sexta-feira, 24 de outubro de 2008

MÍDIA QUER PARECER "JUÍZA", MAS É "ATRIZ"

Li ontem no blog “Vi o Mundo”, do jornalista Luiz Carlos Azenha, a seguinte postagem:

“Eu hoje dei entrevista a duas estudantes de Jornalismo. Expliquei didaticamente minha opinião de que algumas empresas de mídia do Brasil -- Organizações Globo, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e Editora Abril -- estão engajadas em um projeto político e econômico que se reúne em torno do governador paulista, José Serra.

Expliquei que tudo o que estiver no caminho desse projeto foi, é e será atropelado: de Geraldo Alckmin a Paulo Maluf, de Ciro Gomes a Dilma Rousseff.

Demonstrei a elas que não existem "crises", nem "apagões", nem "caos" em São Paulo.

Só existem "crises", "apagões" e "caos" federais. O acidente da TAM, em Congonhas, fez parte do "caos aéreo", mas o confronto entre polícias não fez parte do "caos na segurança pública".

Falei também sobre a hipocrisia. Os filhos ou supostos filhos do Pelé, do Maluf, do Renan Calheiros e do presidente Lula fora do casamento são notícia; o filho de FHC com a jornalista da Globo não é; o nepotismo de qualquer político é notícia, mas o de Gilberto Kassab, que criou um cargo para o "amigo" na Prefeitura de São Paulo, não é.

Pedi às duas estudantes, de classe média alta, que passassem a ler os jornais, assistir TV e ouvir rádio com esse "filtro" que logo elas se dariam conta da omissão, manipulação e distorção de informações praticada pelos grupos acima citados.

Sempre achei que o governo Lula deveria fazer disso uma questão política. Não só ele, mas todos os prejudicados, de todos os partidos, já que a mídia que ataca o governo Lula pode ser aquela que atacará qualquer outro, de qualquer outro partido, amanhã.

E aí fui ler o Cidadania.com, do Eduardo Guimarães. Coincidentemente, ele escreveu sobre a campanha paulistana:

"Enquanto isso, o PT preferiu apelar para a principal arma da direita (difamação) em São Paulo, por exemplo, em vez de levantar um debate que esvaziaria o poder da mídia de se apresentar como juíza da partida, ou seja, dizer claramente à sociedade que a mídia é atriz no processo político. Que é jogadora, não juíza.

Se fizesse isso, o grupo de Lula anularia um importante ativo da direita. Bastaria ter usado o horário eleitoral em São Paulo para carimbar nas costas da mídia a pecha de partidária da direita no Brasil. Isso se espalharia como fogo, levantaria a militância.

Mas como fazer se Lula chega a ir prestigiar eventos da Veja? Como fazer se Marta Suplicy dá de bandeja a seus adversários a oportunidade de inverter os papéis de vítima e feitor do preconceito?

Lula continua acreditando que poderá ser aceito pela elite algum dia. E subestima o poder da mídia de fazer a crise internacional entrar mais no Brasil do que deveria, através daquele tipo de profecia auto-realizável na qual infunde-se desânimo e medo nos agentes econômicos, estes se paralisam e aos próprios negócios e, assim, vai se criando, artificialmente, uma situação recessiva que acaba por provocar quebradeira e desemprego...

Onde está o presidente Lula, que, até agora, não falou nem uma vez à nação, em cadeia nacional de rádio e tevê, sobre a crise no mundo rico? Por que ele deixa a mídia difundir esse pânico como quer?

Assim fica difícil, meus amigos. Não adianta eu exortar vocês para irmos às ruas protestar – e sem que se dê qualquer repercussão ao nosso esforço – enquanto o grupo de Lula contemporiza com a direita e dá à mídia o privilégio de poder se apresentar como juíza do processo político."

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