sexta-feira, 4 de março de 2016

A FALSA "DELAÇÃO: LEVIANDADE PREMIADA




[OBSERVAÇÃO deste blog 'democracia&política':

NOVA JOGADA DO MESMO PLANO DA OPOSIÇÃO JÁ APROVADO E TESTADO

Esta semana, já aqui mostramos o plano concebido pela oposição, Lava-Jato, MP, PGR e mídia para destruir Lula, Dilma e, em consequência, o PT. Consiste nas seguintes etapas:


1) Concebe-se, com o auxílio de integrantes da Lava-Jato, do MP, da PGR, e da mídia suspeitas de ilegalidades de Lula, de Dilma e do PT, com suporte em alguns fatos reais ou fictícios e em trechos selecionados e editados de supostas delações premiadas;

2) Vaza-se esse conteúdo para algum veículo da grande mídia, de preferência a Veja, a IstoÉ, a Época, o Jornal Nacional, a Folha de São Paulo e o Estadão.

3) A mídia faz coordenadamente grande e continuado escândalo sobre essas suspeitas, incutindo com ar grave e solene na população o sentimento de que Lula e sua família, , Dilma e o PT são definitivamente culpados, corruptos, ladrões, maus-caracteres;

4) Com base nessas graves denúncias publicadas, o PSDB entra com processo no TSE, PGR, MP/Lava-Jato e STF pedindo sérias investigações;

5) Como planejado, esses órgãos recebem (de volta) aquelas denúncias e são abertas as investigações, e Lula daí em diante passa a ser tratado definitivamente como um investigado, culpado, corrupto, ladrão, mau-caráter, podendo até ser preso, ele e seus familiares . No futuro longínquo, será comprovada a sua inocência, mas até lá o objetivo da direita já terá sido alcançado;

6) Assim afastados, massacrados e execrados Lula, Dilma e o PT do cenário político, estarão aumentadas as chances de a direita (i.é. o grande capital internacional) voltar ao pleno poder no Brasil.


Não há criatividade nacional nesse maquiavélico plano. Na Itália, a Operação "Mãos Limpas", aqui declaradamente imitada pelo Juiz Moro, também foi direcionada somente "contra o governo central", com apoio da mídia e blindando outros políticos da oposição "que não vinham ao caso". Conseguiu varrer do governo partidos e políticos, abrindo caminho para a ascensão ao poder da ultradireita capitaneada pelo ex-play boy, corrupto multibilionário neoliberal, Silvio Berlusconi, que assim se tornou o campeão italiano em tempo de permanência como 1º Ministro. Ele foi muito acusado de ligações com a máfia calabresa (Ndrangheta). Em 8 de julho de 2015, um tribunal de Nápoles condenou Silvio Berlusconi a três anos de prisão por corrupção , mas o delito já estava convenientemente prescrito. 

Esse foi o produto italiano da Operação "Mani Pulite", que Moro adotou como Bíblia para montar a "Lava-Jato". Tudo indica que o Berlusconi brasileiro planejado pela Lava-Jato seja o também milionário neoliberal ex-play boy Aécio. 

Nova aplicação desse plano-padrão acima descrito em suas seis etapas foi desencadeada ontem, com o pretexto da suposta delação do senador Delcídio Amaral (por ele negada).

Hoje, sexta-feira 4, o Brasil amanheceu com gigantesco e ilegal show midiático/partidário/judicial. Lula foi sequestrado de sua casa por grande força policial/militar, com cerca de 300 homens fortemente armados, sob a desculpa de que era "condução coercitiva" para depor, desnecessária e ilegal, pois ele não fora intimado e nunca se recusou a atender intimações. 

Mais grave ainda, a revista "Época" (das Organizações Globo) às 2h da madrugada já sabia da operação policial/militar sigilosa, e a "TV Globo" já estava em frente à casa de Lula antes da operação, filmando desde às 6h da manhã. O Juiz Moro e seus midiáticos procuradores vivem repetindo que "ninguém está acima da lei, livre de investigação". Creio que há sérios motivos para investigá-los, inclusive por indícios de frequente entrega graciosa ou venda à imprensa de informações sigilosas. Também, se esse critério realmente passar a vigorar, acabou a blindagem aos tucanos na Lava-Jato.

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          Foto obtida no "Tijolaço"

Vejamos a seguir algumas postagens sobre a suposta delação premiada do ex-senador Delcídio]:

Leviandade premiada contra Delcídio

Por Paulo Moreira Leite, jornalista, escritor e diretor do portal "247" em Brasília

"Logo depois de tomar conhecimento da reportagem da revista 'IstoÉ' anunciando que Delcídio do Amaral fizera uma delação premiada que comprometia Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula Silva, enviei um pedido de entrevista a um dos principais assessores do senador. A resposta chegou pelo whatspp às 10h53, fazendo referências diretas à reportagem que seria o grande assunto do dia:

-- "Não estou em Brasília. Estamos preparando uma nota, obviamente, negando!"

Publicada em seguida como manchete do "Brasil 247", a informação de que o senador Delcídio do Amaral preparava um desmentido que mudaria a história do dia passou cinco horas e 49 minutos no portal, enfrentando, solitariamente, uma avalanche de notícias que tratavam a reportagem da "IstoÉ "como expressão de fatos verdadeiros. 

A Bolsa de Valores subiu. A oposição tentou engrossar o coro do impeachment. Recém-empossado como o Advogado Geral da União, o próprio José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça por cinco anos e três meses, deu declarações infelizes, nas quais dava crédito a reportagem da IstoÉ e colocava em questão a credibilidade de Delcídio.

A nota anunciada chegou, pelo mesmo whatsapp, cinco horas e 49 minutos depois de ter sido informada ao "247" pela assessoria de Delcídio. 

"À partida, nem o senador Delcídio nem a sua defesa confirmam o conteúdo da matéria da jornalista Debora Bergamasco" diz o pequeno texto, assinado pelo próprio Delcídio e pelo advogado Antonio Augusto Figueiredo Basto, o principal cérebro jurídico por trás das delações premiadas da Lava Jato, e que chegou a reunir-se com o senador logo após sua prisão, em novembro de 2015. "Não conhecemos a origem tampouco reconhecemos a autenticidade dos documentos que vão acostados ao texto," acrescenta a nota, para completar: "Esclarecemos que em momento algum, nem antes nem depois da matéria, fomos contatados pela referida jornalista para nos manifestar sobre a fidedignidade dos fatos relatados."

Apesar do tom prudente, evitando adjetivos categóricos, a nota tem o valor de afirmar pontos essenciais. 

O primeiro: aquele texto publicado pela IstoÉ pode ser o rascunho preliminar de uma oferta de delação premiada negociado por Delcídio do Amaral logo após sua prisão, quando audiências do senador com Figueiredo Basto chegaram aos jornais. Pessoas próximas que tiveram acesso ao senador, nos primeiros dias após a prisão, guardam a imagem de uma pessoa próxima do desespero, que sentia-se desamparada, vítima ideal de técnicas conhecidas de coerção psicológica.

Mas também pode ser uma versão unilateral, confeccionado por uma das partes -- réu, advogado, Ministério Público -- envolvida nas negociações, sem o aval indispensável dos demais.

Em qualquer hipótese, o ponto fundamental é o seguinte: não se trata de uma delação premiada nem merece ser tratada como tal. Isso porque esse tipo de documento expressa um acordo de valor jurídico preciso, que deve ser avalizado pelo principal interessado -- o delator -- e referendado pelo Ministério Público e pela Justiça. Nada disso ocorreu com o documento divulgado pela revista.

Pior. A repercussão desse texto de paternidade incerta e natureza indefinida só pode ser explicada por um traço de comportamento comum em boa parte dos veículos de comunicação envolvidos na cobertura Lava Jato -- a capacidade para publicar uma denúncia sem um esforço indispensável para separar os fatos comprovados das versões interesseiras. Na quinta-feira, o país passou uma longa jornada horas às voltas com um conto do vigário que pretendia vender gato por lebre, aquecendo a temperatura política a partir de um episódio que havia muita fumaça e pouco (quem sabe nenhum) fogo.

O triste resultado é que, no fim do dia, os telejornais e a maioria dos portais falavam de cara limpa, sem qualquer autocrítica ou retificação, nas "denúncias de Delcídio" ou na "delação premiada do senador". Bastaria ter aguardado por uma curta nota divulgada no fim da tarde para compreender que não se tratava nem de uma coisa nem de outra. Mesmo quem estivesse convencido de que tudo o que se podia ler na revista tinha como base a palavra do senador, sem qualquer alteração, edição ou montagem, tinha obrigação de conferir o que lhe era atribuído. Chamar o texto de "delação premiada" implicava em lhe dar uma credibilidade que não possuía nem merecia. Como esclareceu o PGR Rodrigo Janot, não era um documento jurídico, mas "uma reportagem."

A pressa está na origem de muitas reputações enterradas no cemitério do mau jornalismo do mundo inteiro. A fé cega em fontes que à primeira vista se mostram confiáveis explica vexames históricos, como a Escola Base, em São Paulo. Esse caso tem um agravante particular, explicável pela conjuntura política[partidária]: a vontade de alimentar de qualquer maneira a pressão contra Dilma e contra Lula. Este é o fator que explica o clima de circo incapaz de responder a uma singela nota de 14 linhas."

FONTE: escrito por Paulo Moreira Leite, jornalista, escritor e diretor do portal "247" em Brasília   (http://www.brasil247.com/pt/blog/paulomoreiraleite/219564/Leviandade-premiada-contra-Delc%C3%ADdio.htm). [Título e observação inicial entre colchetes acrescentados por este blog 'dmocracia&política'].

COMPLEMENTAÇÃO

AZENHA: A QUEM INTERESSA A FALSA DELAÇÃO DE DELCÍDIO?



"O jornalista Luiz Carlos Azenha, do 'Viomundo', afirma que "o vazamento da falsa delação premiada do senador petista Delcídio do Amaral é lance de House of Cards". Azenha pondera que "o que está em jogo é muito: a destituição e possível prisão da presidente da República e do ex-presidente Lula". Ele questiona quem teria divulgado o texto: "O próprio Delcídio para se manter no cargo; alguém ligado à Lava Jato ou à oposição para turbinar as manifestações de 13 de março ou até mesmo o próprio governo para desarmar armadilha de Delcídio"

Do "Brasil 247"

O jornalista Luiz Carlos Azenha, do Viomundo, afirma que "o vazamento da falsa delação premiada do senador petista Delcídio do Amaral é lance de House of Cards". Ele cita o que disse o procurador-geral Rodrigo Janot, que classificou de “ato jornalístico”, não jurídico. Azenha pondera que "o que está em jogo é muito: a destituição e possível prisão da presidente da República e do ex-presidente Lula".

O jornalista do Viomundo pondera as possibilidades que envolvem a divulgação da falsa delação:

"1. O próprio Delcídio pode ter vazado? Sim, emitindo um sinal de que se tiver o mandato salvo no Senado, pelo PMDB e PSDB, pode devolver o favor derrubando Dilma e prendendo Lula. Por outro lado, ele perde consideravelmente o poder de chantagem, já que qualquer mudança ou nova versão dada ao que foi publicado pela IstoÉ enfraquece a credibilidade do delator.

2. Alguém ligado à Lava Jato ou à oposição pode ter vazado? Sim, já que isso turbina as manifestações de 13 de março. Pode ser também uma forma de constranger o Supremo a homologar logo a delação do senador petista. Mas, como existe o risco de desgastar o papel de Delcídio como delator, fica a dúvida.

3. O próprio governo poderia ter se adiantado para desarmar armadilha de Delcídio? Possível. Seria uma forma de tirar dele o poder de chantagem e esvaziar o timing do juiz Moro e/ou da oposição. É razoavelmente conhecida a tática de furar o balão informativo alheio. O conteúdo de outro “vazamento” recente, que dava conta da quebra de sigilo de Lula e de toda a sua família, não se concretizou. Nada melhor que o vazamento de uma falsa delação premiada para desmoralizar futuros vazamentos, mas é óbvio que o conteúdo da IstoÉ enfraquece Dilma, Lula e o PT, já que ao longo do dia o conteúdo foi transformado em "verdade absoluta" pela mídia".

FONTE da complementação:
do portal "Brasil 247"  (http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/219576/Azenha-a-quem-interessa-a-falsa-dela%C3%A7%C3%A3o-de-Delc%C3%ADdio.htm)

Um comentário:

iurikorolev disse...

Entrevista com Samuel Pinheiro
https://www.youtube.com/watch?v=BWWFruhu1x4#t=150