segunda-feira, 6 de junho de 2011

MILITARIZAÇÃO DA AMÉRICA LATINA PELOS EUA


“Intelectuais, representantes de movimentos sociais e forças políticas se reuniram em Buenos Aires, na Argentina, na última quarta-feira (1º), para debater o processo de remilitarização da América Latina pelos Estados Unidos. A “Conferência Continental sobre Militarização Imperial” contou com a presença da escritora, jornalista e membro do Conselho Consultivo do MOPASSOL, Estella Calloni, que alertou sobre as bases militares norte-americanas instaladas na América Latina.

Segundo ela, é preciso levar em conta essas bases militares, a atuação dos paramilitares da Colômbia, as diferentes formas de terrorismo de Estado empregadas, a presença das tropas norte-americanas no Haiti e a situação do México, que vive cenário de guerra entre cartéis de tráfico de drogas, que já deixou mais de 37 mil mortos desde dezembro de 2006.

Estella avaliou positivamente a realização da reunião do Conselho de Defesa da UNASUL (União de Nações Sul-Americanas) e a criação do “Centro de Estudos Estratégicos de Defesa” em Buenos Aires. “O CEED foi criado a partir da necessidade de consolidar identidade sul-americana em matéria de Defesa. Tem como finalidade a construção de visão própria, orientada, desde as necessidades específicas, ao interesse comum dos países da região.”

Outra participante do encontro, a antropóloga da Universidade de Washington Adrianne Pine, denunciou o papel dos Estados Unidos no golpe de Honduras contra o presidente Manuel Zelaya. Há quase dois anos –em 28 de junho de 2009– Zelaya foi deposto do cargo e enviado ao exílio. No fim de maio, o ex-presidente hondurenho retornou ao país e foi recepcionado por manifestações, faixas e cartazes do movimento de Resistência Hondurenha.

INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA

Para discutir temas como defesa nacional, soberania e integração latino-americana, o general paraguaio membro do "Centro de Estudos Nacionais e Internacionais" e ex-ministro da Defesa do Paraguai, Luis Bareiro Spaini, assinalou a importância geoestratégica da UNASUL.

O cenário internacional é dinâmico e é composto pela convivência simultânea e a transformação de conjuntura bipolar para multipolar, capaz de incluir, de dialogar, diferentemente da antiga proposta que se tinha em prol de um mecanismo bilateralista, excludente e claramente hegemônico”, enfatizou.

Ainda durante sua fala, Spaini citou passagem do pensador contemporâneo Noam Chomsky para fundamentar os valores da soberania dos países e dos povos. “A soberania não é nenhum valor em si. Somente pode ser considerada como um valor quando está vinculada à liberdade e aos direitos. Ao falar desses valores, precisamos ter em mente os seres humanos, não construções políticas, como corporações, Estados e capital.”

Para Spaini, a integração deve ser compreendida como a soma de identidades nacionais, não como a dissolução de características particulares em entidade uniforme e única. O general destacou, ainda, que o tema da soberania do Estado Nação no marco da integração regional, em diferentes continentes, está em constante processo de atualização.

Governabilidade, institucionalidade e soberania efetiva são os principais desafios da América Latina que podem ser resolvidos diante de uma democracia participativa e solidária”, assegurou.

ALTERNATIVAS PARA DESMILITARIZAÇÃO

A presidente do MOPASSOL (entidade argentina que integra o "Conselho Mundial pela Paz"), Rina Bertaccini, apresentou, durante sua fala, algumas situações da militarização imperialista e divulgou a informação de que, nos últimos anos, o número de bases militares dos Estados Unidos e de membros da OTAN nos países da América Latina duplicou.

Rina lembrou a experiência do MOPASSOL e classificou como “inesquecível” a luta do povo vietnamita durante a Guerra do Vietnã. Para a conjuntura atual, Rina destacou que a alternativa para minimizar e interromper a influência norte-americana na América Latina é a integração regional em todos os âmbitos –econômico, político e cultural. Ela cita a criação do "Conselho de Defesa Sul-americano", criado pela UNASUL, e da "Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos" como iniciativas relevantes para uma luta contínua.

Além dessas, outras medidas mais pontuais ganharam destaque da presidente. “A determinação do governo equatoriano de por fim à base norte-americana de Manta e a decisão do governo argentino de reestatizar a Fábrica Militar de Aviões na cidade de Córdoba fazem parte desse processo de transformação”, aponta.

CEBRAPAZ CONTRA A GUERRA NORTE-AMERICANA

Para analisar a conjuntura mundial e o papel da OTAN, dos Estados Unidos e da União Europeia nos conflitos do Oriente Médio, o diretor do CEBRAPAZ (Centro Brasileiro de Solidariedade e Luta pela Paz), José Reinaldo Carvalho, fez pronunciamento lembrando que a Guerra contra a Líbia trata-se da “primeira da administração Obama, mas a terceira a ser conduzida por ele, uma vez que herdou as guerras do Afeganistão e do Iraque”, do governo Bush.

Como todas as guerras recentes do imperialismo estadunidense e seus aliados contra outras nações, é guerra feita com falsos pretextos e conta com a cumplicidade de colossal e poderosa máquina de mentiras: os meios de comunicação, que preparam o terreno com a difusão de argumentos sobre a suposta violação dos direitos humanos, a perpetração de crimes contra a população civil e a desobediência a tratados internacionais”, enfatizou.

De acordo com José Reinaldo, os bombardeios na Líbia pela OTAN fazem parte de estratégia global das potências imperialistas para reverter a seu favor os acontecimentos que têm abalado o mundo árabe e todo o Oriente Médio, a partir das vitoriosas manifestações na Tunísia e no Egito.

O diretor lembra e explica como o CEBRAPAZ vem lutando pela paz e harmonia entre os povos. “Quando a OTAN completou 60 anos, o Conselho Mundial da Paz, ao lado de outras organizações pacifistas europeias, participou de dois importantes atos. Um deles, em Belgrado, no transcurso do 10º aniversário dos bombardeios da OTAN contra a antiga Iugoslávia, na guerra do Kosovo. O outro ato ocorreu em Estrasburgo, para protestar contra uma cúpula da OTAN”.

José Reinaldo ressalta que, desde que surgiu em 1949, a OTAN tem caráter agressivo. Ele lembra que a aliança foi o principal instrumento do imperialismo estadunidense e seus aliados europeus na luta contra os países socialistas e nas ações para impor o sistema neocolonialista em todo o mundo no período após a Segunda Grande Guerra.

Durante seu discurso, José Reinaldo lembrou aspectos históricos que ajudaram na expansão geográfica da Aliança e a dimensão negativa que tomou ao longo desses anos. “A OTAN é responsável e culpada por crimes contra a paz e a humanidade. Violou o direito internacional, rasgou a Carta das Nações Unidas, destruiu a soberania e a integridade territorial da Sérvia e da ex-Iugoslávia sob falsos pretextos. São crimes que não podem ficar impunes.”

Para concluir, o diretor do CEBRAPAZ encerrou o pronunciamento destacando o objetivo comum entre a OTAN e os Estados Unidos. “Essa máquina de guerra, que serve ao imperialismo, mantém o mesmo objetivo ao longo dos anos: saquear os recursos das nações e povos, controlar os mercados e exercer a dominação política”, refletiu.”

FONTE: portal “Vermelho”  (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=155746&id_secao=7) [imagem do Google adicionada por este blog].

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