sábado, 17 de setembro de 2011

O IMPOSTÔMETRO IMPOSTOR


Por Mair Pena Neto

“A classe empresarial brasileira vive se queixando da "elevada" carga tributária brasileira. Há alguns anos, a Associação Comercial de São Paulo criou um impostômetro que registra quanto o brasileiro teria pago de imposto até a presente data [OBS deste blog: isso seria arrecadação dos governos federal, estadual e municipal no pressuposto muito irreal de não haver sonegação daqueles impostos devidos, indicados no painel].

Os valores são sempre repercutidos pela mídia [com fins políticos em benefício da oposição de direita], como aconteceu nesta semana, quando o aparelho marcou R$ 1 trilhão em impostos, um mês antes do registro do mesmo valor, em 2010.


Desconfio que o impostômetro só funciona mesmo para a suposta indignação dos endinheirados. Já cansei -para usar expressão cara aos mais abastados- de ouvir falar nos valores estratosféricos registrados pelo tal aparelho, sem que desencadeie a mínima indignação popular. Chegam a ser curiosas as imagens dos protestos contra os impostos, com um bando de engravatados olhados com estranheza pela população.

Soa totalmente artificial a preocupação dos empresários com o preço do arroz, do feijão e da cachaça. Eles não pesam nada em seus bolsos e não acredito que estejam preocupados com a carestia e seu impacto na população brasileira. Desconfio que estejam mais interessados em obter maiores lucros e elevarem ainda mais seu padrão de vida, equivalente ao dos países mais desenvolvidos do mundo. Cansamos, valendo-me uma vez mais da expressão, de ver o governo conceder isenção fiscal para vários produtos sem que isso retornasse no preço final ao consumidor.

Imposto, como o próprio nome diz, não é algo que se pague por livre e espontânea vontade, mas sem ele nenhuma sociedade funciona. A discussão seria então sobre o tamanho da carga tributária, motivo da queixa permanente dos empresários. Se levarmos em conta a qualidade dos serviços oferecidos pelo Estado, podemos dizer que, sim, ela é alta. A educação pública não é boa, como mostrou o recente resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), e a saúde não consegue oferecer um atendimento no padrão necessário com os recursos que tem. Mas esses não são serviços utilizados pelos adeptos do impostômetro, que têm dinheiro suficiente para pagar as melhores escolas para seus filhos e os mais caros planos de saúde. Os impostos precisam, isso sim, ser mais bem utilizados para garantir a melhora desses serviços, proporcionando a toda a população as mesmas qualidades de educação e saúde dos filhos dos empresários.

Por outro lado, a carga tributária não é elevada se a entendemos como necessária para um Estado [que necessita de] capacidade de promover o desenvolvimento econômico, de intervir nos momentos de crises globais -como o que vimos em 2008 e se repete agora-, e de oferecer bons serviços aos seus cidadãos. Injusta, por exemplo, é uma alíquota máxima de imposto de renda, que iguala profissionais com salários médios a executivos com bônus superiores a tudo que ganham em um ano. Inaceitável é que essa carga tributária recaia, proporcionalmente, muito mais sobre os pobres do que sobre os ricos. Inconcebível é não existir imposto sobre as grandes fortunas. Sobre isso, jamais se ouviu um pio dos que reclamam dos altos impostos.

No fim, tudo se resume a uma visão do papel do Estado. A turma do impostômetro é aquela que gosta do Estado mínimo e do livre mercado ditando as regras. Ela não está preocupada com universalização da saúde e da educação porque pode pagar, e bem, para tê-las. Os defensores de um Estado mais atuante e cidadão não podem cair nessa. O que é preciso é tornar mais justa [e eficiente, para pegar os sonegadores] a capacidade de arrecadação do Estado para que esse tipo de discurso não prospere em quem não tem nada a ver com ele.”

FONTE: escrito por Mair Pena Neto, jornalista carioca. Trabalhou em O Globo, Jornal do Brasil, Agência Estado e Agência Reuters. No JB foi editor de política e repórter especial de economia. Artigo publicado no site “Direto da Redação”  (http://www.diretodaredacao.com/noticia/o-impostometro-impostor) [trechos entre colchetes e uma das imagens adicionados por este blog ‘democracia&política’].

6 comentários:

Probus disse...

Essa Madame Rousseff está caçando sarna para se coçar. As informações veiculadas pela MÍDIA são um LIXO.

Sem LEI de MÍDIA e sem um PNBL conforme o Franklin Martins... o RUPERT MURDOCH e o CARLOS SLIM vão tomar conta do BraZil.

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Conselheiro do TCE que tentou afastar juíza do caso ALSTOM, é dono de ilha e de prédio

Conselheiro do TCE (nomeado por Serra/Alckmin) tentou afastar a juíza alegando que ela agia com parcialidade. Conselheiro do TCE, Robson Marinho, investigado em caso ALSTOM é dono de ilha e de prédio

http://osamigosdobrasil.com.br/2011/09/17/conselheiro-do-tce-robson-marinho-que-tentou-afastar-juiza-do-caso-alstom-e-dono-de-ilha-e-de-predio/

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01/10/2010: A corrupção tucana em São Paulo e a cobertura pela imprensa

A chamada “grande imprensa” não cumpre o seu papel de fiscalizadora do poder público estadual com o mesmo zelo que cumpre junto ao governo federal.

De forma geral, as denúncias de corrupção são noticiadas pela imprensa de forma pulverizada, sem nenhum destaque e nenhuma continuidade na apuração dos fatos.
Algumas pequenas reportagens se limitam a páginas internas dos cadernos de política dos principais jornais e revistas, sendo que o assunto é tratado de forma superficial e, invariavelmente, “some” da cobertura jornalística em poucos dias.

Esta forma de cobertura jornalística, nitidamente, responde apenas a disputas, chantagens e intrigas de grupos políticos rivais alojados dentro do governo do estado (serristas e alckmistas).

Por tudo isso, estaremos recapitulando alguns dos casos mais importantes de denúncias de corrupção no governo do Estado de SP relatados pela “grande imprensa” de forma pulverizada.
Na maioria dos casos, uma investigação mais profunda ainda está pendente.

Caso Alstom:

• O grupo Alstom é uma empresa multinacional francesa que fornece trens, material ferroviário e equipamentos para sistemas de energia (turbinas);

• O grupo Alstom tem 237 contratos com o governo paulista de 1989 a 2009, no valor total de R$ 10,6 bilhões.

• O Ministério Público da Suíça descobriu o pagamento de propinas do grupo Alstom para funcionários públicos do Governo Paulista.

• O percentual médio da propina era de 8% sobre o valor dos contratos. Isso representa algo em torno de R$ 848 milhões.

• Esses pagamentos foram para “comprar” licitações e prolongar contratos de forma irregular, muitos por mais de 20 anos.

Principais envolvidos:

Jorge Fagali Neto: ex- secretário de Transporte do governo paulista e irmão do atual presidente do METRÔ no governo Serra. O Ministério Público suíço bloqueou uma de suas contas no exterior no valor de US$ 7,5 milhões;

Robson Marinho: ex- chefe da Casa Civil do governo Covas e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo;

Luiz Carlos Frayze David: ex-presidente do METRÔ de SP, foi um dos acusados pelo acidente na linha 4 do Metrô. É conselheiro da DERSA, responsável pelo “rouboanel”. Na sua gestão no DER e no METRÔ, acumulou contratos julgados irregulares pelo Tribunal de Contas no valor de R$ 510 milhões;

Benedito Dantas Chiarardia: ex-diretor da DERSA. Envolvido em vários contratos irregulares na CPTM e outras secretarias no valor de R$ 325 milhões;

Tião Faria: ex- secretário particular de Mário Covas e ex-vereador pelo PSDB na cidade de São Paulo;

José Luiz Alquéres: ex- presidente da Alstom. Preside atualmente a Light do Rio de Janeiro;

José Sidnei Colombo Martini: presidente da CTEEP (Companhia Paulista de Transmissão de Energia Elétrica), antes e depois da privatização.

MATÉRIA COMPLETA NO LINK ABAIXO:

OBS: SÓ LEIA SE TIVER UM ESTÔMAGO FORTE

http://www.sejaditaverdade.net/blog2/?p=2194

Probus disse...

Sábado 17, setembro 2011

Repórter da Veja pode ser condenado à prisão por crime de tentativa de invasão de domicílio

A investigação policial sobre a tentativa de invasão de uma suíte ocupada pelo ex-ministro José Dirceu por um repórter da revista Veja acaba de ser concluída. O chefe da 5ª Delegacia de Polícia Civil do Distrito Federal, Laércio Rosseto, chegou à conclusão que o jornalista Gustavo Ribeiro realmente tentou violar a suíte ocupada pelo petista no Hotel Naoum Plaza, em Brasília, no dia 24 de agosto de 2011. “O jornalista alega que a intenção era a de verificar se o alvo de sua reportagem estava mesmo hospedado no hotel, mas também admitiu que tentou entrar em um ambiente privado”, disse o delegado ao 247.

Rosseto colheu depoimentos de Dirceu e do repórter, além da camareira para quem Gustavo pediu que abrisse o quarto, e, também, do responsável pela segurança do hotel. O resultado da investigação, apoiada em imagens do circuito interno do hotel, cópia dos depoimentos e outros documentos, será encaminhado para o Juizado Especial Criminal de Brasília, que vai decidir se abre processo contra Gustavo. A remessa ocorre já na próxima semana.

ÍNTEGRA no link abaixo:

http://osamigosdobrasil.com.br/2011/09/17/reporter-da-veja-pode-ser-condenado-a-prisao-por-crime-de-tentativa-de-invasao-de-domicilio/

Unknown disse...

Probus,
Bem lembradas essas falcatruas da direita e a dolosa e perigosa parcialidade da "grande" mídia brasileira, que as omite.
No meu raciocínio primário, achei que o momento ideal para implantar a constitucionalmente prevista regulação da mídia seria logo ao iniciar o mandato. Na medida em que o tempo passa, fica mais difícil e improvável isso ser feito.
Maria Tereza

Probus disse...

Você, Maria Tereza, como sempre, está CERTÍSSIMA.

"...o momento ideal para implantar a constitucionalmente prevista regulação da mídia seria logo ao iniciar o mandato. Na medida em que o tempo passa, fica mais difícil e improvável isso ser feito."

Agora, só em 2013 e, se se se se se acontecer. 2012 é ano PERDIDO, é ano de ELEIÇÕES...

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16 de setembro de 2011

Carta Maior: Leis anticorrupção empacam no Congresso

Leis para punir empresas corruptoras são boicotadas no Congresso

Projeto do governo com sanções para pessoas jurídicas que corrompem não anda desde ida ao Congresso, em fevereiro de 2010. Criminalização de corrupção ativa está parada há 33 meses em comissão. “Corruptor é impune no Brasil”, diz deputado Henrique Fontana (PT-RS), autor do projeto. Perfil patronal de 45% dos parlamentares e doação privada a campanhas explicam lentidão. CGU cobra prioridade.

ÍNTEGRA no LINK abaixo:

http://www.viomundo.com.br/politica/carta-maior-leis-anticorrupcao-empacam-no-congresso.html

Probus disse...

Maria Tereza, sugiro-lhe:

16 de setembro de 2011

Francisco Bicudo: A política como show da vida

Sem tergiversar (tenho certeza que a presidenta Dilma Rousseff prefere que seja dessa maneira): fiquei incomodado e lamentei profundamente que a entrevista exclusiva de vinte minutos em horário nobre tenha sido dada a um programa de entretenimento, o “show da vida”.

No domingão, final de noite, depois do almoço em família e da rodada do futebol, na maioria das vezes quem senta na frente da telinha e procura narrativas como as oferecidas pelo “Fantástico” está justamente disposto a manter a cabeça desligada, prolongando ao limite do impossível mais um final de semana que insiste teimosamente em escorregar pelos dedos, anunciando a agonia de mais uma segunda-feira de trabalho, transtornos, tarefas, reuniões e tensões. Estamos quase a dizer – ‘não quero pensar, sem preocupações, só amanhã, mais um pouco, por favor’. É legítimo. Mas é preciso que se trate dessa maneira – como entretenimento.

A presidenta – e a assessoria dela – sabem disso. Não escolheram o Fantástico ao acaso. Não foi aleatório. Não foram obrigados. Foi feita uma opção. Antes de mais nada, depois de alguns dias em que se falou sobre propostas de regulação da mídia, seria bom mostrar afinidades, sintonias e encantamentos com a principal e mais poderosa emissora de TV do país, como a dizer “calma, nada muda, estamos no mesmo barco”. A proposta da conversa também não era de forma alguma fazer pensar, mas tocar pelas sensações e emoções.

http://www.viomundo.com.br/politica/francisco-bicudo-a-politica-como-show-da-vida.html

Unknown disse...

Probus,
Muito obrigada pelas boas sugestões de leitura. Gostei.
Maria Tereza