segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A CLASSE MÉDIA VAI À INTERNET


Por Welington Moreira Franco

“Imagine, prezado internauta, 70 milhões de megafones usados ao mesmo tempo. Adicione a cada um desses megafones potência capaz de espalhar sua mensagem pelo mundo inteiro, e você tem a Internet.

A rede mundial é isso: transforma os computadores em alto-falantes que se fazem ouvir, em tempo real, onde quer que haja alguém conectado. Na Internet, o mundo tem o tamanho de uma sala, onde o que uma pessoa fala pode ser ouvido por todos os presentes.

Wagner de Jesus Martins, morador de Brasília, usou o megafone virtual no dia 26 de julho para comentar a notícia da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) que eu coordenei, naquele dia, no Palácio do Planalto, e que teve a presença da presidenta Dilma.

Os conselheiros do CDES –antes de discutir o programa “Ciência sem Fronteiras”, que vai financiar 100 mil bolsas para brasileiros no exterior– ouviram análise da situação do Brasil em relação às crises econômicas que abalam os Estados Unidos e a Europa.

Wagner acessou o portal da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, leu a notícia e deixou lá o seu recado, que reproduzo tal e qual:

– “É impressionante, as reformas indicadas são aquelas que desoneram o capital, mas não se toca na necessidade de direcionamento estratégico para melhor aproveitamento das forças produtivas do país diante de cenário futuro desejado. O que fazer com a terra devoluta e improdutiva? O que fazer para a força de trabalho ser melhor aproveitada e receber parte do aumento da produtividade gerada no país e com isso aumentar a demanda no mercado interno? O que fazer para gerar um ambiente inovador para o conhecimento se desenvolver e tornar-se insumo para a sociedade? Precisamos de prospectiva estratégica já, visão de futuro que mobilize e organize as forças produtivas da sociedade para sua construção.”

O comentarista dá bom exemplo do comportamento atual dos brasileiros. Inseridos no mercado de consumo, ocupando empregos melhores, ganhando salários maiores, quase 30 milhões de pessoas ascenderam à classe média e, agora, participam mais, exigem mais.

Dividi com vocês o comentário do Wagner. Divido, agora, minha resposta a ele.

Suas dúvidas, Wagner –que, certamente, são as mesmas de muitos brasileiros– inquietam, também, o governo. Em vários fóruns, buscamos soluções para os problemas que você levanta, respostas para suas perguntas.

O CDES, cuja reunião você comentou, é o lugar onde se discutem os projetos do governo e de onde saem muitas respostas para suas perguntas.

O próprio “Programa Ciência sem Fronteiras”, lançado lá no dia 26, contém estratégias para organizar a força de trabalho dos brasileiros e gerar ambiente de transformação do conhecimento em insumo para o desenvolvimento.

Cem mil estudantes e profissionais brasileiros terão todo o apoio para frequentar as melhores universidades do mundo, desenvolver seus talentos, voltar ao Brasil e praticar aqui seus conhecimentos.

Já existem 73,9 milhões de Wagners no Brasil. Pesquisa recente do “Instituto Ibope Nielsen” mostra que esse era o número de brasileiros com acesso à Internet em casa, no trabalho, na escola e nas “lan houses” no fim do ano passado. Nessa conta, estão pessoas maiores de 16 anos de idade.

E esses 73,9 milhões de megafones quase não param. Em fevereiro deste ano, cada brasileiro passou 62 horas, 19 minutos e 38 segundos ligado na Internet. A quantidade de residências que têm computador aumentou 24% no período entre fevereiro de 2010 e fevereiro deste ano e chega a 52,8 milhões.

A classe média brasileira –na qual está a grande maioria desses internautas– tem, hoje, mais de 90 milhões de pessoas e, segundo dados de 2009, é dona de 46,24 % do poder de compra da população. Essas pessoas exigem novas maneiras de olhá-las e de ouvi-las.

A nova classe média precisa de políticas públicas capazes de lhe dar segurança nessa nova condição social e oferecer perspectivas de novos avanços.

Aí está o desafio colocado ao Estado e ampliado pelo megafone virtual da internauta Janaína Leite, que leu informações sobre a classe C no site da SAE e perguntou:

–“Só para adiantar um pouco a compreensão, por favor, qual é a exata definição de ‘nova classe média’?

Sua pergunta, Janaína, o governo também se faz. Um dos critérios é a classificação por faixa salarial. As pessoas de classe média seriam aquelas que têm renda familiar entre R$ 1100,00 e R$ 4500,00 mensais.

Mas isso não basta. É preciso estudar mais detalhadamente esse grupo de brasileiros, criar uma trava nas políticas social e econômica para que não retornem à situação de pobreza. Queremos definir ações para criar essa trava.

Para saber mais sobre esses brasileiros, a SAE realiza [hoje], 8 de agosto, o “Seminário Políticas Públicas para a Nova Classe Média Brasileira”. Especialistas e pesquisadores brasileiros de vários setores vão apontar caminhos para que o Brasil saiba o que pensam, com que se ocupam, quais são os sonhos e as novas necessidades desses brasileiros e brasileiras que ascenderam na escala social.

O Seminário será aberto pela Presidenta Dilma, o que mostra a importância que esse debate tem para o governo.

E, o que é melhor, os internautas poderão acompanhar o seminário ao vivo e interagir com os palestrantes. [Hoje], 8 de agosto, acesse www.sae.gov.br e acione seu megafone virtual. Faça-se ouvir.”

FONTE: escrito por Welington Moreira Franco, ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Publicado no Globo.com e blog do Noblat  (http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?cod_post=396123&ch=n) [imagem do google adicionada por este blog].

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