domingo, 7 de agosto de 2011

JUROS ESGOTAM O FÔLEGO FISCAL DO PAÍS


JUROS ESGOTAM O FÔLEGO FISCAL DO PAÍS E LIMITAM O INCENTIVO AO DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA

“A indústria brasileira está perdendo fôlego: entre maio e junho, o nível de atividade caiu 1,6%. A anemia é generalizada e atingiu 20 dos 27 setores pesquisados pelo IBGE. Na frente externa, o setor industrial acumula déficit de 35% entre embarques e importações de manufaturados.

O Brasil é o que é hoje –e tem a classe operária que tem, com as implicações políticas inerentes a isso, entre elas a eleição de Lula- por se distinguir entre os países em desenvolvimento como aquele que possui parque industrial completo.

A herança do 'populismo intervencionista' da era Vargas -que FHC quis sepultar- foi preservada e ampliada até pela ditadura militar. O ciclo neoliberal e a armadilha rentista atual –juros siderais que inibem o investimento, valorizam a moeda e impulsionam as importações- ameaçam esse trunfo do desenvolvimento e da democracia.

O programa 'Brasil Maior' lançado terça-feira (2) pelo governo tenta enfrentar os riscos de um processo de desindustrialização em curso com acertos aprisionados por claras limitações.

Um ponto positivo, por exemplo, é a preferência dada a empresas brasileiras nas licitações e compras do governo federal. A partir de agora, desde uniformes do exército a equipamentos de alta tecnologia em informática, quando produzidos no país, terão a preferência nas aquisições do Estado brasileiro, mesmo a preço até 25% superior ao similar importado.

Utilizar o poder de compra estatal como instrumento de política econômica nunca foi bem visto pela ortodoxia mercadista, embora seja crucial para incentivar setores industriais emergentes, ou contrastar o ‘dumping’ social embutido nas importações de mercadorias asiáticas.

Logo depois do 11 de setembro, os EUA não hesitaram em lançar mão do mesmo instrumento. Em pleno governo Bush, foi criado [ou melhor, reforçado, pois já há décadas vigorava] o ‘Buy American Act’.

Mas se o ‘Compra Brasil’ entusiasma, os incentivos à desoneração de investimentos e à contratação de mão-de-obra (desoneração da folha de pagamento através de cortes na alíquota da Previdência) ficam a dever e causam apreensão nos sindicatos.

O circulo vicioso se fecha: o governo economizou R$ 55,5 bilhões no primeiro semestre deste ano para pagar juros aos rentistas da dívida pública. É o dobro do valor registrado em igual período de 2010.

Ao esgotar o fôlego fiscal no sumidouro rentista, o Estado não dispõe de folga orçamentária para deflagrar política industrial contundente que desonere as empresas, aumente o investimento e amplie a competitividade sem prejudicar os trabalhadores.

Em resumo: a origem do problema -intocada- limita o alcance dos esforços para a sua mitigação.”

FONTE: cabeçalho do site “Carta Maior” em 02/08/2011  (http://www.cartamaior.com.br/templates/index.cfm) [imagem do Google adicionada por este blog].

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