domingo, 5 de junho de 2011

HIPOCRISIA: EUA “CONDENAM” ATAQUE CONTRA DITADOR DO IÊMEN...

                             Sanaa, capital do Iêmen

“O ditador do Iêmen, Ali Abdulá Salé, discursou ao povo em gravação de áudio transmitida pela televisão oficial e acusou o chefe tribal opositor Sadeq al Ahmar e seus irmãos de estarem por trás do ataque cometido na sexta-feira (3) contra ele. Os Estados Unidos já estrilaram contra o ataque a seu protegido.

Por Humberto Alencar

Na linha do "mais do mesmo", as agências de notícias ocidentais, em sua política de ocultar e mistificar o que não convém ao imperialismo, distribuiram o discurso oficial dos Estados Unidos contra o ataque ao ditador Salé, com a mesma ênfase dada pela administração americana.

RETÓRICA IMPERIALISTA

"A Casa Branca condenou firmemente na sexta-feira a violência que assola o Iêmen e, em particular, o bombardeio ao Palácio presidencial em Sanaa durante o qual o presidente Ali Abdulá Salé ficou ferido", repetiram as agências capitalistas na sexta-feira, em velada condenação ao ato que, tivesse ocorrido em um país "hostil" ao interesse americano, seria louvado e cantado em verso e prosa, como foi feito há dois meses, quando amotinados do exército líbio cometeram atentados em Trípoli.

As palavras utilizadas no comunicado oficial da Casa Branca distribuído aos seus agentes midíaticos são sinceras: "Os Estados Unidos condenam nos termos mais fortes os atos de violência insensatos que ocorreram hoje no Iêmen, incluindo o ataque ao Palácio Presidencial em Sanaa", ou seja, que se lixem os interesses populares, seja em Sanna, seja em Manama (capital do Barein). O que vale é o que interessa aos Estados Unidos.

Para não ficar muito sujo na fita, o regime americano "pede" que as partes ajam com "civilidade": "Pedimos a todas as partes o fim imediato das hostilidades e a implantação de um processo ordenado e pacífico de transferência de poder político como estipula o acordo do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG)".

FOSSE EM TRÍPOLI...

Caso o atentado tivesse ocorrido contra Muamar Kadafi, presidente da Líbia, a atitude do regime americano seria obviamente diferente.

Ao contrário do que aconteceu com a Líbia, não há qualquer reunião agendada no Conselho de Segurança da ONU para discutir a violência e a iminente guerra civil no Iêmen. Ban Ki-moon [ONU] não proferiu nenhum discurso contra o governo de Salé (ou contra os oposicionistas), como fez em relação à Líbia.

A violência utilizada pelo regime iemenita na repressão é visível e fartamente documentada. Entretanto, não foram editadas sanções contra o ditador do Iêmen e sua família. A ONU não tem agendada nenhuma viagem da sua turma de "investigadores de atrocidades" para verificar se o regime iemenita cometeu algum crime de guerra ou contra a humanidade.

Ao mesmo tempo que a mídia omite o interesse imperialista na água –a Líbia repousa sobre um dos maiores aquiferos do planeta– e no petróleo líbios, omite também a vassalagem assumida de Salé e seus vizinhos ao regime americano. A al-Qaida, a estrela bandida da luta "contra o terror" livrada pelos americanos, controla algumas cidades no sul do Iêmen e vai tudo bem.

A OTAN, braço militar do imperialismo, realiza verdadeira caçada contra Kadafi, atingindo semanalmente as instalações que o líder líbio supostamente utiliza para viver, matando civis –aos quais deveria "proteger"–, com o objetivo de encerrar rapidamente uma intervenção custosa para os debilitados cofres dos países integrantes do Pacto Militar. Também, "vai tudo bem".

Percebe-se, assim, que a política de missão "humanitária" propalada pelo regime americano é singular e tem claramente um peso e duas medidas. Ela é aplicável para proteger os aliados, que podem ser rebeldes líbios, sírios, iranianos e também ditadores iemenitas, bareinitas, egípcios, tunisianos e sauditas, entre outros.”

FONTE: portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=155712&id_secao=9) [imagem do Google adicionada por este blog].

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