Li hoje no site “vermelho”:
POPULARIDADE DE LULA VERSUS A MÍDIA E A CRISE
“Em artigo publicado em seu blog, o sociólogo Emir Sader avalia os altos índices de popularidade do governo Lula e salienta que depois de tanto bater no governo, a mídia e a oposição só conseguiram convencer 5% dos brasileiros de que o governo Lula não é um bom governo. Mas Sader, ao mesmo tempo, alerta que a atual crise econômica exige do governo a adoção urgente de medidas avançadas se quiser manter a atual popularidade. Veja abaixo a íntegra do artigo, intitulado ''84% e 5%''.”
84% e 5%
“Não há quem não se surpreenda – quem está a favor e quem está contra - com os 84% de apoio a Lula e os apenas 5% de rejeição do governo. Um e outro dado surpreendem, ainda mais porque se dão no sétimo ano do governo, com uma grave recessão internacional de já quase 6 meses, cujos efeitos reais se fazem sentir fortemente no país – com acentuada retração da produção, escassez de crédito, perda de significativa quantidade de empregos e perspectivas de que a nova situação não tem horizonte ainda de superação.
Esses efeitos, multiplicados pelo pânico que a imprensa trata de incutir na população, poderiam levar à expectativa de que não se manteriam os altíssimos índices de aprovação de Lula e do governo.
No entanto, uma vez mais, esses índices sobem, como uma demonstração de que a população reconhece que a crise não surgiu no Brasil e que o governo tem agido corretamente para tratar de diminuir os seus graves efeitos entre nós. Com toda a imprensa contra, com a crise chegando ao país, Lula e o governo têm impressionantes índices de aceitação. E toda a mídia opositora, com suas várias dezenas de colunistas exercendo cotidianamente sua ferrenha oposição, mais os partidos de oposição e entidades empresariais, somam apenas 5% na rejeição ao governo Lula.
O que mais surpreende na pesquisa sobre a popularidade de Lula e do governo, não é tanto os 84% de apoio – embora seja recorde absoluto, cifra que nem recém eleitos obtiveram, em plena lua de mel -, mas a rejeição de apenas 5%. Significa que todo o sistemático, diário e violento trabalho de toda a grande mídia privada – incluindo Globo, Veja, Folha, Estadão, entre tantos outros órgãos regionais -, mais a oposição política – PSDB, DEM, PPS, entre outros -, que em parte coincide com a midia privada, mais Fiesp e outras entidades empresariais, etc., consegue apenas 5% de adesão a suas teses demonizadoras do governo Lula.
Baixíssima produtividade de Clovis Rossi, Eliane Catanhede, editoriais de Otavio Frias Filho, editoria de política da Folha, Miriam Porcão, Merval Pereira, Ali Kamel, Arnaldo Jabor, Dora Kramer, Lucia Hipólito, colunistas bushistas da Veja, Alexandre Garcia, etc. Todo o tempo de televisão e rádio, mais o espaço de jornais e revistas que usam conquista apenas 5% de apoio.
Quais as teses da oposição e porque só colam em si mesmas? As de que o governo cobra muito imposto, “incha” excessivamente ao Estado, anuncia obras que não faria, tem aliados internacionais não confiáveis, o que prejudicaria os interesses do Brasil, faz políticas sociais “assistencialistas”, despreza a mídia privada, que lhe daria azia, eleva excessivamente os salários dos servidores públicos, entre outros. Ou esses argumentos não tem respaldo nenhum na população ou, mais importante que tudo, a expansão da economia levou à melhoria das condições sociais da população e isso é o fundamental para ela. Ou ambas as coisas.
Porém essa avaliação coloca não apenas para a direita, mas também para a esquerda, a interrogação sobre a natureza do apoio a Lula e suas conseqüências. A legitimidade do governo Lula vem essencialmente da melhoria da situação social do país. Lula revelou uma grande capacidade de gerar consensos, que cruzam as classes sociais. O que faz com que as razões de apoio sejam diversificadas e que tenham vigência conforme a economia se expande e podem ganhar os de baixo e os de cima.
Isto coloca dilemas para o governo a partir deste momento, conforme a crise internacional leva necessariamente a baixar o ritmo de expansão da economia e as bases materiais da economia impõem opções. Fica impossível manter certo ritmo de expansão econômica com as taxas de juros atualmente existentes e a política brutalmente conservadora do Banco Central. Da mesma forma, a manutenção do superávit fiscal nos níveis atuais atenta contra a possibilidade de resistência contra as tendências recessivas que vem de fora, mas afetam centralmente a economia brasileira.
Já não será possível seguir remunerando o capital financeiro com estratosféricas taxas de juros e seguir redistribuindo renda com as políticas sociais. Por isso é um momento de definição do governo. Pode perder apoios em setores empresariais, mas aprofundará o apoio popular, mesmo em meio da crise.”
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
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