dos projetos– as obras sejam concluídas a tempo. Por exemplo, os prazos para o Tribunal de Contas da União para apreciar e fazer suas considerações a respeito do custo dos projetos não têm definição e precisam ter sob pena de impedirem a contratação a tempo das obras.

Agora, convenhamos que, embora somente há dois dias FHC tenha dito ao PSDB para esquecer o povão e focar na classe média, o marqueteiro tucano que preparou as inserções do partido e escolheu os aeroportos como tema já tinha adotado a tese, lá isso é.

Porque, como mostram os números, o problema dos aeroportos é que o povão –e a classe média baixa é povão– passou a andar de avião”.

FONTE: escrito por Brizola Neto e publicado em seu blog “Tijolaço” (http://www.tijolaco.com/problema-aereo-e-aquilo-que-fhc-quer-esquecer-o-povo/).

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